Não foi preciso se quer iniciar o pleito para que se desse o veredito final: Roberto de Andrade continuará como presidente do Corinthians. A conclusão do caso ocorreu na noite desta segunda-feira (20), após o Conselho Deliberativo do clube votar préviamente o mérito das acusações que poderiam derrubar o mandatário. E, com 183 votos a seu favor, Andrade evitou o afastamento de suas atividades.

O processo de destituição de Roberto de Andrade do cargo de presidente do clube do Parque São Jorge teve início no dia 22 de novembro, com a assinatura de 63 conselheiros. Os principais argumentos da oposição para que a ação tivesse continuidade foram a irregularidade na assinatura de atas de reuniões com a Odebrecht referentes à Arena anteriores a sua eleição, falta de transparência na gestão, e constantes envolvimentos em escândalos. Para a maior parte dos conselheiros, no entanto, o primeiro destes - usado como principal prova no processo - seria apenas um álibi para derrubar o então presidente.

Para conquistar votos suficientes para sua absolvição porém, durante encontro realizado horas antes da reunião que tinha como foco o seu processo de impeatchment, Andrade concordou em mudar a maneira de administrar o clube, descentralizando o poder e distribuindo cargos para seus aliados. O encontro foi solicitado por membros integrantes da chapa "Renovação e Transparência", que administra o Corinthians há dez anos e é encabeçada pelo influente deputado federal e ex-presidente do alvinegro, Andrés Sanches.

A manutenção de Roberto de Andrade no cargo passou pela aprovação do cartola, considerado um dos homens de maior influência no clube. O ex-presidente mobilizou o grupo de conselheiros que lidera para decidir pelo não-afastamento do presidente de seu cargo. Sanches ainda exerce forte influência sobre a atual gestão corinthiana, conseguindo assim aprovação para diversos projetos de seu interesse de maneira constante.

Apesar da vitória dos partidários de Andrade por maioria simples - ou seja, mais de metade dos votos dos presentes - a oposição prometeu contestar na Justiça a anulação do pleito. Críticos do presidente corinthiano pretendem utilizar supostas irregularidades no contrato do clube com a empresa Omni, responsável pela administração do estacionamento da Arena, para embasar um novo pedido de abertura do processo de impeatchment.

Além disso, o fato de contas da atual gestão alvinegra já terem sido rejeitadas pelo conselho deliberativo três vezes, aliado a mais uma votação marcada para daqui dois meses, pode ser fator decisivo para que o processo para o afastamento de Andrade tenha início mais uma vez em breve.