Outro capítulo da conturbada novela sobre a construção da Arena Corinthians surge com as investigações da "Operação Lava-Jato". Em declaração em sua delação premiada, o ex-presidente da empreiteira Odebrecht, Marcelo Odebrecht, confirmou que a Arena Corinthians seria construída em um modelo, mas que abertura da Copa do Mundo 2014 tratou de encarecer o estádio, suspeito de ter superfaturamento e de propinas à políticos e outras pessoas.

Em vídeo divulgado pela Polícia Federal, Marcelo Odebrecht confirma que a casa corinthiana foi um pedido do ex-presidente Lula ao seu pai, Emílio Odebrecht. Inicialmente planejada em 400 milhões de reais, pago pelo clube com bilheterias e esforços próprios, ficou orçada em quase 1 bilhão de reais, mas pode ainda ficar mais cara com os juros dos empréstimos bancários.

Segundo o ex-presidente da empreiteira, tudo começou num jantar informal, tendo presentes Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, Gilberto Kassab, então prefeito de São Paulo, representantes do Governo Federal, do Corinthians e até mesmo Ronaldo Fenômeno. Marcelo ainda diz que "essa foi a zona da Arena Corinthians". Ainda em sua fala, ele afirma que ninguém cumpriu com suas obrigações iniciais e tudo sobrou para a construtura.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

O plano inicial

"Neste jantar se acertou de boca, informalmente, o que levaria ao modelo final e os compromissos que cada um assumiria. O Kassab tirou da cartola a questão das CIDs".

Preocupação para adaptar em apenas um evento

"Estádio de abertura de Copa do Mundo é um absurdo. Você faz o estádio para um dia. É o evento da abertura, que tem 70 chefes de estado, e depois você tem de desmontar um bocado de coisa. Nenhum outro evento vai justificar aquele estádio".

Mudança no orçamento gigantesco

"Então o estádio para a abertura da Copa do Mundo, que foi dimensionado para o Corinthians àquela época, era um estádio de mais ou menos R$ 800 milhões, R$ 900 milhões. Você sai de um estádio de R$ 400 milhões, que era o que o Corinthians queria, para um de R$ 800 milhões, R$ 900 milhões, por causa das exigências da abertura da Copa do Mundo".

Falta de compromissos dos envolvidos

"Ou seja: é um processo complicado. O país não deve funcionar assim. É um compromisso que já existia, interferência com instituição financeira, você trata as coisas com informalidade, promete as coisas e depois a instituição não fecha, depois vem uma orientação de cima para você resolver uma coisa que deveria ter sido resolvida da forma correta".