Com a vitória pra cima do Fluminense nesta quarta-feira (15), o Corinthians se consagrou heptacampeão do Campeonato Brasileiro, tornando-se a equipe com maior número de títulos do Nacional desde que a competição teve inicio em 1971. Mas quem analisa a equipe somente pelos excelentes resultados dentro de campo, não imagina que no inicio da temporada o prognóstico do Timão era completamente negativo.

Nas mesas redondas e debates esportivos pelo Brasil, todos colocavam o Corinthians como a 'quarta-força de São Paulo em comparação aos rivais Palmeiras, São Paulo e Santos. No começo de 2017, o Palestra que era o atual campeão Brasileiro contava com elenco forte e havia investido mais de R$ 100 milhões para buscar o título da Libertadores.

O Santos - vice campeão Brasileiro - vinha com a base do ano anterior intacta e reforços como Bruno Henrique - um dos destaques da atual temporada. Já o São Paulo tinha a frente do elenco Rogério Ceni, uma aposta da diretoria do clube para retornar aos tempos vitoriosos, além de contratações de jogadores de peso como Lucas Pratto e Jucilei.

O Corinthians amargurava um péssimo 2016 e aguardava um 2017 não muito diferente. No banco de reservas, um novato, Fábio Carille efetivado de auxiliar assumiu o comando da equipe. Com dificuldades financeiras, o Timão foi modesto nas contratações e teve Jadson como o principal nome para a temporada. O time do Parque São Jorge ainda flertou com o costa-marfinense Didier Drogba, mas acabou desistindo da contratação. Com tudo isso no "pacote Corinthians 2017", o rótulo de 'quarta-força'. 

No Paulistão um time extremamente defensivo e que pouco levava perigo aos adversários, mas de ponto em ponto, jogo a jogo - lema da equipe no ano - foi conquistando confiança e visibilidade. Sem derrotas em clássicos no Paulistão, o Corinthians avançou até a final e foi campeão em cima da Ponte Preta - vitória por 3 a 0 na ida em Campinas e empate por 1 a 1 em Itaquera - garantiram a 28º taça do Paulista pro Timão.

"Por tudo o que aconteceu no ano passado, o Palmeiras com o time campeão brasileiro e buscando reforços, o Santos com o time montado, o São Paulo contratando bem... Era normal que essa questão da quarta força seria direcionada para nós por tudo o que aconteceu. Mas sempre falei, desde o dia 22 de dezembro (2016), que ia ser uma equipe organizada, a começar pela parte defensiva e pela organização e entrega", disse Fábio Carille, após a conquista do Paulistão.

Apesar do título estadual, o Corinthians continuava como a quarta-força e agora carregava o estereótipo de: "Campeonato Estadual não é paramêtro". Além do Nacional o Timão disputaria Sulamericana e Copa do Brasil - ficando pelo meio do caminho nas duas competições. O Brasileirão começou com dificuldades e um empate contra a modesta e em reconstrução, Chapecoense, em Itaquera. Na quinta rodada e uma sequencia de vitórias colocaram o Timão na liderança do Brasileirão, posição que o time não abriria mão até o fim do campeonato. O primeiro turno do Alvinegro Paulista foi arrasador: 19 jogos e nenhuma derrota. Os rótulos e questionamento já não eram mais válidos e o "termino do Brasileirão" ainda no primeiro turno era comentado pela mídia. 

Os grandes rivais do Timão no Brasileiro Grêmio, Palmeiras, Santos e Flamengo ficaram para atrás na arrancada histórica do time paulista. Ao fim do primeiro turno 8 pontos separavam o Corinthians para o então vice-líder, Grêmio. Com tantas rodadas para ainda serem disputadas até profecias foram feitas para desestabilizar o Corinthians. 

"Não tem uma equipe que comece tão bem o campeonato e termine bem. Dez pontos são três jogos. O Corinthians vai despencar na tabela, anote o que estou falando pra vocês. E o segundo turno será um campeonato totalmente diferente. O Grêmio tem muitas chances de ganhar o Campeonato Brasileiro. O Corinthians tem essa vantagem, mas ainda faltam muitos jogos e não tem nada decidido", disse Renato Gaúcho técnico do Grêmio.

O Corinthians encerrou o primeiro turno com assustadores 83% de aproveitamento - o maior da história dos pontos corridos disputado nesse formato a partir de 2003. Já o returno do Brasileirão ficou claro que o desempenho Alvinegro foi surreal e fora da curva - admitido pelo próprio técnico do Timão. Queda brusca no desempenho individual e coletivo derrubou o aproveitamento para menos de 50%. Em 12 jogos, o time alvinegro contabilizou seis derrotas, três empates e míseras três vitórias. Considerando apenas as campanhas do segundo turno, o Corinthians seria o 17º colocado.

Apesar da má fase, críticas aos jogadores e comissão e protestos da torcida o Timão não deixou a liderança. E contou com a famosa "sorte de campeão", pois apesar dos tropeços nenhum dos rivais diretos conseguiu aproveita-las. Justamente contra o maior rival, Palmeiras, o Corinthians deu a guinada fatal para a conquista do sétimo Campeonato Brasileiro. A vitória por 3 a 2 em Itaquera reanimou a equipe e acabou com a chances do rival - que naquela altura, com uma vitória, poderia diminuir a vantagem para apenas dois pontos. 

O rótulo de quarta-força, no fim das contas, foi benéfico ao Corinthians, retirou um peso excessivo de suas costas e jogou a pressão para os adversários. Trabalhando sem holofotes o Timão galgou seu lugar no topo mais alto do Brasil. Melhor defesa, melhor ataque, melhor visitante, melhor mandante, maior média de público, maior saldo de gols, melhor primeiro turno da história. Essa foi a "quarta-primeira força" de São Paulo e do Brasil em 2017. Corinthians merecidamente conquista o sétimo título nacional.