Todo time grande no mundo tem um grande rival. E é usando essa rivalidade que a história é escrita e os times engrandecem e valorizam história e conquistas. Pois o hepta do Corinthians teve toques verdes de seu rival Palmeiras.

Consagrado como um dos maiores clássicos do mundo, o Dérby teve um gosto diferente pela comemoração de 100 anos de seu início. E os dois times podem falar, pelo próximo centenário, que esses três jogos em 2017 mudaram definitivamente o rumo de cada equipe na temporada.

Foram três jogos no ano. Um no Paulistão e dois pelo Brasileiro. O caro, badalado e favorito aos títulos Palmeiras enfrentava um dos Corinthians mais fragilizados dos últimos tempos, com problemas financeiros, debandada de jogadores, poucos reforços e sem jogadores de peso.

Dentro de campo, no 11 contra 11, a história foi diferente e o dérby se igualou. O Timão se superou como em muitas vezes na sua história para fechar o ano especial do confronto com três vitórias e mudanças no patamar dentro do ano. Desde confiança ao embalo na busca pelo título, enquanto o rival verde não se encontrou por nenhuma vez e viu a crise ser implementada várias vezes.

A vitória da quarta força

Era apenas o começo do ano. Paulistão, sem grande brilho, mas Corinthians e Palmeiras se encontravam pelo primeiro Dérby centenário. Seria o último jogo antes dos 100 anos completos e os times entravam em campo com patamares diferentes.

O Timão era enorme incógnita. Sem grandes reforços, sem grife, com enorme desconfiança e comandado por Fabio Carille, treinador efetivado após várias negociações frustradas.

O Palestra era o oposto. Atual campeão brasileiro, manteve a base e ainda contratou grifes do quilate de Felipe Melo, Borja e Guerra. A equipe começa vencendo com um futebol ainda burocrático, mas com a esperança de que logo deslancharia.

A Arena Corinthians foi o palco do primeiro encontro. Muita expectativa, enorme rivalidade e o jogo respondia com intensidade e muita pegada. Bolas nas traves dos dois lados, mas com o Corinthians levemente superior na base da raça. O time que entrou em campo foi bem diferente daquele que foi base no Brasileirão, mas a entrega foi a mesma, principalmente após a absurda expulsão de Gabriel. O juiz marcou falta em contra-ataque palmeirense, deu o segundo amarelo a Gabriel após enorme pressão verde e prejudicou o alvinegro.

O lance revoltou corinthianos, que passaram a jogar desde o fim do primeiro tempo com um a menos. O que seria difícil se tornava quase impossível. No entanto, a equipe mostrou enorme entrega tática, solidez defensiva e aguentava a pressão alviverde. O empate era vitória, mas Jô entrou nos minutos finais e, no seu primeiro toque na bola, mandou por baixo das pernas de Fernando Prass, fazendo Itaquera tremer de emoção e alegria.

Aranas Parque

O segundo encontro no ano foi mais uma decisão. Pelo primeiro turno do Brasileirão, o Palmeiras encheu sua arena para receber o líder e invicto Corinthians. O Timão não perdia um jogo há 26 jogos, enquanto o verde não perdia em casa há 28 jogos. Pressão dos dois lados, mas o alvinegro entrava na defensiva.

Quando a bola rolou, o Palestra encurralou, partiu pra cima empurrado pela sua torcida, mas parava na ótima marcação corinthiana. A equipe sofria de criatividade e ainda no primeiro tempo viu o garoto Guilherme Arana receber pela esquerda, entrar na área e ser calçado. Pênalti, que Jadson bateu e abriu o placar, calando o estádio.

Na segunda etapa, o questionado Cuca colocou seu time ainda mais no ataque, mas o Timão não mudava sua postura. Com uma força defensiva absurda e inteligente dentro de campo, matou num contra-ataque mortal, novamente com Arana aparecendo no ataque, dessa vez finalizando cruzado de forma mortal. 2 a 0, festa do líder, instaurando a crise novamente no arquirrival.

O carimbo do hepta

Se o Corinthians fez um primeiro turno mágico, invicto, a segunda metade era digna de rebaixamento. A queda de rendimento fez o Palmeiras se aproximar a ponto de mirar o título e uma vitória na 33ª rodada contra seu maior rival, em Itaquera, faria mais do que a vantagem cair para três pontos, mas colocaria ainda mais a crise no lado alvinegro.

Durante a semana, a expectativa era enorme. O Palestra se esquivava sob o rótulo de "foco no G4", enquanto o Timão se prendia na vantagem de seis pontos. No sábado, último treino corinthiano em sua arena e a Fiel colocou 32 mil pessoas, dando o apoio e mostrando que aquele último Dérby de 2017 valeria por quase 100 anos.

E no domingo o Brasil parou para o encontro dos maiores rivais. A Arena Corinthians recebia seu maior público (quase 47 mil pessoas) e fazia uma enorme pressão. O líder se impôs e jogou como não se via há tempos. Marcando forte, na pressão, intensidade de sempre, o Corinthians marcou dois gols de forma fulminante e parecia até perto de golear.

Só que do outro lado havia seu maior rival e o Palestra descontou, demonstrando que aquele jogo estaria longe de acabar. E quando todos imaginavam um Palmeiras ofensivo, Jô sofreu e marcou de pênalti, quebrando o ritmo alviverde.

Nem a pressão e o gol palestrino na segunda etapa tirou a festa corinthiana, que já iniciava ali a festa da sétima conquista. A taça terá o gosto especial da freguesia palmeirense no Derby Centenário.

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Sobre o autor
Diego Luz
De video game à política. Lendo tudo,ouvindo bastante e vivendo com base naquilo que acho certo. Muito prazer.