Mais uma vez, o Coritiba mostrou que não aprendeu a lição quando o assunto é Campeonato Brasileiro. Vindo de uma sequência tenebrosa, em competições nacionais principalmente, o Coxa-Branca passou 2016 lutando para não cair, e essa tem sido uma rotina que perdura desde 2012, apenas uma temporada após seu retorno à elite do futebol.

O Verdão do Paraná passou cinco dos últimos 11 anos na segunda divisão do Brasileirão, chegou a faturar dois títulos da série B e mais quatro estaduais, mas no que diz respeito as demais competições, se apresenta constantemente de maneira débil: uma equipe muitas vezes frágil, somada a uma gestão que insiste em cometer os mesmos erros temporada após temporada.

Diante de um histórico tão desanimador e da omissão da diretoria do clube em relação a este, a perspectiva de um ano de 2017 melhor parece estar cada vez mais distante do torcedor coritibano, que há muito já não se recorda do sabor que tem os grandes triunfos que ajudaram a escrever sua história.

Melhor momento da temporada

Ao longo de mais um ano desastroso para o clube, o melhor momento vivido pelo Coritiba nos últimos meses foi o surpreendente desempenho da equipe - dentro de suas devidas proporções - ao longo da Copa Sul-Americana, mesmo com a eliminação prematura ainda nas quartas-de-final.

Em cinco participações na Copa, essa foi a melhor campanha construída pelo alviverde em toda a sua história.

E mesmo a queda pôde ser encarada de cabeça erguida, pois, diante do Atlético Nacional, atual campeão da Libertadores, o Coxa se mostrou valente acima de tudo e dono de uma torcida apaixonada, que soube reconhecer a entrega dentro de campo.

A partida mais simbólica da competição, porém, foi a classificação diante da equipe argentina do Belgrano, nas oitavas-de-final. Após ser derrotado no Couto Pereira no jogo de ida por 2 a 1, o Verdão correu atrás do resultado fora de casa e, nos pênaltis, viu Wilson defender duas cobranças adversárias, levando o Coritiba a fase seguinte da competição.

Pior momento da temporada

Da mesma forma que é simples apontar o momento de maior destaque do Coxa no ano, eleger apenas um como o pior é uma tarefa complicada. Talvez, o Brasileirão como um todo seja a melhor definição possível para essa categoria; especialmente a sua reta final.

É fato que, ao longo de toda a competição, o Coritiba foi inconstante, e esse fora o seu maior pecado. Os números tão próximos de empates, vitórias e derrotas, são a prova matemática da apatia que o alviverde viveu em relação ao Campeonato Brasileiro, algo incomum para um clube de sua importância.

O reflexo desse desânimo fica claro na 15ª colocação em que a equipe paranaense encerrou sua participação, que se confirmou após a derrota por 2 a 0 para a Ponte Preta na última rodada. À dois pontos do rebaixamento e à apenas um da zona de classificação para a Copa Sul-Americana, o Coxa foi do nada ao nada, encerrando seu ano da mesma forma que começou.

A grande mudança de 2016 para 2017

Aqui mora o problema que vem atormentando o torcedor coritibano nos últimos anos: a inércia da diretoria coxa-branca em relação a mudanças e contratações de jogadores de alta qualidade técnica, sempre justificada pela necessidade de "colocar as contas em dia", segundo Rogério Bacellar.

Mesmo que o ano já tenha se encerrado há algum tempo para o Verdão, a gestão do clube mal da satisfações à torcida em relação ao assunto, oferecendo de concreto apenas as renovações de Kleber e Carpegiani para a próxima temporada, como se a manutenção de um elenco que beira o mediano fosse suficiente para um clube que todos os anos tem passado apuros para escapar do descenso.

Quem foi destaque

O Coritiba teve certo destaque no que diz respeito a revelação de novos talentos.

Com apenas 21 anos, o meia Raphael Veiga foi um dos grandes destaques do Coritiba ao longo dessa conturbada temporada. Desde 2013 nas categorias de base do clube, apenas esse ano o jovem, natural de São Paulo, fez sua estreia como jogador profissional.

Talentoso, o camisa 20 fez poucas, mas importantes e chamativas atuações pelo alviverde ao longo do ano, e não a toa foi vendido ao atual campeão brasileiro, Palmeiras, antes mesmo do fim da competição, além de ser sondado por outros gigantes do país.

Mas ele não foi o único a chamar a atenção dentro de campo. O lateral Dodô, de 18 anos, também chegou a equipe profissional apenas no início de 2016, e tem sido uma grande surpresa para a equipe do Couto Pereira.

As características ofensivas que apresenta o levaram a fazer grandes partidas, apesar de não ter ganho a titularidade. Tem certa deficiência no que diz respeito à marcação, mas seu bom rendimento o levou a ser convocado para a Seleção Brasileira Sub-20, que disputará o Sul-Americano no início do próximo ano.

Quem decepcionou

A decepção do ano ficou por conta do paraguaio Jorge Ortega. Sua contratação, no início do ano, foi cercada de grandes expectativas, especialmente por suas atuações na própria Copa Sul-Americana, quando ainda jogava pelo Sportivo Luqueño.

Quando chegou á Curitiba porém, transpareceu puro desinteresse por seu novo clube. Passando a maior parte da temporada fora de forma, o atacante não conseguiu se adaptar ao estilo de jogo brasileiro, e entrou pouquíssimas vezes em campo. Dos cinco estrangeiros que chegaram ao clube no início do ano, Ortega deve ser o único dispensado em 2017.

Os treinadores

O Coxa inciou o ano sob o comando do técnico Gilson Kleina, com quem chegou à segunda colocação no Campeonato Paranaense deste ano. Mesmo com a campanha fraca ao longo da Primeira liga, o treinador foi mantido para o segundo semestre, sendo demitido após uma derrota por 4 a 3 para a Chapecoense, na quinta rodada do Brasileirão.

De imediato, Kleina foi substituído pelo interino Pachequinho, que teve a missão de tirar o Coritiba do Z-4, mas não mostrou grande interesse pela efetivação. Assim, no início de agosto, o clube anunciou a contratação de Paulo César Carpegiani, que conseguiu levar a equipe à sua melhor campanha na Copa Sul-Americana e livrá-la do rebaixamento na última rodada.

O que esperar para 2017

As expectativas para o próximo ano não são das melhores para a torcida alviverde. De uma temporada para a outra, tornou-se um habito da diretoria coritibana contratar em quantidade, mas com uma preocupação um pouco menor no que diz respeito à qualidade.

A prioridade, no momento, é manter aqueles atletas que podem ser peças importantes para 2017, como o lateral Dodô e boa parte dos jogadores estrangeiros trazidos ao longo do ano, vistos como boa opção devido a seu custo beneficio. Contudo, falta à diretoria Coxa-Branca visão de investimento.

Na tentativa de contratar mais por menos, a gestão alviverde tem vacilado, "reforçando" o time apenas no papel, já que na prática, os resultados mostram a manutenção da mediocridade: elencos que não conquistam resultados para chegar a competições mais importantes e, ao mesmo tempo, se arriscam a cair de forma constante.