Aquela velha frase de que clássico no futebol começa uma semana antes e termina uma semana depois nunca foi tão útil para esta decisão do Campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Atlético. Acima das notícias envolvendo as equipes, os bastidores da finalíssima vêm ganhando os noticiários e a redes sociais. Vamos relembrar os fatos:

Polícia Militar não permite duas torcidas no Estádio Independência

Na segunda-feira (24), a Polícia Militar de Minas Gerais vetou a presença de duas torcidas na Arena Independência caso a segunda partida, que tem o mando de campo do Atlético venha ser realizada no Horto, conforme o coronel Schubert Siqueira Campos declarou.

"Tratando-se de final, estamos liberando o Independência apenas com torcida única. O estádio está em obras, há no local material diferente do que existia lá em outras ocasiões. Preocupados com o bem-estar do torcedor, tomamos essa decisão. Nossa preocupação é com o torcedor".

O coronel ainda revelou que mesmo com o pedido da Federação Mineira de Futebol para abrir uma exceção e receber a torcida do Cruzeiro no Independência, o Polícia não fará nenhuma concessão.

"Não há nenhuma hipótese de a Federação Mineira passar por cima da nossa decisão. Neste momento, a Polícia Militar não abre mão da decisão de só aceitar o Independência, numa final, com torcida única".

Diretor do Cruzeiro troca farpas com presidente da FMF

Após a reunião na Federação Mineira de Futebol, que definiu que a partida entre Cruzeiro e Atlético será no Mineirão e com 10% da carga de ingressos destinada a torcida atleticana, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro Bruno Vicintin demonstrou seu descontentamento com o fato de a torcida cruzeirense estar impedida de ver o jogo no Independência.

"O Cruzeiro mostra preocupação com os fatos acontecidos ontem na reunião, onde, ao que parece, existiu direcionamento para caso o segundo jogo seja no Independência a torcida do Cruzeiro seja proibida de ir ao jogo. O Cruzeiro vê isso com muita preocupação. Estamos tentando ver com o Fabiano [de Oliveira Costa], nosso diretor jurídico, para marcar audiência com Ministério Público. Nosso rival tem o total direito de mandar o jogo onde eles quiserem, mas a torcida do Cruzeiro tem total direito de assistir à final do campeonato no estádio. O campeonato tem mais de 100 anos e a gente acredita que proibir nossa torcida de assistir ao jogo é o cúmulo do absurdo", explicou.

Na reunião ocorrida na Federação Mineira de Futebol para definir os detalhes da decisão estadual, o representante celeste Klauss Câmara sugeriu que as duas partidas da final acontecessem no Mineirão, e com torcida dividida. O pedido foi prontamente recusado pelo Atlético, representado pelo advogado Dr. Lásaro Cunha. Ainda na entrevista coletiva, Vicintin criticou duramente a FMF, citando os nomes do presidente Castellar Modesto Guimarães Neto, o secretário-geral Adriano Aro e o diretor de competições Paulo Bracks

"Entre eu e o senhor Castellar não existe diálogo. Não vou falar antes de partida de final. Só posso falar que hoje não existe diálogo com ele. Ele deveria respeitar muito mais a instituição Cruzeiro. Infelizmente nem ele, nem o senhor Paulo Bracks e nem o senhor Adriano Aro respeitam. Também quero lembrar ao senhor Adriano Aro que o irmão dele, Marcelo Aro, é deputado, e a torcida do Cruzeiro tem que saber o que está sendo feito pela Federação Mineira contra a nossa instituição. Não existe hoje diálogo entre a Federação e o Cruzeiro, infelizmente. Talvez, na história, o Cruzeiro nunca teve um relacionamento tão ruim quanto agora", ressaltou.

Castellar responde a Vicintin, e Cruzeiro divulga nota de repúdio

Após a coletiva do vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Bruno Vicintin, o presidente da Federação Mineira de Futebol Castellar Guimarães Neto deu declarações à Rádio Itatiaia

Foto: Pedro Vilela/Mineirão

"Reitero a informação de sempre no sentido de que a Federação e o Cruzeiro há um amplo diálogo, há muito respeito de ambas as partes. Eu sempre tive excelentes contatos com o presidente Gilvan. É óbvio que não é em todos os momentos que a Federação pode, até por algumas amarras regulamentares atender aos pedidos do Cruzeiro. Agora, de fato, entre mim e o Bruno, não há um pleno diálogo até porque para que isso aconteça o Bruno tem que conseguir galgar alguns espaços e, dentre eles, mudar o estatuto para ter a autonomia de falar em nome do clube no futuro".

Em nota, o Cruzeiro respondeu ao presidente da Federação Mineira de Futebol, Castellar Guimarães Neto, sentindo-se ofendido com as declarações do mandatário.

"A diretoria do Cruzeiro Esporte Clube se sentiu ofendida com as declarações de cunho pessoal, desrespeitosas e agressivas proferidas pelo senhor Castellar Neto, presidente da Federação Mineira de Futebol, dadas a uma emissora de rádio de Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira.

Ao insultar o nosso Vice-Presidente de futebol, senhor Bruno Vicintin, alegando que o dirigente não possui autoridade para falar em nome do Cruzeiro, mais uma vez o presidente da Federação Mineira de Futebol deixa falar mais alto seu lado torcedor, longe de qualquer postura que represente a figura que deveria ser a máxima do futebol mineiro.

Aliás, a conduta do senhor Castellar Neto não é surpresa, afinal, o mesmo se trata de um cidadão que tem uma preferência clubística indisfarçável, tendo inclusive, em um passado recente, se fantasiado de mascote do nosso maior rival, e ainda usado à camisa de uma equipe argentina para comemorar um título de Copa Libertadores.

A diretoria do Cruzeiro Esporte Clube exige respeito de todos os integrantes da Federação Mineira de Futebol e espera que nessa final de campeonato, com total imparcialidade e isenção, sejam disputados dois jogos em igualdade de condições, dentro e fora de campo, sem nenhum favorecimento a qualquer um dos times, diferente do que aconteceu nos dois últimos campeonatos, quando o Cruzeiro foi impedido de chegar às decisões com erros escandalosos da arbitragem
", publicou.

Presidente atleticano confirma segunda partida para o Independência

Após a partida entre Atlético-MG e Libertad, do Paraguai, pela Copa Libertadores da América, o presidente do clube alvinegro, Daniel Nepomuceno, confirmou que a partida decisiva do Campeonato Mineiro será no Independência, dia 7 de maio. 

E o que vem pela frente?

Nesta quinta-feira (27), a direção do Cruzeiro irá procurar o Ministério Público para se reunir com o comando geral da Polícia Militar, Ministério Público Estadual e o governo de Minas para questionar e reverter a ausência de torcedores cruzeirenses na final do Campeonato Mineiro.

"O Cruzeiro mostra preocupação com os fatos acontecidos na reunião na Federação Mineira, onde, ao que parece, existiu direcionamento para a torcida do Cruzeiro seja proibida de ir ao jogo. O Cruzeiro vê isso com muita preocupação", declarou Bruno Vicintin.