Por dois anos seguidos, o Cruzeiro viu seu nome sendo elevado ao topo do futebol nacional. As temporadas 2013 e 2014 renderam ao clube o Bicampeonato Brasileiro e um time que entrou para a história da Raposa. Mas as temporadas que sucederam as glórias celestes foram instáveis, em que até mesmo a Série B foi uma ameaça real.

Neste ano, o time mineiro começou dando boas expectativas ao seu torcedor, por fatores como manutenção do comando técnico e do grupo de jogadores, contratações pontuais e uma temporada até então consistente. Mas em um intervalo de três dias, dois jogos pesaram na conta do time mineiro. 

A Raposa perdeu o título do Campeonato Estadual para o Atlético-MG no domingo (7), fora de casa, e caiu na primeira fase da Copa Sul-Americana no dia 10, após ser derrotada pelo Nacional-PAR nos pênaltis.

A estreia do Cruzeiro no campeonato nacional já tem adversário, data e horário definidos: no dia 14 de maio, às 16h, em jogo que acontece no Mineirão, a Raposa recebe o São Paulo. Mas antes da principal competição do país começar, confira o guia que a VAVEL Brasil preparou sobre o Cruzeiro, dias antes do time mineiro estrear no Brasileirão.

Escalação do Cruzeiro

O time que deve começar o Brasileirão pela Raposa, levando em conta algumas baixas da equipe, é o seguinte: Rafael; Mayke, Caicedo, Leo e Diogo Barbosa; Henrique, Hudson, Rafinha, Arrascaeta e Thiago Neves; Ramon Ábila.

No entanto, no decorrer do torneio, há grandes chances de Robinho e Ezequiel, respectivos meia e lateral-direito, retomarem suas titularidades, uma vez que estão se recuperando. Rafael Sobis é o mais novo desfalque do time mineiro, e por isso Ábila é quem começa entre os 11 da Raposa no campeonato.

Foto: Hugo Alves/Cruzeiro 

Considerando o quão extenso é o Brasileirão, cabe aqui um raio X do grupo cruzeirense, a começar pelos goleiros:

A "briga" pela meta celeste é muito boa. Com a lesão de Fábio, um dos ícones da história do Cruzeiro, Rafael assumiu o gol da equipe e não saiu mais - mesmo com a recuperação do titular da Raposa. Além das duas peças, os jovens Lucas França e Lucão compõem o quadro de goleiros do grupo.

A lateral esquerda tem um nome que assumiu de vez a posição e tem feito partidas muito boas: Diogo Barbosa, titular absoluto. Além dele, as opções para Mano são Bryan e Fabrício.

Já a lateral direita da equipe está com Mayke atuando entre os titulares, mas é bem provável que Ezequiel retorne à posição quando se recuperar - não tem jogado por um desgaste muscular . Lennon é o outro jogador da lateral direita do grupo celeste.

A zaga do time mineiro, que perdeu Bruno Rodrigo no fim do ano passado, ganhou o equatoriano Luis Caicedo. O defensor deve começar o Brasileirão como titular, mas o dono da posição mesmo é Manoel, que está lesionado e volta até o fim de junho. O outro titular é Leo, que defende o Cruzeiro desde 2010. Uma opção é Dedé, que retornou aos gramados em março de 2017 após mais de um ano tratando de lesão. Murilo Cerqueira fecha os zagueiros do clube.

O esquema tático de Mano Menezes joga com dois volantes. O titular absoluto é Henrique, que se lesionou este ano e foi substituído por Hudson. Quando retornou, foi a vez do outro titular, Ariel Cabral, sofrer uma contusão, mas Hudson não deixou a equipe titular porque passou a substituir o argentino. Com boas atuações, o volante pode dificultar a volta de Ariel entre os 11 de Mano, que tem ainda Lucas Romero e Lucas Silva como opções.

À frente, o meio-campo do Cruzeiro tem nove peças para três vagas no time. Os escolhidos de Mano têm sido Thiago Neves, Arrascaeta e Rafinha, esse último em substituição a Robinho, titular da equipe. Como entrou muito bem, sendo, por exemplo, um dos destaques do time celeste no primeiro jogo da final do Mineiro contra o rival Atlético-MG, Rafinha pode dificultar ainda mais a escolha de Mano, que ainda tem Alisson, Marcos Vinicius, Alex e Nonoca - Élber se machucou.

O ataque celeste se concentra muito em dois jogadores. Rafael Sobis é o titular da Raposa, enquanto Ramon Ábila é seu substituto - ou até mesmo companheiro dentro das quatro linhas em algumas demandas específicas. Mas nesta sexta-feira (12), Sobis teve uma lesão detectada, e o argentino tem em mãos a chance de iniciar o Brasileirão. Judivan (lesionado) e Raniel são os outros atacantes do plantel celeste. Na tarde desta 

Destaque: Arrascaeta

A chegada do meia Thiago Neves ao Cruzeiro, no início do ano, trouxe uma nova peça para a armação do clube. Mas se engana quem pensa que o plantel celeste não tinha opção de qualidade para o setor. Vestindo a camisa azul e branca desde 2015, Arrascaeta é um dos destaques do grupo cruzeirense e o quarto maior artilheiro estrangeiro da Raposa, com 30 gols em 116 gols (contagem feita até o dia 30 de abril).

Como o contrato de Arrascaeta com o time mineiro vai até dezembro de 2019, o meia terá bastante tempo para subir posições na lista dos goleadores do Cruzeiro de outras nacionalidades. Acima do uruguaio, estão Marcelo Moreno (atacante boliviano: 45 gols em 93 jogos), Fernando Carazo (atacante espanhol: 44 gols em 113 jogos) e Walter Montillo (meia argentino: 36 gols em 122 jogos).

Arrascaeta é ágil, habilidoso, tem apreço por dribles e demanda cautela da marcação adversária. Aos 22 anos, pode ser uma peça importante em 2017 para a Raposa, primeiro clube que defende fora de seu país.

Com cerca de mais dois anos e meio de contrato com o Cruzeiro, Arrascaeta está a 16 gols de se tornar o maior artilheiro estrangeiro da Raposa (Foto: Washington Alves/Cruzeiro)

Fique de olho: Diogo Barbosa

Contratado no fim do ano passado junto ao Botafogo, o lateral-esquerdo Diogo Barbosa tem sido um dos destaques do Cruzeiro. Antes de se mudar para terras mineiras, o jogador estava em uma crescente com a camisa do time carioca, e essa ascensão em sua carreira tem se completado na Raposa, onde já se firmou entre os titulares.

Habilidoso e leve em campo, Diogo avança muito bem pelo lado que defende e adentra em meio aos zagueiros, movimentando boas triangulações com meias e atacantes celestes. O jogador tem ainda boa recomposição e dificilmente tem deixado espaço para as ofensivas adversárias. Por tudo isso, fique de olho em Diogo Barbosa.

Foto: Washington Alves/Cruzeiro

Técnico: Mano Menezes

Gaúcho de Passo do Sobrado, o técnico do Cruzeiro é Mano Menezes. O treinador está em sua segunda passagem pela Raposa, onde foi requisitado para comandar em momentos bem turbulentos. Chegou ao time mineiro pela primeira vez em setembro de 2015, herdando o posto de Vanderlei Luxemburgo.

Na ocasião, a equipe celeste estava na 16º posição do Campeonato Brasileiro e flertava com o Z-4. O comandante gaúcho conduziu a Raposa a uma arrancada na competição, terminando em oitavo. Ao fim de 2015, uma proposta tentadora do futebol chinês tirou Mano do Cruzeiro, mas os caminhos do técnico e do clube voltariam a se encontrar.

Depois de uma temporada até então instável em 2016, com passagens de Deivid e Paulo Bento pelo seu comando, a Raposa contou com o retorno do gaúcho, que novamente assumiu o time em momento complicado no Brasileirão. A missão de manter a equipe na primeira divisão foi cumprida com um 12º lugar assegurado. Nada de investida chinesa, e Mano seguiu para 2017 no comando do Cruzeiro.

Foto: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro

Estádio: Mineirão 

Monumental e imponente na região da Pampulha, em Belo Horizonte, o Estádio Governador Magalhães Pinto, popular Mineirão, será a casa do Cruzeiro para o Brasileirão de 2017. E não só para esta temporada. O time celeste e a Minas Arena – empresa que administra o estádio – têm um contrato que dura até o ano de 2037. Por pelo menos mais duas décadas, o Gigante da Pampulha continuará sendo a casa da Raposa.

Com capacidade para cerca de 62 mil pessoas, o Mineirão tem 50 anos de existência e foi um dos palcos da Copa do Mundo Fifa 2014. No estádio, a Seleção Brasileira sofreu a histórica goleada para a Alemanha por 7 a 1, episódio que marcou o futebol do país.

Gigante da Pampulha é a casa do Cruzeiro (Foto: Reprodução/Twitter Mineirão)

Posição do Cruzeiro em 2016

Desde o Bicampeonato Brasileiro, em 2013 e 2014, o Cruzeiro vem acumulando campanhas bastante distintas das projeções do seu torcedor. Em 2015, após enfrentar grande irregularidade, terminou o Brasileirão em oitavo, e, no ano passado, deu adeus à principal competição do país na 12º colocação.

Os 51 pontos conquistados pela Raposa em 2016 garantiram a equipe na elite do futebol nacional, de onde nunca saiu, ainda que tenha passado momentos difíceis na zona de rebaixamento e que colocaram em risco sua permanência na Série A.

Corinthians foi o último adversário do Cruzeiro no Brasileirão de 2016 (Foto: Gualter Naves/Light Press/Cruzeiro)

Expectativa para 2017

Se Mano Menezes foi o “bombeiro” contratado pelo Cruzeiro para apagar o incêndio que começava a ser instaurado pelos lados da Toca da Raposa, o que o treinador teve em 2017 foi até então inédito para ele no comando do clube mineiro: iniciar uma temporada e ter a possibilidade de pensar bem sua equipe sem toda a pressão por circunstâncias adversas.

Já no fim de 2016, o time celeste trouxe Diogo Barbosa e Hudson, jogadores que, atualmente, são titulares do time. A base mantida teve ainda o reforço de peças como o meia Thiago Neves, o zagueiro Caicedo e o volante Lucas Silva. Pela manutenção do comando técnico e do seu plantel, que teve contratações pontuais, as projeções do Cruzeiro para 2017 passam, certamente, por um ano melhor e mais consistente que os dois anteriores da Raposa.

No entanto, a queda precoce na Sul-Americana, bem como a derrota na decisão do Campeonato Mineiro, colocaram algumas dúvidas na Raposa, que joga ainda o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Primeira Liga. Incógnita celeste: esta equipe pode render mais que o desempenho apresentado no começo da temporada? 2017 está aí.

Torcedor celeste tem demonstrado confiança no planejamento assumido para 2017 (Foto: Washington Alves/Cruzeiro)

Mercado do Cruzeiro

Quem saiu? Quem chegou? O mercado celeste não se movimentou muito, por opção da própria diretoria, mas, ainda assim, o plantel que começou e tem encaminhado 2017 é distinto do que terminou 2016.

Confira as chegadas e saídas da Raposa:

Bruno Rodrigo: deixou a equipe ao fim do Brasileirão de 2016. No jogo contra o Corinthians, pela última rodada da competição, foi aplaudido no Mineirão pelo torcedor celeste e saiu de campo emocionado. O zagueiro foi contratado pela Raposa em 2013 e foi fundamental no Bicampeonato Brasileiro. Atualmente, Bruno Rodrigo está no Grêmio.

Luis Caicedo: com a saída de Bruno Rodrigo, a zaga do Cruzeiro ganhou um nome estrangeiro. O equatoriano Luis Caicedo, da Seleção de seu país, acertou com a Raposa no fim de 2016 por cinco temporadas.

Diogo Barbosa: a ascensão de Diogo Barbosa na lateral-esquerda do Botafogo chamou a atenção do Cruzeiro, que anunciou o jogador junto com o zagueiro Caicedo, no fim da temporada passada. Hoje consolidado na lateral celeste, Diogo foi um dos grandes acertos da diretoria da Raposa.

Hudson: dezembro já chegava ao fim quando as diretorias de Cruzeiro e São Paulo anunciaram a troca envolvendo os jogadores Neílton e Hudson. Enquanto Neílton foi para terras paulistas, o volante Hudson se mudou para Minas Gerais. O acordo é de empréstimo, válido por um ano.

Thiago Neves: a principal contratação do Cruzeiro para esta temporada foi o meia Thiago Neves. Depois de muito suspense, a diretoria celeste anunciou, na Missa em Ação de Graças pelo aniversário do Cruzeiro, em 2 de janeiro, que o jogador era o novo reforço do clube. Thiago estava no Al Jazira, dos Emirados Árabes.

Willian: presente nas campanhas que levaram o Cruzeiro aos títulos de 2013 e 2014 do Brasileirão, o atacante Willian deixou o clube mineiro no início deste ano e foi para o atual campeão brasileiro, Palmeiras. Conhecido por Willian “Bigode”, o jogador passou quase quatro anos vestindo a camisa da Raposa.

Lucas Silva: depois de deixar o Cruzeiro para um vínculo com o Real Madrid, o jovem volante Lucas Silva retornou à Raposa no fim de janeiro deste ano. Formado nas categorias de base do clube celeste, o volante esteve nas conquistas das edições 2013 e 2014 do Brasileirão pelo Cruzeiro.

Riascos: a saída de Riascos do Cruzeiro foi oficializada apenas neste ano, mas, na prática, o colombiano já não era jogador do clube desde meados de 2016. Uma entrevista dada na saída de campo contra o Fluminense, pela 15° rodada do Brasileirão, em que demonstrava claramente seu descontentamento em defender a Raposa, foi suficiente para que o atleta fosse afastado. Riascos defende atualmente o Millonarios, da Colômbia.