O ponteiro marcava 48 minutos da etapa complementar quando o árbitro da partida ergueu os braços indicando o final do jogo. Longe de casa, o Cruzeiro vencia sua primeira partida na Copa do Brasil 2017. O adversário era o Volta Redonda, do Rio de Janeiro, e o placar apertado, de 2 a 1, garantiu a equipe mineira na fase seguinte. Quase sete meses após a bola rolar pelo torneio nacional, a Raposa inicia a decisão da competição, no jogo de ida da final, nesta quinta-feira (7), às 21h45, diante do Flamengo, no Maracanã.

E é exatamente fora de casa que o time celeste construiu uma sólida campanha. Dos seis jogos disputados, foram três vitórias, dois empates e apenas uma derrota. A forma como o time se comporta longe dos seus domínios tem sido fundamental para ditar o ritmo e a postura do Cruzeiro nos jogos da volta, quando conta com o apoio do seu torcedor. E mostra ainda que o esquema focado na marcação, adotado pelo técnico Mano Menezes, foi eficiente contra os rivais de maior expressão durante a jornada celeste.

Início vitorioso e importante triunfo diante do São Paulo

Na primeira fase, os clubes melhores colocados no ranking da CBF visitavam seus adversários e, em jogo único, tinham a vantagem de se classificar com uma igualdade no placar. A vitória por 2 a 1, contra o Volta Redonda, com diferença mínima, destoa do que foi apresentado na partida. O Cruzeiro dominou grande parte do jogo e teve chances de ampliar o marcador, mas abriu espaços nos instantes finais, fato que possibilitou o crescimento do adversário. Contra o Murici, de Alagoas, pela terceira fase, não foi diferente. Apesar de um primeiro tempo apático, a Raposa fez jus à superioridade técnica e venceu por 2 a 0.

A quarta fase da Copa do Brasil colocou frente a frente duas equipes do primeiro escalão em um dos duelos de maior tradição do futebol brasileiro. Cruzeiro ou São Paulo ficaria pelo caminho. A Raposa se deu melhor. Na ocasião, esse foi considerado o grande teste para o time montado por Mano Menezes, que estava invicto na temporada. Diante de um Morumbi lotado, o Cruzeiro adotou o esquema compacto, marcando a equipe paulista e explorando o contra-ataque quando o adversário abria brechas.

Jogadas de bola parada foram determinantes na vitória pela quarta fase da competição (Foto: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)
Jogadas de bola parada foram determinantes na vitória pela quarta fase da competição (Foto: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

Com esse comportamento, a Raposa segurou o São Paulo durante todo o jogo. Na segunda etapa, em dois lances de bola parada cobrados por Thiago Neves, a equipe celeste balançou a rede tricolor, primeiro com Lucas Pratto, marcando contra, e depois com Hudson cabeceando contra a meta adversária. A invencibilidade no ano foi quebrada pelo próprio São Paulo no jogo da volta, no Mineirão, ao superar a Raposa, por 2 a 1.

Empates fundamentais

Na sequência da competição, o Cruzeiro empatou por duas vezes fora de casa. Sem gols, diante da Chapecoense, e no memorável 3 a 3, frente ao Palmeiras. Contra a equipe catarinense foi a única vez que a Raposa decidiu o jogo de volta fora de casa. Os demais confrontos foram encerrados no Mineirão, diante da torcida. Como havia construído uma vantagem mínima no primeiro jogo, quando venceu a Chape por 1 a 0, a Raposa foi até Chapecó para atuar com o regulamento debaixo dos braços, visando manter a diferença.

Após um empate truncado e um final de partida que gerou várias polêmicas, o Cruzeiro avançou para as quartas de finais como o único classificado que não havia disputado a Copa Libertadores. Seu próximo adversário foi o Palmeiras e a primeira partida do confronto foi uma das mais movimentadas da competição. Nos 30 minutos iniciais, a Raposa abriu 3 a 0 no placar com gols marcados em lances de contra-ataques. O primeiro tempo foi impecável para o time celeste na marcação e nos momentos que se lançava ao ataque.

Thiago Neves, Robinho e Alisson marcaram os gols da Raposa no movimentado 3 a 3, diante do Palmeiras (Foto: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)
Thiago Neves, Robinho e Alisson marcaram os gols da Raposa no movimentado 3 a 3, diante do Palmeiras (Foto: Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro)

Entretanto, o mesmo cenário não se repetiu na etapa complementar, não para o lado cruzeirense. Foi a vez do Palmeiras repetir a história e em menos de vinte minutos igualar o marcador. Na ocasião, o empate foi com gosto de derrota, mesmo jogando longe de BH. A etapa complementar demonstrou uma fragilidade defensiva que, até então, já havia aparecido em outras oportunidades, mas que foi exagerada diante do Verdão.

Derrota na medida certa

Até mesmo a única derrota da Raposa atuando fora de casa nesta edição da Copa do Brasil, contra do Grêmio, podemos dizer que foi na medida certa. Diante de um rival apontado pelos entendedores de futebol como um dos mais fortes do país na temporada, o Cruzeiro soube se defender jogando na casa do adversário. A derrota pelo placar mínimo foi possível no raro momento falho da equipe celeste, que resultou no gol de Lucas Barrios, no final do primeiro tempo.

Na semifinal, o Grêmio abriu vantagem contra o Cruzeiro na única derrota celeste fora de casa (Foto: Giazi Cavalcante/Light Press/Cruzeiro)
Na semifinal, o Grêmio abriu vantagem contra o Cruzeiro na única derrota celeste fora de casa (Foto: Giazi Cavalcante/Light Press/Cruzeiro)

No jogo da volta, o Cruzeiro devolveu o placar e superou a equipe gremista nos pênaltis. Situação que o credenciou para a disputa da final, nesta quinta-feira, diante do Flamengo. Como fator positivo, se comparármos com as fases anteriores, o fato de jogar a primeira partida longe de BH e definir o confronto no Mineirão, tem se mostrado um grande aliado celeste. O que se espera, mais uma vez, é um time montado visando defender e explorar as brechas para atacar o Rubro-Negro, para então trazer a real decisão para seus domínios, contando com apoio do seu torcedor. O jogo de volta será no dia 27 (quarta-feira), às 21h45, no Gigante da Pampulha.