Os bastidores das Laranjeiras respiram um ar diferente com a proximidade do mês de novembro: é ano de eleição. Com o fim do segundo triênio de Peter Siemsen, quatro candidatos se apresentam para assumir o cargo de presidente do Fluminense Football Club: Pedro Abad, Cacá Cardoso, Celso Barros e Mário Bittencourt. E, como já é tradição na VAVEL Brasil, entrevistaremos todos os postulantes a fim de informar, elucidar e auxiliar os sócios tricolores a decidirem seu voto.

+ Eleição Presidencial: VAVEL entrevista Pedro Abad

Representante da chapa Fluminense me domina e ex-vice de futebol, o advogado Mário Bittencourt é o entrevistado da vez. Conforme seguem as regras definidas pela Redação VAVEL Brasil, o candidato foi sabatinado com 20 perguntas que também serão feitas igualmente para todos os outros concorrentes, sem limite de tempo para resposta. Confira!

(Foto: Armando Paiva/Divulgação)
(Foto: Armando Paiva/Divulgação)

Confira todas as 20 perguntas para Mário Bittencourt:

VAVEL BRASIL: Primeiramente, quem é Mário Bittencourt e como começou sua ligação política com o Fluminense?

MÁRIO: "Mário Bittencourt é um tricolor apaixonado, nascido em um bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro, encostado no Maracanã. Nascido, criado e frequentador do Maracanã. Sócio do clube há mais de 20 anos e há exatos 18 aceitou o desafio de ser estagiário do clube quando se encaminhava para a terceira divisão naquele momento. Aqui dentro fiz minha história como profissional. De estagiário me tornei advogado, diante passei diversas vezes pelo departamento de futebol e tenho o sonho de ser presidente do Fluminense"

VAVEL: O que te faz sentir capacitado e preparado para ser presidente do Fluminense Football Club?

MÁRIO: "Justamente esses 18 anos de trabalho. Conheço cada canto desse clube, conheço a história e conheço os problemas. Estive nos dois lugares onde nós tivemos mais problemas que foram no jurídico e no departamento de futebol. Então me sinto preparado por isso"

VAVEL: Qual é o seu planejamento e as principais propostas de sua gestão para o futebol do Fluminense?

MÁRIO: "Profissionalizar ainda mais o departamento. O departamento já é profissional, mas precisa de uns ajustes. Te falo isso de cadeira pois fui vice-presidente de futebol por um bom tempo e Ricardo (Tenório) também. Então sabemos dessa necessidade de melhorar a sua profissionalização e poder contar com um time de profissionais que possa levar o Fluminense aos grandes títulos. Especialmente um título que a gente busca muito que é a Copa Libertadores. A gente conseguiu o apoio do Carlos Alberto Parreira que será nosso consultor-geral de futebol, será o cara que vai nos ajudar a planejar a parte estratégica. Então, dali teremos o diretor executivo, gerente de futebol, treinador, para fazer um Fluminense líder e vencer que é a missão da nossa candidatura"

VAVEL: E para os esportes olímpicos?

MÁRIO: "Revitalizar os Esporte Olímpicos. Fazer com que alguns esportes voltem a ser competitivos. Nós hoje temos muitos esportes de participação e poucos de rendimento. Além do futebol, hoje só temos o vôlei. Agora é fazer que se possa investir mais com a Lei de Incentivo ao Esporte e resgatar essa história que lindíssima do Fluminense.

Para quem não conhece, o clube tem uma história riquíssima no vôlei, no basquete, na natação, no nado sincronizado, precisamos fazer que o clube seja visto sob todos os ângulos. Esse inclusive é o motivo da minha candidatura com o Ricardo (Tenório). O combinado é que ele virá como vice eleito, não nomeado. Sim, eleito. Para poder estar cuidando do Centro de Treinamento, do futebol, e olhando para o restante do clube" 

VAVEL: Uma pauta que ficou bastante em alta na Rio 2016 é a importância do apoio ao futebol feminino no Brasil. O Flamengo e Vasco carregam projetos para inclusão das mulheres no esporte. Existe planejamento para a inclusão do futebol feminino em sua gestão no Fluminense?

MÁRIO: "Claro, sem dúvida alguma, até porque existem outras legislações brasileiras que exigem que você tenha o futebol feminino e agora a Libertadores vai requerir a partir de 2019. Nós temos que fazer e - curiosamente - faz parte do nosso projeto. Nós temos o estádio das Laranjeiras que inicialmente não sabemos no que vamos poder mexer, mas nossa ideia é que os jogos da divisão de base e do futebol feminino venham para cá"

VAVEL: Com a construção do CT, existe um temor sobre a futura utilização de Laranjeiras. Existe um planejamento para reforma e reutilização o local?

MÁRIO: "Inicialmente, como te disse, futebol feminino e divisão de base. Primeiro temos que assumir a gestão e ver o que pode ser feito, fazer um estudo, não é descartado a hipótese de termos um estádio menor por aqui, mas não vou ficar fazendo campanha e levando o torcedor a acreditar em algo que ainda não tive oportunidade de me aprofundar. A princípio, vamos fazer um estudo para poder alocar os jogos da divisão de base. Pretendo fazer um museu acoplado ao estádio para que o torcedor possa conhecer a história do Fluminense quando for ver os jogos da base. E, na véspera de jogos importantes, fazer treinos do time profissional por aqui para ter o apoio da torcida como foi esta semana, antes do Fla-Flu"

VAVEL: Estádio próprio do Fluminense: sonho ou realidade? Existe um plano real, com arrecadação de verbas e busca por investidores, para a construção do estádio?

MÁRIO: "Qualquer candidato que se propõe a fazer um estádio e quer ser eleito como presidente do Fluminense precisa falar a realidade para o torcedor. Não é simples, não é fácil, e por isso que antes de ter o projeto a gente contratou um estudo de viabilidade. É viável, mas há necessidade de que a gente busque investidores para que isso aconteça. E óbvio que quem viu nossa apresentação sabe que queremos manter nosso direitos sobre o Maracanã, porque a gente não vai ter um estádio daqui a cinco, seis meses, e nós precisamos jogar em 2017 em algum lugar"

(Foto: Armando Paiva/Divulgação)
(Foto: Armando Paiva/Divulgação)

VAVEL: Na última quinta-feira (29), antes da partida contra o Sport, um grupo de torcedores enfrentou cambistas na porta de Edson Passos e recuperou cerca 350 ingressos para redistribuí-los aos tricolores. Mesmo sendo um caso mais policial que administrativo, como você vê essa situação e pretende tomar alguma medida para evitar o cambismo em jogos do Fluminense?

MÁRIO: "Isso é um problema do poder público, ponto. Tem cambismo no estádio do futebol, na escola de samba, no sambódromo, na porta do teatro, cinema... O Fluminense faz a sua parte, isso eu posso fazer uma defesa da atual gestão. O Fluminense numera os ingressos, retira aqui dentro... Inclusive, profissionais do futebol assinam documentos onde tem o número do ingresso. Mas qual controle que o clube pode ter sobre isso? Você as vezes tem uma cortesia que é normal, presenteia um funcionário seu ou um amigo que não pode ir ao jogo, repassa a um terceiro amigo. Como não parte daqui de dentro, o Flu não tem que ser responsabilizado por isso. Isso é responsabilidade única e sempre do poder público"

VAVEL: Existe a discussão sobre o Consórcio Maracanã deixar a administração do estádio. Se isto de fato acontecer, sua gestão brigaria para assumir a administração do estádio? No caso de optar pelo Maracanã, haveria a possibilidade de realizar uma parceria política com o Flamengo?

MÁRIO: "Questão prioritária é a manutenção dos direitos e do contrato com o Maracanã. Você pode me perguntar: "mas e depois? E se tiver o estádio para 40 mil pessoas, que é a nossa proposta?" Nós vamos ter que manter, renegociar os direitos do Maracanã para que o Fluminense possa jogar a maioria dos seus jogos no seu estádio, porque nenhum investidor vai aceitar colocar dinheiro em um lugar onde você joga pouco, e usar o Maracanã nos grandes eventos"

VAVEL: Também há debate sobre da categoria de base no Fluminense. Eestnquanto Scarpa tem um projeto a longo prazo, outros como Marlon, Kenedy, Biro Biro são revendidos logo que despontam. Existe um projeto para permanência das revelações ou a necessidade de "formar para revender" também está incluído como projeto financeiro?

MÁRIO: "Xerém é uma fábrica de talentos e ela tem que ter duas vertentes. A vertente da manutenção dos atletas que tem potencial para serem grandes jogadores do Fluminense, enquanto os de nível médio serão utilizados para dar esse giro para que Xerém continue se retroalimentando e fazendo jogadores. Não dá para cravar nenhuma das duas posições. Tem que ser transparente como eu sempre sou. Jogadores como Scarpa, vai haver uma luta para mantê-lo, mas isso não depende só da nossa vontade, depende da vontade do atleta também.

"É muito importante dizer isso. As vezes chega uma proposta financeira para o atleta que se torna irrecusável e o clube não consegue cobrir. Aliás, se cobrir, faz com que ele perca o interesse de permanecer e queira uma transferência futura. Isso depende muito de jogadores. O Dedé, quando saiu do Vasco, o Cruzeiro fez um projeto para vendê-lo logo em seguida. Ele recebeu três propostas e comunicou ao Cruzeiro que estava satisfeito com o salário que ganhava e não tinha vontade de sair. Ele não saiu do Cruzeiro por vontade própria. Tem jogadores e jogadores. Alguns sobem e nós temos que fazer o giro, seja por empréstimo ou venda para que possamos botar dinheiro em caixa para fazer novos jogadores"

VAVEL: Muitos torcedores ainda não entenderam a real finalidade do projeto STK Samorin. Qual a sua opinião sobre o mesmo e, caso eleito, continuará em atividade ou passará por reformulação?

MÁRIO "Para que os torcedores entendam: a finalidade do projeto passa pela internacionalização da marca, com que o Fluminense seja conhecido fora do Brasil, com que o Fluminense possa disputar uma competição internacional vinculado a este outro clube. Passa também pela formação tática e educacional dos nossos atletas. Alocamos alguns jogadores nossos lá para que eles tenham um banho de cultura europeia.

Eu aprimoraria o projeto para estendê-lo aos jogadores que jogam no Fluminense, não apenas para os que estão lá. Queremos que os que estão aqui se aproveitem desse modelo e possam crescer táticamente, intelectualmente e culturalmente. O futebol hoje é jogado com muita inteligência, é um esporte jogado com diminuição de espaços, com leitura tática. Os alemães jogam encurtando espaço, gastam menos fisicamente e gastam mais inteligência. Acho que essa relação com o futebol europeu pode dar isso ao Fluminense"

VAVEL: Um dos momentos mais fortes da gestão Siemsen ficou por conta do enfrentamento às torcidas organizadas. Qual a sua opinião sobre papel e função das Torcidas Organizadas junto ao clube Fluminense.

MÁRIO: "Eu não vejo como um enfrentamento, vejo como corte de relacionamento. As torcidas organizadas existem, fazem parte da história da arquibancada e você não pode segregar nenhum nicho de torcedores do Fluminense. Já tive reunião com torcedores, nós ouvidos mais de 600 torcedores pelo Rio de Janeiro ao longo de seis meses para lançar um projeto de gestão ouvindo o torcedor. O que eu disse a eles é: "se eleitos, não teremos nenhuma relação de doação de valores ou ingressos, isso não vai existe.

Vai existir um projeto onde eles possam ser parceiros do Fluminense. Por exemplo, serem credenciados pelo clube para vender sócio-futebol na arquibancada, ter um projeto de franquia para que eles tenham um bar temático e possam ser revendedores do Fluminense. Desde que, com um documento assinado e pautado no código de ética. A conduta vai pautar essa relação. Qualquer conduta fora da linha, o Fluminense encerra essa parceria"

VAVEL: Há um projeto de melhorias no programa de sócio-torcedor? Se sim, quais?

MÁRIO: "Eu acho que o sócio-futebol do Fluminense está muito vinculado apenas ao resultado de campo e a possibilidade de ter um estádio. Como nós ainda não temos, nós precisamos ter um modelo que fidelize o torcedor, crie particularidade e que possa estar sempre próximo do clube. Vários outros clubes do Brasil têm esse modelo já muito mais avançado, com sistema de fidelização, de pontuação. Então, isso não invalidaria o fato de ir ao jogo, muito pelo contrário, ir ao jogo traria muitos pontos ao torcedor para que ele pudesse trocar por outros produtos, por outras ações de marketing e assim um sistema que se retroalimentasse"

VAVEL: Uma das maiores reclamações dos torcedores quanto ao programa Sócio-Futebol é a falta de benefícios reais, principalmente a quem mora fora da Rio. Implementação de milhagens, que seriam recebidas ao se adquirir produtos oficiais e ingressos e poderiam gerar descontos nos próprios ingressos e produtos oficiais. Há alguma perspectiva desse pedido da torcida ser aceito?

MÁRIO: "Essa é uma das mudanças (dar mais privilégios aos sócios fora do Rio). O Palmeiras, por exemplo, instituiu um modelo onde o torcedor que não tem condição de ir ao jogo, que mora fora, é assinante de uma revista do Palmeiras onde ele paga um valor mais barato, passa a ser assinante. O Palmeiras tem uma excelente receita disso. Falavam em Baixada, mas a ideia é adquirir franquias do Fluminense nos lugares onde o Fluminense tem torcedor, onde as pessoas se reúnem em bares para ver jogos.

Por exemplo, em Espírito Santo, Brasília, para que a gente possa fazer bares temáticos lá. O Fluminense pode ajudar nessa relação, mandar prêmios para sorteios e etc... Na verdade o torcedor entrou como sócio-futebol para exercer a cidadania dele, ficou três anos pagando e vai chegar aqui e não vai ter condição de vir votar porque é distante e vai gastar passagem de avião. Então um dos projetos é esse, é fazer com que o torcedor possa - na próxima eleição - votar via internet e exercer sua cidadania mesmo não estando no Rio de Janeiro"

VAVEL: O Fluminense enfrentou e enfrenta problemas de logísticas com os últimos patrocinadores: Guaraviton rescindiu após problemas financeiros e a DryWorld é criticada pela sua distribuição. Caso eleito, como pretende lidar com os problemas da atual fornecedora e a busca por um patrocinador master?

MÁRIO: "Pelo que eu ouvi falar, a Dryworld não pagou mais de três meses da relação até agora. É um contrato que a gente tem que avaliar, inclusive, se não tem que ser rescindido quando a gente assumir e com ressarcimento pro Fluminense. Tem que avaliar, não conheço o contrato. Acho que a saída da Adidas foi complicada porque você trocou uma marca sólida e com uma história enorme por outra recém chegada no mercado. Trocou por valores, mas não está recebendo esses valores porque a marca não conseguiu comportar a demanda.

Quanto ao patrocinador master, a busca tem que ser incessante para que a gente possa ter um time forte e alguém colocando dinheiro. Eu iniciei a relação com a Caixa Econômica em meados de 2015, era para ser anual, agora parece que ela vai ser pontual. A gente reabre essa negociação se ganhar a eleição. Nós temos um grupo de empresários que deve fechar a parceria e o apoio a nossa candidatura dentro de uns dez dias e, dentre esses empresários, a maioria é do Rio de Janeiro muito bem colocados em grandes empresas e já estão em busca de patrocínio pra gente"

VAVEL: Gestão Siemsen é reconhecida por estar diminuindo as dívidas do Fluminense, mas também critica pelos resultados no futebol. Qual será seu modelo de gestão: seguir com o projeto de saúde financeira ou impôr altos investimentos para buscar resultados dentro de campo?

MÁRIO: "Minha gestão planeja equilíbrio financeiro com equilíbrio desportivo, esse é o principal desafio. A gente tem que tentar encontrar esse caminho porque o Fluminense não tem as maiores receitas do futebol brasileiro e é um clube gigantesco. Hoje nossa folha talvez seja a nona ou décima do futebol brasileiro. Eu acho que temos que manter o que está bom e tentar melhorar o desempenho do futebol que se deveu muito.

Falo porque fui vice-presidente de futebol - a essa dificuldade especialmente após a saída de um patrocinador que botava R$ 70, 80 milhões por ano no futebol e isso não existe mais. É importante deixar isso bem claro que qualquer pessoa que chegue aqui diga que vai arrumar um patrocinador que bota R$ 70 milhões no futebol por ano, isso não vai acontecer mais no futebol brasileiro pelo menos nos próximos anos, posso te garantir. O São Paulo acabou de fechar um patrocínio master de um ano por R$ 13 milhões por ano. Então é irreal qualquer promessa nesse sentido"

VAVEL: Sobre o posicionamento político do Fluminense quanto a questão da CBF: existem fortes criticas à entidade sobre a organização de campeonatos, questões de calendário e principalmente arbitragem. Mas, em dezembro de 2015, Coronel Nunes foi reeleito com voto favorável do próprio Fluminense. Qual seu posicionamento sobre o caso?

MÁRIO: "O resultado disso você vê dentro de campo. O Fluminense adota uma postura de enfrentamento publicamente, mas acaba indo "no mais do mesmo". E quando você vai "no mais do mesmo" você acaba sendo desrespeitado. Eu acho que a gente tem que definir a nossa posição.  A questão não é se você é A ou B, você não pode ser A e B. Eu aprendi desde criança que ou é preto ou é branco, não pode ser cinza. Você tem que ter um lado e o Fluminense escolheu um lado. É o lado de ter apoiado o Coronel Nunes. Ok, mas agora não critica porque você foi lá e votou.

Outro caso, brigou cinco anos com a Ferj para fazer um acordo no último ano. Então pra quê brigou cinco anos? Ficou reclamando que nós fomos extremamente prejudicados em 2015. No Campeonato Carioca, expulsaram o Fred com 19 minutos no Fla-Flu, perdemos o jogo de 3 a 0, depois puniram ele no tribunal e covardemente tiraram ele do jogo contra o Botafogo na semifinal. Fomos eliminados, ficamos gritando igual uns loucos, depois fomos lá e fizemos um acordo com a federação. Ou a gente é contra ou a favor"

VAVEL: Existe um racha evidente com Rubens Lopes, presidente da FERJ e Eurico Miranda, presidente do Vasco. Qual será sua postura se eleito presidente? Seguirá defendendo os interesses do clube impondo força, ou tentará uma reaproximação com os mesmos?

MÁRIO: "A postura do Fluminense não vai ser de enfrentamento ou não enfrentamento. A minha postura como presidente do Fluminense vai ser uma postura de defesa de direitos do clube a qualquer preço. Não vou abrir mão de defender os interesses do Fluminense diante de qualquer clube do Brasil, não é contra Vasco, Flamengo ou Botafogo. O Fluminense tem que defender os seus direitos, defender a instituição diante de qualquer clube do futebol brasileiro e mundial, ponto. E as pessoas entendem isso como enfrentamento. Eu não.

Eu entendo isso como uma postura firme, dura, ética, de que o Fluminense deva lutar pelos seus direitos e deixar de ser achincalhado como vem sendo. Como foi no jogo contra o Corinthians na Copa do Brasil, como agora na quinta-feira contra o Flamengo. Então, o Fluminense precisa ter uma postura firme, precisa ter lado. A grande dificuldade é o que você perguntou... "Ah, brigou com a CBF, reclamou, mas votou no Coronel Nunes. Brigou com a federação, mas assinou contrato com por mais X anos", entende? Ou você assina ou não assina. Você fecha parceria com o Flamengo ou não fecha"

VAVEL: Como você avalia os seis anos da Gestão Peter Siemsen? E o que é possível melhorar?

MÁRIO: "Na primeira gestão, tiveram algumas coisas ótimas, outras de regulares para boas. Na segunda gestão, muitas coisas ruins. Acho que a primeira foi melhor e muita coisa que não foi feita na segunda. O nosso grande objetivo não é olhar no retrovisor, não é ficar olhando pra trás e apontando o dedo. Muito pelo contrário, nós todos somos Fluminense. A ideia é olhar pra frente e tentar implementar aquilo que não foi feito. Por exemplo, a governancia corporativa, nada foi feito com relação a isso, não foi feita nenhuma reforma administrativa, não foi feito um plano de cargos e salários.

Não foram feitas reformas no clube, basta você passear, dar uma volta no ginásio, nas quadras laterais, na churrasqueira, na quadra lá de cima, na sauna, no estande de tiros. Se você fizer um passeio pelo clube, vai ver que nada foi feito em termo de patrimônio, porque  talvez não deva ter dado tempo. Não dá pra fazer tudo em três, nem seis anos. É uma constatação, não é uma crítica e certamente vamos fazer muita coisa em três ou seis anos."

VAVEL: E esse é um espaço aberto para você deixar seu recado para a torcida do Fluminense que está lendo esta entrevista.

MÁRIO: "Na minha opinião, eu e Ricardo Tenós somos os dois candidatos mais experientes, com mais tempo de casa. Como te falei no início, tenho 18 anos de trabalho no Fluminense, mais de 20 anos como sócio. O Ricardo, 40 anos como sócio e vice-presidente de futebol duas vezes. Nós temos uma história vinculada à instituição, de ajudar nos momentos de dificuldade. Todas as vezes que tivemos dificuldades - como em 2009, 2013, a transição na saída da Unimed, nós tivemos prontos para ajudar o Flu. Agora queremos uma chance, a gente acha que merecemos uma chance de pegar o Fluminense com 100% de chance de ser campeão, começando do zero. É essa a oportunidade que a gente gostaria de ter do nosso torcedor""

(Foto: Armando Paiva/Divulgação)
(Foto: Armando Paiva/Divulgação)