Como bem diz o hino: "foi um Ai, Jesus!". Flamengo e Fluminense protagonizaram um dos melhores clássicos do futebol carioca nos últimos anos na tarde deste domingo (5), no Engenhão, pela final da Taça Guanabara 2017. Se o lado rubro-negro não contava com Darío Conca, o Tricolor sofreu com o desfalque de Gustavo Scarpa. Dentro de campo, emoções dignas de um clássico e empate por 3 a 3 que resistiu até o minuto final. Nos pênaltis, brilhou a eficiência Tricolor para vencer por 4 a 2 e conquistar seu primeiro troféu da temporada.

+ TEMPO REAL: como foi o Fla-Flu da final da Taça Guanabara 2017.

Com o título, o Fluminense garante oficialmente uma vaga no chaveamento final do Campeonato Carioca, podendo assim poupar sua equipe no segundo turno. O motivo: com o novo regulamento, mesmo se um clube for campeão das Taças Guanabara e Rio, terá de disputar mais uma fase semifinal se quiser ser campeão. Com foco na Copa do Brasil, o tricolor pode então resguardar seu elenco no calendário. A fase final está marcada para começar no dia 9 de abril.

Segundo maior campeão carioca, o Fluminense agora abre dois dígitos no número de conquistas de Taça Guanabara. São 10 títulos no total, já somando a edição 2017. O caneco também foi levado para Laranjeiras em 1966, 1969, 1971, 1975, 1983, 1985, 1991, 1993 e 2012. Agora o Tricolor volta as atenções para a terceira fase da Copa do Brasil, onde enfrenta o Criciúma na próxima quinta-feira (9), às 19h30, no Heriberto Hulse, em Santa Catarina.

(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)
(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)

O Tricolor chegou à final da Taça Guanabara com o trunfo de ser a melhor defesa do torneio. Os comandados de Abel Braga não haviam sofrido gols até a decisão. Na semifinal, passaram pela surpresa Madureira com um suado empate por 0 a 0, resultado que favoreceu o Flu por ter melhor campanha na fase de grupos. Todos os gols sofridos pela equipe na temporada foram na Primeira Liga e na Copa do Brasil, nenhum pelo Campeonato Carioca.

Se o Flu era o melhor defesa, o Flamengo chegaria à final com todo o favoritismo por ter sido a equipe de melhor campanha e melhor ataque na primeira fase do torneio. Com 100% de aproveitamento e 18 gols marcados, classificaram-se para a decisão após vencer o clássico contra o Vasco na semifinal, por 1 a 0, gol marcado por Diego Ribas. Na decisão, o melhor ataque não foi eficiente o suficiente para tirar o título do Laranjal.

Após a final, Flamengo e Fluminense miram seus objetivos na temporada e já sabem quais serão seus próximos compromissos. O rubro-negro fará sua estreia na Copa Libertadores na próxima quarta-feira (8), às 21h45, no Maracanã, contra o San Lorenzo (ARG). Já o Tricolor faz a partida de ida contra o Criciúma, na quinta-feira (9), às 19h30, no Heriberto Hulse, pela terceira fase da Copa do Brasil.

MAIORES CAMPÕES DA TAÇA GUANABARA
TÍTULOS
ÚLTIMO
Flamengo 20 2014
Vasco da Gama 12 2016
Fluminense 10 2017
Botafogo 8 2015
América 1 1974
Americano 1 2002
Volta Redonda 1 2005

Como foi o jogo?

O Fla-Flu era válido por uma final, mas, se alguém olhasse rápido para o campo, poderia pensar que se tratava de uma partida de juniores. Três erros infantis ditaram o início do jogo. A primeira, após uma cobrança de falta ruim do Flamengo, contra-ataque onde Wellington saiu sozinho da defesa, carregou a bola livre e contou com um escorregão de Pará para entrar na área e bater na saída de Muralha, abrindo o placar aos 4 minutos.

A resposta veio aos 6', quando Julio César retribuiu o favor saindo mal do jogo e vendo a bola sobrar no pé de Willian Arão, que empatou. O terceiro erro foi aos 8', quando Richarlison foi lançado na ponta esquerda e Trauco recuou a bola para Muralha. Na cobrança do tiro-livre, Sornoza acertou a trave. O jogo estava cheio de falhas defensivas e, aos 23 minutos, quando Pará cruzou para Guerrero cabecear livre. No rebote do arqueiro tricolor, Éverton virou para o Fla.

Então, os ânimos se acalmaram, mas outra falha clamorosa aconteceria aos 32 minutos. Após escanteio para o Flu, Guerrero cometeu pênalti bobo em Richarlison. Henrique Dourado cobrou e empatou. A virada não demorou. Aos 40', contra-ataque Tricolor e Lucas entrou como elemento surpresa em meio ao espaço deixado por Rômulo e colocou 3 a 2 no placar. Apesar de cheio de erros, foi um dos melhores clássicos que o Rio de Janeiro viu nos últimos tempos.

(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)
(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)

Fluminense iniciou o segundo tempo controlando a posse de bola e melhor postado em campo. O Flamengo não se encontrava e Zé Ricardo fez sua primeira alteração: Gabriel no lugar de Mancuello. Não deu muito certo e o Tricolor continuava com postura melhor. Wellington era o responsável pelos dribles que levantavam a torcida. O treinador rubro-negro também colocaria Berrío no lugar de Willian Arão.

O Flamengo era mais coração do que criatividade. Também pudera. Com o tempo passando e o título caminhando para mãos tricolores, o rubro-negro passava a arriscar demais nos cruzamentos para a área. Felipe Vizeu também entrou no segundo tempo para ser mais um com presença ao lado de Guerrero. O empate veio, mas não da maneira esperada por Zé Ricardo. Em cobrança de falta, Paolo Guerrero cobrou com categoria e empatou novamente e levou a disputa para os pênaltis. Mas, na 'Hora H', Réver e Rafael Vaz desperdiçaram suas cobranças, enquanto Marcos Júnior marcou o gol do título tricolor.

(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)
(Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)

A polêmica da torcida mista

O Fla-Flu da final da Taça Guanabara 2017 por pouco não foi com torcida única, ou pior - com portões fechados. Tudo porquê o juiz Guilherme Schiling, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos do Rio, determinou que os clássicos realizados no estado seriam com torcida única, após a briga entre as torcidas de Flamengo e Botafogo, ainda na primeira fase do torneio, que vitimou um torcedor alvinegro.

Revoltados com a decisão, Flamengo, Fluminense, Vasco e a FERJ se uniram e conseguiram a suspensão da liminar para a semifinal. Já na decisão, o Fluminense foi sorteado como mandante da partida e entrou com pedido no TJD-RJ para jogar com portões fechados. Apoiado pelo Flamengo, viu o desembargador Gilberto Clovis acatar o recurso e derrubar a liminar que obrigava torcida única.