Oito anos. Esse foi o tempo em que Fluminense e LDU esperaram para se reencontrarem numa fase decisiva de torneio internacional. Em um Maracanã recebendo mais de 45 mil pessoas, um sentimento de deja-vú, com o canhoto camisa 10 marcando e nervos saltando à pele.

Esse foi o resultado de um intenso, mordido, mas fraco duelo entre Fluminense e LDU, dessa vez na partida de ida das oitavas-de-final da Sul-Americana. Logo no começo da partida, Gustavo Scarpa bateu falta com enorme categoria para balançar a rede equatoriana.

O resultado final coloca o tricolor com a vantagem do empate para a partida da volta, em Quito, na próxima semana. No entanto, o time carioca não terá Henrique Dourado, suspenso após mais um cartão amarelo.

O brilho da 10

O clima e atmosfera se desenhava diferente. Fluminense e LDU fizeram importantes jogos num passado recente decidindo as duas principais competições do continente. No entanto, o jogo de hoje nada tinha a ver com os anteriores, muito menos os personagens.

Só que, assim que a bola rolou, uma coincidência apareceu. Assim como anos atrás, o dono da camisa 10 brilhou. Logo aos seis minutos, Gustavo Scarpa cobrou falta frontal, mandando por fora da barreira. A canhotinha caiu no pé da trave e Nazareno pulou e só viu a bola no fundo da rede. Festa dos tricolores presente em bom número no Maior do Mundo.

A equipe equatoriana se mostrava frágil no meio-campo e cedia espaços pelo meio. Wendel surgia como elemento-surpresa e infiltrava bem. Henrique Dourado ganhava e fazia bem a parede para os meias que encostavam, mas o Flu pecava no passe final. 

E a vantagem poderia logo aumentar, já que o possante Nazareno não passava a menor confiança. A LDU sofria na defesa e pouco incomodava na frente, apostando muito na velocidade de Gonzalez. No entanto, a defesa do Flu conseguia neutralizar com boa recomposição e intensidade no combate em frente à área.

Sem o mesmo ritmo de antes, o jogo caiu e ficou mais truncado. Faltas e mais faltas eram marcadas, picando a velocidade da partida. Só Wendell mantinha o padrão e seguia assustando com entradas surpresas na área. No último lance de perigo da primeira etapa, o volante recebe em velocidade na grande área, mas foi travado na hora H pela zaga rival.

Faltas tiram o ritmo da partida

O fraco primeiro tempo acendeu dava esperanças de uma etapa final mais aberta. O time equatoriano deveria se abrir mais em busca de um gol que lhe desse uma vantagem, enquanto o Flu queria mais espaço para explorar sua velocidade. No entanto, quem primeiro criou perigo foi a LDU, com bom giro e chute de Barcos, passando por cima do gol.

A pegada no meio-campo era forte dos times e resultava em faltas e cartões. A partida, muito fraca tecnicamente, tinhas seus picos de emoção com descidas de Wendell ou cobranças de faltas de Scapa. O camisa 10 era quem mais se aproximava de algo mais técnico no meio-campo construtivo.

Dourado, pouco acionado, viu em descida interessante de Lucas, pela direita, uma chance de marcar. O centroavante fez tudo que manda o manual do artilheiro: se antecipou ao marcador, testou firme, mas mandou para fora, arrancando suspiros do torcedor.

As rusgas do passado talvez intensificaram o nervosismo dos dois times. As faltas duras, encaradas, entradas ríspidas fizeram os jogadores entrarem em discussões e piorarem o clima. A alta intensidade fez Abel Braga perder Frazan, que sentiu um problema muscular. Marlon Freitas entrou improvisado na zaga.

A mudança deixou a defesa do Flu mais fraca e o time equatoriano teve sua melhor chance já na reta final. Julio conseguiu uma escapa muito boa e Betancourt fechava livre pelo meio. Era um passe e o empate parecia consolidado, mas o jogador da LDU quis se consagrar, fez tudo sozinho e finalizou muito mal.

Tudo que o jogo não teve nos 85 minutos anteriores, teve no finalzinho. Robinho, descansado, aproveitou seu fôlego e sua habilidade para arrancar, fazer fila na defesa rival, mas Nazareno saiu dividindo tudo que tinha pela frente e afastou o perigo. O lance fechou o jogo e deu um sentimento ao torcedor do Flu de que poderia mais, ainda que leve vantagem para o duelo no Equador.