O ano de 2016 tem sido de muito bom grado para o Grêmio no que se refere à Copa do Brasil. O maior campeão da competição ao lado do Cruzeiro, ambos com 4 conquistas cada, superou grandes adversários que eram até mesmo apontados para o título da Copa, e com o espírito copeiro chegou a mais uma decisão dessa competição, digno de um clube do sul e ainda mais digno do tricolor gaúcho.

No inicio do ano os gaúchos não visavam como foco principal a atual decisão em decorrência da disputa da Libertadores da América, porém, com  o revés que causou a eliminação frente o Rosário Central (Argentina), os gremistas se viram obrigados a mudar o foco. De tal forma, o Grêmio viu nesta competição uma boa oportunidade de dar fim ao longo jejum do clube, cujo não conquista um título de relevância nacional a 15 anos, quando se tornou tetra-campeão da mesma Copa, em 2001. Logo, como de fato foi o caminho tricolor para chegar até a grande final da Copa do Brasil 2016?

Oitavas de final: classificação emocionante nos pênaltis contra o Atlético-PR

O Grêmio já encontrava-se colocado nas oitavas de final devido à classificação para a Libertadores, cujo clubes que são eliminados na competição entram diretamente entre os 16 times da competição. O adversário naquele momento era um antigo marco no caminho tricolor: o Atlético-PR, mesmo time no qual eliminou o próprio Grêmio na semifinal da mesma competição no ano de 2013, vencendo em casa pelo placar de 1 a 0 e segurando o resultado de 0 a 0 em Porto Alegre, e assim, indo a final daquele ano.

No primeiro confronto deste ano, disputado na  Arena da Baixada, o time ainda treinado por Roger Machado (antigo comandante técnico do clube gaúcho), teve um grande desempenho como visitante e sagrou-se vencedor com um gol de Miller Bolaños logo no início do jogo, após grande passe do meia Douglas. Os visitantes tiveram em Coritiba tiveram ainda mais chances de encaminhar a classificação ainda em solo paranaense, levando em consideração que a fórmula da competição prêve gol qualificado e assim, em caso de gol marcado fora de casa pelos visitantes, uma maior vantagem é proferida, porém, apesar das oportunidades o placar permaneceu em 1 a 0 até o apito do juiz.

Na segunda partida disputada em Porto Alegre, o Grêmio encontrava-se inconstante tanto técnicamente quanto emocionalmente falando. Naquele momento, o já atual treinador gremista, Renato Portaluppi, fazia seu jogo de estréia no Grêmio como comandante técnico tricolor, em substituição de Roger Machado, no qual pediu demissão do cargo dias antes da partida.

Os 90 minutos de jogo em Porto Alegre resumiram-se em tensão. A vantagem conquistada na primeira partida e que naturalmente serviria para dar maior tranquilidade aos gaúchos, de nada adiantou. Em um lance despretencioso na área tricolor, o volante Hernani chutou cruzado sem força e em um infeliz lance, Marcelo Grohe proporcionou o rebote para André Lima converter a vantagem no placar da Arena tricolor para os visitantes paranaenses. Depois disso o jogou tornou-se uma pilha de nervos para os gremistas e, apesar da pressão imposta no resto do jogo, a classificação para a fase seguinte seria conquistada em cobranças de pênaltis.

Aquela noite de quarta-feira reservou toneladas de emoção para os gremistas. O Grêmio esteve à frente no placar de cobranças convertidas em grande maioria do tempo, porém mesmo podendo sagrar-se classificado sem maiores sofrimentos, Luan errou o pênalti que daria ao tricolor gaúcho o passa-porte para a fase seguinte. Após isso os paranaenses igualaram o placar, e se não bastasse isso, tiveram a oportunidade de mais uma vez eliminar o Grêmio em Porto Alegre, mas, em cobrança do goleiro Weverton, Marcelo Grohe voou no canto esquerdo de sua meta para defender sua terceira cobrança na série e manter viva a esperança gremista na competição. Logo, o jovem atacante tricolor Guilherme converteu seu pênalti em gol, seguido do zagueiro rubro-negro Paulo André, no qual chutou na trave e carimbou ali a classificação do imortal gaúcho para as quartas de final de mais uma Copa.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio
Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Quartas de final: superação em São Paulo contra o virtual Campeão Brasileiro Palmeiras

O sorteiro das quartas de finais não havia sido tão favorável ao Grêmio, levando em consideração que os confrontos seriam contra o já virtual campeão do Campeonato Brasileiro Palmeiras, com elenco repleto de estrelas, tanto no time titular quanto nos reservas. Se não bastasse a dificuldade do adversário, os gaúchos decidiriam a vaga nos domínios alviverdes, no temido Allianz Parque, em São Paulo.

Nos primeiros 90 minutos da disputa, jogados em Porto Alegre, o Grêmio logo tratou de demonstrar sua força como mandante e abriu vantagem ainda no primeiro tempo. Em jogada iniciada por Luan, a bola foi passada para o meia Douglas que mesmo desiquilibrado conseguiu fazer o passe para o até então contestado volante Ramiro, no qual havia sido colocado em uma posição mais adiantada por Renato Portaluppi, chutar de forma primorosa de fora da área, incobrindo o goleiro Jailson. Após o gol, o Grêmio manteve o domínio amplo da primeira etapa, e no fim dos primeiros 45 minutos de jogo, em cobrança de falta cruzada para a área por Luan, o zagueiro Geromel cabeceou para a meta alviverde, mais uma vez a bola estava entrando ao encobrir o goleiro Jailson, porém, caprichosamente bateu no travessão e sobrou para Pedro Rocha, que livre, aumentou para dois gols de diferença a vantagem tricolor na Arena.

Na segunda etapa, um dos melhores elencos do Brasil em 2016 mostrou a que veio: adiantou as linhas de marcação e impossibilitou criações de jogadas gremistas, logo, começou a trabalhar com mais intensidade a bola no ataque, ficando mais perto de descontar o placar. O panorama inicial da partida pouco demorou para se resultar em alteração no placar da partida: em rápida jogada trabalhada, Gabriel Jesus ficou livre na frente de Marcelo Grohe, que derrubou o jovem atacante palmeirense. O juiz prontamente marcou a penalidade, e Zé Roberto, com toda sua experiência, converteu em gol do time paulista. O restante do jogo resumiu-se em duas equipes atacando, mas que no entanto pouco efetivas foram para alterar os números da partida.

Na partida decisiva disputada em São Paulo, no Allianz Parque, a tarefa tricolor se mostrava extremamente complicada: segurar o até então melhor time do Brasil em sua casa. A tarefa de fato era complicada, porém, executada com excêlencia pelos mandatários de Renato. A primeira etapa se mostrou em um Palmeiras de certa forma buscando o gol, porém, sem de fato proporcionar uma maior pressão ao Grêmio.

O segundo tempo da disputa foi repleta de emoção na disputa. O Palmeiras avançou as linhas de marcação assim como havia feito no segundo tempo da partida em Porto Alegre, e assim como no jogo anterior, chegou ao empate: em cobrança de estanteio feita por Cleiton Xavier, Edu Dracena de forma inteligente subiu mais que Geromel e ajeitou de cabeça para Thiago Martins, que também de cabeça deslocou Bruno Grassi e abriu vantagem para os paulistas, e com o resultado, garantia classificação para a fase a seguir.

O panorama da partida naquele momento era catastrófico para o Grêmio, o Palmeiras mantinha total controle da partida e encontrava-se com um placar suficiente para seguir na competição, porém, em um carrinho irresponsável do argentino Allione no atacante Everton, o time de Cuca tem um de seus jogadores expulsos pelo juiz, assim, o tricolor ficava com um homem a mais em campo, fato que proporcionou aos gaúchos o controle da partida. Assim, as jogadas começaram a ser trabalhadas de forma mais qualificada, fator preponderante para depois de intensa movimentação, Douglas encontrar Everton na extrema esquerda de ataque e com velocidade, deslocar a marcação para fuzilar o gol palmeirense e colocar novamente o tricolor em vantagem. Após o gol o Palmeiras até tentou proporcionar mais perigo aos visitantes, porém, com um homem a menos em campo pouco pode fazer, de tal forma, concretizando a participação gremista nas semifinais.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio
Foto: Lucas Uebel/Grêmio

Semifinais: atuação perfeita em Belo Horizonte e classificação assegurada contra o Cruzeiro

As semifinais da Copa do Brasil 2016 proporcionou o confronto dos maiores campeões da história da competição, tendo Grêmio e Cruzeiro conquistado por quatro vezes a Copa. No sorteiro, ficou decidido que a classificação para a final seria decidida em solo gaúcho, tendo a  primeira partida realizada em Belo Horizonte e a decisão disputada em Porto Alegre. Um grande espetáculo formou-se em volta do primeiro confronto das semifinais. Mais de 53 mil torcedores cruzeirenses se fizeram presentes no Mineirão para ecoar a força celeste para assim intimidar os visitantes gaúchos, fato que não foi visto nos 90 minutos disputados em Minas Gerais.

O tricolor gaúcho em momento algum comportou-se de forma que se mostrasse vulnerável ao adversário, a segurança defensiva proporcionou aos gaúchos a tranquilidade de poder trabalhar de maneira mais qualificada a bola. De tal maneira, trocando passes e mantendo a intensidade tanto defensivamente quanto ofensivamente no que se refere à movimentação dos atletas, assim, com sua primordial característica de troca de passes, o Grêmio chegou ao gol com Luan, em um lance gênial do atacante gremista, instalando um alerta de pânico na imensa torcida cruzeirense que de forma maciça se fazia presente.

Na segunda etapa um ato foi preponderante para o resultado final da partida: Mano Menezes saca um lateral e coloca um meia, abrindo o time para buscar o resultado nos 45 minutos finais. O que seria uma modificação para qualificar ainda mais o Cruzeiro frente o time visitante acabou tornando-lhe ainda mais vulnerável defensivamente, proporcionando espaços generosos aos rápidos contra-ataques gaúchos, que assim, chegou ao seu segundo gol: em um lançamento errado do zagueiro mineiro Léo, o lateral esquerdo do Grêmio, Marcelo Oliveira, de forma despretenciosa chutou em direção ao meio de campo, lá se encontrava Ramiro, no qual dominou e lançou Douglas que de forma inteligente projetava-se para receber o passe de seu companheiro, passe que aconteceu e deixou o camisa 10 tricolor na cara do goleiro Rafael, no qual foi deslocado e viu os gaúchos mais uma vez comemorarem um gol em pleno Mineirão, calando mais de 53 mil vozes cruzeirenses.

A segunda partida que consagraria uma das duas equipes à final da competição foi disputada em solo gaúcho. Com gigantesca vantagem no placar, o tricolor apenas segurou a vantagem nos 90 minutos para encaminhar a classificação. Tanto no primeiro quanto no segundo tempo, os mandantes pouco atacaram, porém, pouco oportunizaram chances ao Cruzeiro de atacar a meta de Marcelo Grohe. Com isso, pela oitava vez em sua história o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense se faz presente na grande final da Copa do Brasil, e em caso de conquista de título, tornar-se clube mais vezes campeão, tornando-se o único pentacampeão da competição.

Foto: Lucas Uebel/Grêmio
Foto: Lucas Uebel/Grêmio

As finais da Copa do Brasil serão disputadas por Grêmio e Atlético-MG nos dias 23 e 30 de novembro, tendo sua primeira partida realizada em Belo Horizonte e o título sendo decidido na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.