Walace e Luan são dois jogadores essenciais na campanha gremista. Atletas de bom aproveitamento em suas funções, ambos fizeram parte da Seleção Olímpica Brasileira nos Jogos Rio 2016. Não só estiveram presentes nos treinamentos como ganharam a condição de titulares durante a edição da Olimpíada. Superaram a descrença de setores midiáticos e da torcida brasileira para tomarem posição entre os 11 do técnico Rogério Micale. Titulares incontestáveis no Grêmio, podem enfim comemorar uma medalha dourada também com a camisa do Tricolor de Porto Alegre.

Com a Seleção

Walace e Luan firmaram pé na seleção de Rogério Micale na Olimpíada 2016. O baiano ganhou espaço no meio de campo como boa peça de marcação e imponência no centro. Recuperação de bola, passadas largas e botes firmes para desarme são algumas de suas características.

Já Luan movimentou de forma inteligente no ataque brasileiro com companhia a Neymar e Gabriel Jesus. Luan tem a capacidade de abrir espaço, de jogar com qualidade quando ganha um distanciamento da marcação. Flutua muito e consegue se deslocar entre as linhas. Não raramente, mesmo bem marcado, possui o recurso do drible e surpreende marcadores.

A evolução de Walace

Walace participou de toda a campanha gremista na Copa do Brasil. Nos anos anteriores, o baiano possuía maiores déficits de atenção, desconcentrações que foram aos poucos corrigidas para seu aprimoramento. Sofria muito por cartões amarelos bobos, que seguidamente poderiam ser evitados. Nasciam de botes errados ou de momentos em que adiantava a bola em domínios, ou ainda oriundos de passes curtos errados no centro de campo. Por outro lado, a evolução de um jogo mais limpo de Walace passa por um Grêmio mais compacto, mais organizado e que evita Walace na condição de vilão para matar as jogadas adversárias.

No meio de campo do Grêmio, Walace teve a companhia de dois jogadores. O capitão Maicon é o titular para função de segundo volante, com Walace como o mais movimentado à frente da zaga tricolor. O baiano também atuou com o jovem Jailson, nas ausências de Maicon por lesão.

Walace se caracteriza por uma boa movimentação, conseguindo estar presente para conter ataques centrais dos oponentes. Quando a bola vem da lateral, consegue fechar a linha com os zagueiros e ser importante para o afastamento das proximidades da meta defendida por Grohe.

A evolução com a idade é notável jogo a jogo, com Walace mais calmo no fundamento dos desarmes, no pensamento para conter dribles e fechar a linha dos passes. Jogador de imponência, possui passadas largas e envergadura, com atributos acima da maioria dos volantes. Seu jogo mais tranquilo se deve à evolução dos passes. A recuperação de bola não fica só enquanto desarme, mas com a retomada efetiva em posse, através de bons passes curtos, sem afobação. Este era um de seus maiores problemas no início de carreira e nas temporadas anteriores, mas está em andamento para correção e cada vez menos comprometimento da equipe.

Walace, enquanto primeiro volante, chama jogo pela central do campo defensivo, encontra os companheiros pelas laterais ou o talento de Douglas pelo meio. Com o Grêmio no campo de ataque, não se exclui e procura se incluir na linha de passe, com boa percepção. O volante mais conhecido pela qualidade no passe é Maicon, que fez o papel de pifador no jogo de ida contra o Atlético Mineiro, mas Walace também articula jogadas e consegue puxar saídas de jogo rápidas ou contra-ataques.

O duelo na final contra o Atlético Mineiro se voltou mais com Robinho. Walace mais uma vez demonstrou imposição sobre o atacante adversário e teve poucas complicações contra o atleta de técnica apurada.

O papel vital de Luan

Luan apresentou um crescimento de temporada em temporada. Chegou ao profissional do Grêmio em 2014, logo durante o Campeonato Gaúcho e a Copa Libertadores da América. Demonstrou potencial para estar entre os grandes, como se diz. Não demorou para pintar nas Seleção Brasileira Olímpica, sempre com bom aproveitamento: técnico, tático e com gols. No Grêmio, a torcida exigente ainda o esperava mais decisivo.

Com crescimento em números de gols marcados e assistências, Luan chegou em 2015 a receber o prêmio da Bola de Prata do Brasileirão. Em 2016, chegou à condição de artilheiro gremista no ano, além de versátil novamente nas assistências. A função de falso 9 lhe caiu como luva e Luan a cumpriu com movimentação e inteligência para abrir espaço elogiáveis.

No time gremista, Luan busca aproximação nas passagens de Pedro Rocha ou Everton, preferencialmente pela esquerda. Centralizado, consegue jogar com Douglas e assim nasceram gols marcantes na movimentação gremista. Duas vezes em 2016 foi Ramiro quem concluiu jogadas iniciadas por Luan, que passou para Douglas e Douglas para a finalização de Ramiro. O camisa 7 gremista iniciava as arrancadas pelo meio, conduzindo com objetividade, com o recurso do drible e com olhar para frente para disseminar seus passes. Nas quartas de final, diante do Palmeiras, Luan fez excelente primeiro tempo contra o Verdão na Arena. Inicia um dos gols de Ramiro discorridos acima, além de cavar e cobrar a falta que origina o segundo tento, na vitória por 2 a 1.

O único gol de Luan durante a campanha da Copa do Brasil foi marcado contra o Cruzeiro, no jogo de ida da semifinal. O Grêmio trocou passes por 1m03s, com a bola a passar por todos os setores. Pela esquerda, Luan resolve infiltrar para entrada da área, Marcelo Oliveira fez bem o apoio, chamou a tabela com atacante da posição, Pedro Rocha, rolou para trás e Luan mostrou toda sua categoria para chutar colocado, no ângulo e abrir o placar para o Tricolor. Com o gol marcado, Luan quebrava um jejum de 12 partidas sem ir às redes, o maior de seus jejuns com a camisa gremista. A condição, coincidentemente, durava desde sua ida à seleção para disputa da Olimpíada.

Ainda neste jogo diante do Cruzeiro, Luan pressiona uma saída de bola cruzeirense e obriga ao erro do adversário, o Tricolor recupera a posse e a jogada termina no 2 a 0, em gol de Douglas. Luan nem sempre é o mais ligado dos ofensivos gremistas para compactar a marcação imediata, em caso de perdidas de bola. Pedro Rocha e Ramiro acompanham bem os laterais e o camisa 7 tem um papel do primeiro combate, muitas vezes feito por Douglas, que apresenta um físico em menor condição de volta para marcação.

Os adversários sabem que perder uma bola para Luan em seu campo de defesa pode ser fatal e esse cuidado excessivo também reflete nas poucas roubadas do camisa 7. A função de combate no campo ofensivo, todavia, recebe o auxílio dos companheiros e as recuperações mais adiantes no lance são de bom grado para uma resposta veloz do Grêmio. Foi assim em recuperações que o Tricolor construiu muitos lances de suas campanhas.

A busca por qualificar a saída de bola passa por Walace e Maicon, na condição de armação desde a aproximação e o recebimento dos zagueiros para jogar de cabeça erguida. Na frente, Luan inicia um trabalho de marcação muito bem disposto por seus companheiros de lado de campo e, assim, o Grêmio apresentou um time em disputa do título da Copa do Brasil 2016. O alto índice de concentração nos jogos reduziu a margem de erros e o Tricolor conseguiu sair invicto dos duelos fora de casa na competição.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.