Uma das figuras mais emblemáticas da história do jornalismo gaúcho, o jornalista Paulo Sant’Ana veio a falecer às 22h10 desta quarta-feia(19). De acordo com boletim médico do hospital, o cronista deu entrada no hospital Moinhos de Vento na manhã desta quarta apresentando quadro de insuficiência respiratória e infecção generalizada. O velório ocorrerá a partir das 08h30 desta quinta-feira(20) na Arena do Grêmio e o sepultamento às 17h00, no Cemitério João XVIII. O jornalista símbolo deixa uma mulher e três filhos.

Início da carreira como jornalista

Tendo iniciado sua carreira como feirante, Paulo Sant’Ana teve seus primeiros contatos com a imprensa quando assumiu o posto de inspetor e delegado da Polícia Civil. Logo, com a notoriedade em que possuia dentre a torcida do Grêmio já na época, foi convidado a participar do programa esportivo Conversa de Arquibancada, da TV Piratini.

Sempre ecoando seu fanatismo e elevando ao mais elevado som o quanto amava o tricolor gaúcho, foi naturalmente se destacando devido sua postura irreverente nos microfones. A forma diferenciada com que Sant’Ana se comportava instigou não somente os ouvintes, mas também aos gestores do programa na época, que acabaram por lhe convidar a participar do Sala de Redação da Radio Gaúcha, no início dos anos 70, programa no qual se tornaria membro dois anos depois. 
Tendo sido contratado para escrever uma coluna esportiva no Jornal Zero Hora, foi fazer parte de forma oficial do Grupo RBS apenas no ano seguinte. Após 19 anos, ganhou espaço em uma coluna diária na penúltima página do Jornal Zero Hora.

Paixão pelo Grêmio e bordões

Além de um profissional que transpirava talento, Paulo Sant’Ana era essencia do mais puro futebol. Caracterizado por frases fortes e polêmicas, Sant’Ana era o representante do folclore futebolístico dentre os meios de comunicação da época, sempre assumindo seu papel de torcedor gremista que defendia suas cores em quaisquer fossem os momentos. Sempre tendo “Preteou o olho da gateada” na ponta da língua, além da sagaz resposta aos questionamentos a que lhe fossem feitos.

Fato é que esse ícone alimentou por anos o que havia de mais puro no futebol gaúcho: a rivalidade GreNal pacífica, com provocações sadias e cornetas em sua grande maioria geniais. Um gênio capaz de criar frases e bordões do absoluto nada, um cronista de inteligência superior a qualquer padrão considerado normal. Assim foi um dos maiores nomes do jornalismo gaúcho, simplesmente único em seus gestos, simplesmente genial em suas palavras e simplesmente Francisco Paulo Sant'Ana.

Tivestes anos de glória junto ao imortal tricolor, os feitos da tua história o Rio Grande relembrará com amor. Nós como eternos leitores sem hesitarmos sequer, aplaudiremos o gênio aonde ele estiver. Até o além falaremos o quão genial que tu és, mas o certo é que falta sentiremos do Sant’Ana onde o Sant’Ana estiver.