O sonho pelo Tri da América segue mais vivo do que nunca e agora apenas dois jogos separam o Grêmio de reconquistar a América pela terceira vez em sua história. Para isso, o Tricolor precisa superar o Lanús da Argentina que chega para a sua primeira final da história. Chegou a hora dos gremistas encararem seu maior pesadelo na América: superar um clube argentino na final.
Grêmio e retrospecto histórico contra argentinos na Libertadores
Historicamente os argentinos são uma pedra no sapato para os clubes brasileiros, mas ganha um tom mais dramático quando se trata contra a parte azul do Rio Grande do Sul. Grêmio já esteve em campo em 18 oportunidades contra algum clube argentino, venceu seis, empatou seis e perdeu seis. Apesar de aparentemente os números serem equilibrados, quando se trata de mata-mata, o Grêmio levou a melhor em duas oportunidades: 2001 diante do River Plate e 2017 nas oitavas contra o Godoy Cruz.
Retrospecto geral do Grêmio contra argentinos:
18 jogos
6 vitórias
6 empates
6 derrotas
44,4% de aproveitamento
18 gols pró
20 gols contra
Em finais, Grêmio nunca venceu os argentinos
O Grêmio chega para a sua terceira final contra os argentinos, nas duas finais anteriores o torcedor gremista não tem nenhuma boa recordação. Foram 4 partidas: 3 derrotas e um empate, nenhum gol marcado e 6 gols sofridos.
Para piorar o retrospecto, jogando em casa, o Grêmio perdeu os dois embates contra os argentinos (1 a 0 em 1984 contra o Independiente e 2 a 0 em 2007 diante do Boca Juniors). Definitivamente um drama a ser superado pelo Tricolor.
1984 - O sonho do Bi acaba diante de um poderoso time do Independiente
Um ano após o título inédito da Libertadores, o Grêmio estava novamente diante de uma decisão na América. O sonho do Bi estava mais vivo do que nunca, porém do outro lado, simplesmente estava o maior campeão de todos os tempos da Libertadores; Independiente de Avellaneda.
Em 1984, a fórmula da Libertadores era muito diferente e o Grêmio, como campeão anterior, pôde entrar já na fase semifinal (que era na verdade um triangular, onde o campeão do grupo se classificava para final), um mimo que soube justificar: logo de cara, sapecou 5-1 no Flamengo e, fora de casa, arrancou um 2 a 0 no outro concorrente, os surpreendentes venezuelanos da Universidad Los Andes. Os cariocas venceram os gaúchos por 3 a 1. A seguir, o Grêmio aplicou outra goleada no Sul: placar de 6 a 1 na Universidad. Empatados na pontuação, Grêmio e Flamengo disputariam o desempate.
O jogo-extra era aplicado nesses casos como critério de desempate (quando equipes empatavam em números de pontos). A decisão era em campo neutro, no caso, em São Paulo, com os gremistas tendo vantagem do empate pelo enorme saldo. Mais longe de casa que os rubro-negros, os tricolores cozinharam friamente o 0-0 ao fim de 120 minutos, pois houve prorrogação, e chegavam à final novamente.
A equipe formada por Renato Gaúcho, Hugo de Léon, China, Tarciso e cia. tinha diante de si o Independiente da Argentina, que tinha como destaque o meia Ricardo Bochini. A primeira partida da decisão foi em Porto Alegre, com os Estádio Olímpico completamente lotado. Para surpresa dos 75 mil torcedores que foram ao Olímpico ver o Grêmio (favorito) abrir vantagem na decisão, acabaram vendo um domínio completo da partida pelos argentinos que neutralizaram Renato Gaúcho e, principalmente na segunda etapa, viram Bochini dar um verdadeiro show e comandar a equipe de Avellaneda na vitória pelo placar mínimo de 1 a 0 (gol de Burruchaga aos 24 minutos do primeiro tempo), que acabou saindo barata segundo os meios de comunicação da época.
Na Argentina, na noite de 27 de julho de 1984, 60 mil argentinos apaixonados pelo Independiente viram somente a equipe da casa segurar a vantagem construída em Porto Alegre e empatar sem gols, resultado que garantiu o sétimo título de Libertadores à equipe roja e o fim do sonho do bicampeonato do Grêmio.
Ficha do segundo jogo:
Independiente: Carlos Goyen, Néstor Clausen (Rodolfo Zimmerman), Hugo Villaverde, Enzo Trossero e Carlos Enrique, Ricardo Giusti, Claudio Marangoni, Ricardo Bochini e Jorge Burruchaga, Sergio Bufarini e Alejandro Barberón. Técnico: José Omar Pastoriza.
Grêmio: João Marcos, Paulo César, Baidek, Hugo de León e Casemiro, China, Osvaldo e Luís Carlos, Renato Gaúcho, Guilherme e Tarciso. Técnico: Carlos Froner.
Árbitro: Mario Lira (CHI).
Sonho do Tri esbarra no Boca Juniors de um Riquelme inspirado
Vinte e três anos depois de enfrentar o Independiente, o Grêmio novamente se reencontrava com um argentino na final de uma Libertadores, dessa vez seu adversário era o Boca Juniors e a equipe brasileira já buscava o tricampeonato, pois em 1995, o Grêmio havia se tornado bicampeão em cima do Atlético Nacional da Colômbia.
A equipe treinada por Mano Menezes e que tinha Tcheco, Diego Souza e Carlos Eduardo no time, mostrou durante toda a Libertadores o espírito de time copeiro. Ninguém imaginaria que o Tricolor chegaria a uma final, e não só chegou como derrubou o poderoso Santos (de Luxemburgo, Zé Roberto, Renato e cia.) na semifinal, além de uma virada improvável contra o Defensor do Uruguai, após perder o jogo de ida fora de casa por 2 a 0. Nas oitavas, o tricolor havia eliminado o São Paulo.
Na final e com o segundo jogo sendo decidido em casa, o Tricolor ganhou certo favoritismo que acabou sendo completamente destruído por um timaço formado do Palermo, Banega, Palácio e o maestro e craque Riquelme, que simplesmente foi o grande carrasco gremista.
Na Argentina, o tricolor vinha segurando o empate com bastante consistência até que Sandro Goiano foi expulso ainda na primeira etapa e complicou definitivamente as coisas para o Grêmio. Com um a mais o Boca tomou conta do jogo e aplicou um 3 a 0 difícil de ser revertido em Porto Alegre, Palácio, Riquelme e Ledesma fizeram os gols argentinos.
Apesar da desvantagem em Buenos Aires, a torcida lotou o Olímpico para empurrar o Grêmio na busca por uma virada histórica. A equipe de Mano Menezes pressionou muito o Boca durante os 45 minutos iniciais mas não conseguiu furar o bloqueio montado por Miguel Angel Russo. Na segunda etapa novamente Riquelme foi o elemento diferencial da partida e marcou os dois gols da vitória argentina em pleno Olímpico que ainda viu Palermo desperdiçar um pênalti já no finalzinho da partida.
Dez anos depois e chance de reescrever a história
Dez anos se passaram da mística final contra o Boca Juniors e o Grêmio se encontra novamente na final da Libertadores, dessa vez contra um novato argentino, o Lanús, pode ser a grande chance do Grêmio espantar essa "touca" que a equipe gremista tem contra os argentinos e se tornar Tricampeão da América e buscar o tão sonhado Bicampeonato mundial.