Foi uma linda jornada. Desde a fase de grupos até a final, o Grêmio provou ser merecedor da conquista da Copa Libertadores da América. Da estreia contra o Zamora até a final contra o Lanús, foi uma equipe consistente e que ocupa hoje o posto de melhor time do continente.
Do início ao fim, a VAVEL conta a história do tricampeonato, buscando eternizar os momentos vividos pelo torcedor gaúcho. Confira:
(09/03) - Zamora 0x2 Grêmio
Logo após um clássico Gre-Nal que terminou empatado na Arena, era hora de viajar até a Venezuela para estrear na Copa Libertadores. Já de estreia, o técnico Renato Gaúcho teve de conviver com seu principal problema em toda a campanha: os desfalques. Ele deveria começar a campanha sem Pedro Geromel e sem o então capitão Maicon.
Em lance com a cara e o jeito do time do Grêmio, uma longa troca de passes culminou no gol de Léo Moura, que girou batendo forte e marcando o primeiro tento da equipe na Libertadores. De pênalti, Luan marcou o segundo e o frágil time do Zamora estava batido.
(11/04) - Grêmio 3x2 Deportes Iquique
Jogando o terceiro de quatro jogos seguidos na Arena do Grêmio, o time gaúcho foi a campo novamente com Geromel como desfalque de última hora. Mas isso não impediu um show de Luan no primeiro tempo, marcando dois belos gols. Pedro Rocha sofreu pênalti ainda no primeiro tempo e Miller Bolaños converteu para o que parecia ser uma vitória tranquila.
"Nana neném" ataca e Iquique marca dois na segunda etapa
Na segunda etapa, em um evento que Renato Gaúcho depois descreveu como "nana neném", o Grêmio sofreu dois gols do time chileno em duas falhas táticas de Michel e teve um pequeno apagão. Mas nada que ameaçasse tremendamente a vitória e a garantia da liderança da chave.
(20/04) - Guaraní 1x1 Grêmio
Inusitadamente, o Grêmio jogou contra o Guaraní no Paraguai com seu time reserva. Renato procurou poupar os jogadores titulares para a semifinal do Campeonato Gaúcho, contra o Novo Hamburgo, a qual acabou perdendo nos pênaltis, dias depois. Foi neste jogo que o treinador encontrou Arthur, que acabaria se tornando peça decisiva na conquista. Fernandinho, Barrios, Cortez e Edílson, então reservas, também atuaram em Assunção.
O jogo foi equilibrado na primeira etapa, mas com o Grêmio dominando os primeiros minutos. Na segunda etapa, Michel foi expulso e onze minutos depois, o Guaraní abriu o placar.
Então o time gaúcho tirou o coelho da cartola e colocou em campo o titular que estava suspenso para o Gauchão: Pedro Rocha. Ele entrou e recebeu lindo lançamento do jovem Arthur para empatar a partida.
(27/04) - Grêmio 4x1 Guaraní
Quatro dias após perder para o Novo Hamburgo nos pênaltis na semifinal do Gauchão, o time titular poderia estar abalado, mas certamente não demonstrou isso em campo quando a tarefa era encarar o Guaraní novamente para garantir virtualmente a classificação antecipada às oitavas de final.
Contra um time completamente perdido e que só sabia bater, o Tricolor passeou e quem brilhou foi Lucas Barrios. Agora titular, ele marcou um hat-trick ou triplete, como preferir. Foram três gols de centroavante que nem o gol contra de Léo Moura conseguiu ofuscar. Geromel também marcou e o Grêmio estava virtualmente classificado às oitavas.
(03/05) - Deportes Iquique 2x1 Grêmio
De sangue doce mas com time titular, o Grêmio foi ao Deserto de Calama, no Chile para tentar mais um triunfo. Mas o que se viu foi uma atuação apática e gols polêmicos do Deportes Iquique, que venceu o jogo.
No começo, não parecia que a derrota viria. Barrios aproveitou desvio na área após um cruzamento e, no segundo poste, empurrou para o fundo do gol, abrindo o placar. Pouco tempo depois, um rebote dado por Grohe voltou para o atacante adversário e Ramiro cometeu pênalti. O empate veio.
E na segunda etapa, não houve quem pudesse salvar o Grêmio do desastre: Pedro Rocha encostou em um meia chileno e o juiz apitou falta. Diego Torres foi quem cobrou com perfeição e acertou o ângulo para virar o jogo. Com o time de cabeça quente, Ramiro ainda foi expulso no final da partida que marcou a única derrota do Tricolor na competição.
(25/05) - Grêmio 4x0 Zamora
Mais de 20 dias haviam se passado desde a última derrota e o time estava em uma fase impressionante, com três vitórias seguidas contra Botafogo, Fluminense e Atlético Paranaense. E o que se viu na Arena foi mais um passeio do time gaúcho.
Para garantir matematicamente a vaga nas oitavas de final, bastava só uma vitória contra o lanterna Zamora. E foi o que aconteceu. Jogando com Luan, Pedro Rocha, Barrios e Gastón Fernandez no ataque, o Grêmio deu show e carimbou a vaga com uma goleada de 4 a 0.
Classificação final do Grupo 8 da Copa Libertadores da América
Grêmio | 13 |
Guaraní | 11 |
Deportes Iquique | 10 |
Zamora | 0 |
E quando veio o sorteio, veio um dos mais difíceis adversários possíveis dentre as opções.
(04/07) - Godoy Cruz 0x1 Grêmio
Com time completo e já consolidado com os titulares Bruno Cortez, Arthur e Michel, o Grêmio foi até o Estádio Malvinas Argentinas, em Mendoza para encarar a primeira batalha do mata-mata, nas oitavas de final.
E se o clima poderia ser nervoso para o jogo decisivo, o time de Renato não sentiu nada: com apenas 40 segundos de partida, Barrios escorou, Pedro Rocha cruzou para o meio e Ramiro completou para o gol, marcando o único tento da partida e deixando o time numa boa para avançar às quartas.
(09/08) - Grêmio 2x1 Godoy Cruz
Sob desconfianças e rumores sobre uma possível saída de Luan para o Spartak Moscou, o Grêmio encarou o jogo de volta contra o Godoy Cruz como uma decisão, além do clima de despedida que estava formado.
E um susto deu pânico na Arena logo aos 13', quando Correa recebeu na intermediária e soltou uma bomba que Grohe não conseguiu defender. O nervosismo estava formado.
Mas ele não durou muito: aos 28', Barrios pegou rebote do goleiro e cruzou para Pedro Rocha empatar. Na segunda etapa, o Grêmio voltou ainda melhor e em arrancada de Geromel, Luan armou para Barrios, que chutou e viu Pedro Rocha pegar o rebote da trave, virando o jogo e garantindo o Tricolor nas quartas.
A despedida foi outra: o adeus de Pedro Rocha
O Spartak Moscou realmente esteve em Porto Alegre, mas não levou Luan. Ao invés disso, observando a partida contra o Godoy Cruz, o time foi atrás de Pedro Rocha, e acertou para levar o jovem gremista. A partida que parecia ser uma despedida de um jogador acabou sendo de outro, que sempre será lembrado com carinho pela torcida do Grêmio.
Oitavas de Final
Barcelona 1-0 Palmeiras | Palmeiras (4)1-0(5) Barcelona |
Atlético-PR 2-3 Santos | Santos 1-0 Atlético-PR |
Nacional 0-1 Botafogo | Botafogo 2-0 Nacional |
Godoy Cruz 0-1 Grêmio | Grêmio 2-1 Godoy Cruz |
Jorge Wilstermann 1-0 Atlético-MG | Atlético-MG 0-0 Jorge Wilstermann |
Guaraní 0-2 River Plate | River Plate 1-1 Guaraní |
Emelec 0-1 San Lorenzo | San Lorenzo (5)0-1(4) Emelec |
The Strongest 1-1 Lanús | Lanús 1-0 The Strongest |
O drama de Luan: lesão afastaria o craque do time por 45 dias
Quando Luan lesionou-se na coxa, o Departamento Médico do time gaúcho afirmou que ele estaria de volta em duas semanas. Porém, em caso similar ao do zagueiro Geromel, o atacante ficou mais tempo parado, perdendo partidas importantes da Libertadores.
O próximo adversário do Grêmio seria um velho conhecido que já havia sido derrotado nesse ano.
(13/09) - Botafogo 0x0 Grêmio
Exatamente um mês após perder para o mesmo Botafogo pelo Brasileirão, era hoje de enfrentar o Glorioso, desta vez pela Libertadores. Renato Gaúcho tinha uma gigantesca dor de cabeça para a partida: não tinha Luan, Geromel, Michel e Maicon para a partida, além de já ter perdido Pedro Rocha.
Jogando com Bressan, Jaílson e Léo Moura, além do novo titular Fernandinho, o Grêmio partiu para o ataque e seguiu no seu estilo de jogo, no toque de bola e com muita marcação. Foi uma partida de poucos espaços e poucas chances de gol que acabou em placar zerado.
(20/09) - Grêmio 1x0 Botafogo
Com as voltas de Geromel e Michel, o clima para o jogo de volta era de maior confiança em relação à ida, apesar de saber que a dificuldade seria imensa. Com Arena lotada e público animado, era hora de ver se aquele time estava maduro o suficiente para passar do desafio.
E foi apertado. O Botafogo dominou o primeiro tempo e o técnico Jair Ventura deu um nó tático em Renato Gaúcho. Jogando com rápida transição nos contra ataques, o time quase abriu o placar, mas Grohe salvou chute de Pimpão e a trave evitou o tento de Bruno Silva.
Na segunda etapa, o jogo ficou mais nervoso. A única maneira de marcar seria pelo alto, e foi por lá que o Grêmio chegou. Edílson cobrou falta e Barrios desvencilhou-se da marcação para cabecear e marcar o gol do jogo. Foi o tento emblemático que deu forças para a conquista da América.
Quartas de Final
Barcelona 1-1 Santos | Santos 0-1 Barcelona |
Botafogo 0-0 Grêmio | Grêmio 1-0 Botafogo |
Jorge Wilstermann 3-0 River Plate | River Plate 8-0 Jorge Wilstermann |
San Lorenzo 2-0 Lanús | Lanús (4)2-0(3) San Lorenzo |
O caminho no mata-mata provou que a competição muda de figura quando o formato é diferente. No grupo, tranquilidade, mas nas fases seguintes, é o nervoso que toma conta. E o próximo adversário do Grêmio estava se especializando em derrubar o nervosismo e a lógica.
(25/10) - Barcelona 0x3 Grêmio
Luan estava de volta, e em meio ao mar amarelo do lotado Estádio Monumental de Guayaquil, ele brilhou. O que Luan e Marcelo Grohe fariam naquele dia seria para mostrar ao mundo que o futebol do Grêmio era brilhante. Vale destacar que o Barcelona não tinha seu principal jogador: Jonathan Álvez, suspenso.
Calmo e preciso, o Tricolor tocou a bola e começou a desanimar a torcida local. Com sete minutos, Cortez cruzou e a zaga afastou mal, no pé de Luan, que abriu o placar. Aos 20', Edílson cobrou falta de longe, e diante da barreira mal armada pelo goleiro Banguera, venceu fácil o obstáculo e abriu 2 a 0 no marcador.
Defesa do século e terceiro gol na sequência
Ninguém sabe pelo que passou Marcelo Grohe até chegar àquele momento. Sob críticas e desconfianças o goleiro atravessou o ano de 2016 na superação, sendo campeão da Copa do Brasil como figura decisiva.
No ano seguinte, virou gigantesco: quando Damián Díaz cabeceou para o meio, Ariel Nahuelpán bateu forte e o goleiro fez a defesa mais fenomenal já vista na Libertadores, salvando a poucos centímetros da meta e deixando todos no Estádio incrédulos.
O lance ocorrou aos três minutos do segundo tempo, e se a bola entrasse, poderia mudar o rumo do jogo. Mas não entrou, e apenas mais três minutos depois, Edílson fez linda jogada e cruzou para Luan aumentar o placar. 3 a 0, ao natural.
(01/11) - Grêmio 0x1 Barcelona
Bastava apenas prender o jogo e procurar tocar a bola para comemorar vaga na final da Libertadores. Não era necessário muito, apesar do caos que o Barcelona aplicou em Botafogo, Palmeiras e Santos. E o que se viu em campo foi "nada". Apatia geral.
Sem Lucas Barrios, Renato precisou contar com o recém-chegado Cícero no meio de campo. Ele foi quem teve a melhor chance do Grêmio, cabeceando para fora em um lance fácil. O Barcelona era melhor no jogo e abriu o placar com o artilheiro Jonathan Álvez.
Na segunda etapa, novo susto: Esterilla acertou a trave de Grohe aos dez minutos, sendo assim um lance que poderia mudar definitivamente a história do jogo. O Tricolor prendeu a bola, esfriou o Barcelona e perdeu pelo placar mínimo, mas comemorou vaga na final.
Semifinais
Barcelona 0-3 Grêmio | Grêmio 0-1 Barcelona |
River Plate 1-0 Lanús | Lanús 4-2 River Plate |
A semifinal entre Lanús e River Plate foi de meter medo em qualquer torcedor. Apesar de saber que o Grêmio jogava o melhor futebol da competição, os torcedores acompanharam o Granate fazer 4 a 2 no River Plate de virada e arrebatar um confronto quase perdido. Era este o desafio da grande final.
Grêmio of drones: caso de espionagem ganha destaque na mídia
O clima para a final começou a esquentar quando o treinador do Lanús, Jorge Almirón afirmou que não tinha medo do Grêmio, pois havia visto o futebol do time e não se impressionara.
Mas a coisa piorou: em reportagem divulgada por um veículo da mídia brasileira e internacional, foi deduzido que o Tricolor pagava um espião para controlar um drone e captar imagens de treinos de seus adversários como Botafogo, Vasco e outros.
(22/11) - Grêmio 1x0 Lanús
Aos trancos e barrancos, chegaram duas equipes à final da Copa Libertadores. Era hora de ver quem é quem, e o Lanús era um time que prometia encrencar muito o jogo do Tricolor.
E a partida era de muita tensão. Quem começou melhor foi o time argentino, que em uma cabeçada parou em nova defesa espetacular de Marcelo Grohe. Kannemann foi amarelado e estaria de fora da grande final. O primeiro tempo foi atípico para o Tricolor, que fazia agora o que nunca fez no ano: cruzar para a área.
Ao final da partida, nada de gols e a expectativa só crescia. Eis que surgem os heróis improváveis, Cícero e Jael. Renato apostou nos dois e teve o resultado. Edílson cruzou na área aos 36', Jael subiu e escorou para o meia bater de primeira e vencer o goleiro Andrada.
E no final da partida, uma grande polêmica: Jael foi derrubado no último lance do jogo, dentro da grande área em um lance de força desproporcional. O juíz optou por não olhar o vídeo e não deu o pênalti, encerrando a partida.
(29/11) - Lanús 1x2 Grêmio
Havia chegado o dia, e ninguém sabia o que fazer. Torcedores estavam perdidos em um misto de emoção e perda dos sentidos. Os únicos que precisavam saber exatamente o que fazer eram os jogadores do Grêmio. E esses, como sempre, souberam jogar futebol e comprovar que mereciam a taça em pleno Estádio La Fortaleza.
Com Bressan titular, o Grêmio não deu chances ao Lanús no primeiro tempo. Quem pressionou foi o Tricolor, e o Granate, como um time pequeno que é, encolheu-se. Assim ficou fácil para Fernandinho, que pressionou o passe do defensor e roubou a bola no meio de campo, disparando até o gol adversário e abrindo o placar.
O gol de abertura do placar foi aos 27'. E quem jogava era o Grêmio e tão somente. Aos 40', Luan fez um gol extraterrestre para a torcida que queria acabar com o planeta. Recebeu na intermediária, arrancando em contra ataque e deixou três defensores do Lanús na saudade antes de encobrir Andrada. Calma e frieza. Golaço de craque.
Chegou a segunda etapa, e Bressan e Geromel estavam impecáveis. Apenas um descuido poderia atrapalhar a caminhada para o título. E ele veio, mas em menor grau. Jaílson cometeu pênalti em Acosta. Sand converteu e virou artilheiro da Libertadores, mas quem liga?
Aos 37', Ramiro foi expulso por bater no braço do juíz. Podia acontecer, tudo bem. Foi na hora da superação. Com um a menos, o Grêmio ainda quase aumentou o placar com Luan, que errou a trave pela distância de poucos palmos. Léo Moura abraçava Renato aguardando o apito final, e quando ele veio, o descontrole estava formado. Abraços, choros convulsos e Geromel erguendo a taça: um final perfeito.