Muito comparado ao antecessor Diego Aguirre, Argel sempre teve o respaudo do presidente Vitorio Píffero e do grupo de jogadores. O treinador foi responsável por reerguer a auto estima do clube, que estava abalada após a eliminação na Libertadores, inicio ruim no Campeonato Brasileiro e derrota por 5 a 0 para o Grêmio em sua arena. Com 60,65% de aproveitamento, 61 partidas com 32 vitórias e dois títulos, o treinador deixou a equipe após 6 derrotas seguidas em julho de 2016.

A chegada

Após sua chegada em 2015, sob desconfiança da torcida, Argel assumiu uma equipe abatida após ser eliminada na Semi Final da Copa Libertadores da América para o Tigres, e sofrer uma goleada vexatória de 5 a 0 para o maior rival no clássico Grenal 407 na Arena do Grêmio. O treinador inicialmente procurou ajustar o sistema defensivo, fixando Paulão na zaga - que não era nem relacionado por Diego Aguirre -.

Mesmo com todas as desconfianças, e com a eliminação na Copa do Brasil diante do Palmeiras em Allianz Parque. Argel levou o Internacional à disputa da vaga para a Libertadores, contando com grandes atuações de Vitinho - como na vitória no clássico Grenal 408, que foi vencido pelo Inter por 1 a 0 com gol dele -, o Colorado terminou o campeonato na quinta colocação, perdendo a vaga na Libertadores 2016 para o São Paulo.

2016, começando uma temporada

Em 2016, Argel trouxe ao Inter jogadores de sua confiança, como o volante Fabinho. Fez pré temporada na Flórida, disputando a Flórida Cup, onde venceu o Fluminense por 1 a 0 e empatou com o Bayer Leverkusen por 3 a 3. No primeiro jogo oficial da temporada, conquistou o título da Recopa Gaúcha - título sempre muito exaltado pelo treinador -, diante do São José nos pênaltis, após empate por 0 a 0 no estádio Passo D'areia - jogo que marcou a despedida do capitão D'Alessandro, emprestado ao River Plate.

No Campeonato Gaúcho, Argel aproveitou fortemente as categor​ias de base. Tornou o goleiro Alisson capitão da equipe - mesmo vendido para a Roma -, consolidou o sistema defensivo que chegou a passar 11 jogos sem sofrer gols, e conquistou o hexacampeonato vencendo o Juventude por 1 a 0 no estádio Alfredo Jacone e 3 a 0 no Beira-Rio. 

​"Pézinho no chão"

Muito preocupado em manter sua equipe focada após a conquista e evitar excesso de confiança, Argel Fucks instaurou o lema "pézinho no chão" para a sua equipe no Campeonato Brasileiro. A equipe cada vez mais tinha a cara do treinador, após a saída do goleiro Alisson, Paulão que foi resgatado pelo treinador em sua chegada e se tornou jogador de confiança do mesmo, assumiu a braçadeira de capitão.

O time de Argel conquistou grandes resultados. Como o 2 a 1 contra o São Paulo no estádio Morumbi, 1 a 0 contra o Santos na Vila Belmiro e principalmente a partida tida como a maior atuação da equipe de Argel em sua passagem, a vitória por 2 a 0 diante do Atlético-MG, que consolidou o colorado como líder isolado do Campeonato Brasileiro.

O fim

Durante oito rodadas o "pézinho no chão" de Argel deu certo. Mas a grande fase vivida pela equipe começou a se desgastar a partir da primeira derrota (3 a 2 para o Figueirense no estádio Orlando Scarpelli). O bom desempenho da equipe, dependia muito do esforço dos jogadores e da confiança que o treinador vos passava, que a partir da primeira derrota começou a se autodestruir.

Além disso, jovens jogadores como Artur e Andrigo, começaram a ter queda técnica. O retorno de Rodrigo Dourado que estava lesionado desde Janeiro, desajustou a dupla de volantes formada por Fernando Bob e Fabinho. As lesões começaram a aparecer, e então se viu que as alternativas do grupo eram insuficientes.

Argel então pediu reforços. Os únicos a chegar foram o centroavante Ariel e o meia Seijas. O primeiro se mostrou também insuficiente e o outro carecia de adaptação. Com o grupo cada vez menos confiante e as derrotas se acumulando, os relatos de quem acompanhava os treinos eram de que não se tinha alternativas de jogada, a única situação treinada eram os chutões para Ariel.

A falta de alternativas mostrada pelo treinador somado às 6 derrotas consecutivas (entre elas o Grenal 409, no Beira-Rio), fizeram com que a convicção da direção se esvaísse e o treinador fosse demitido na décima quarta rodada do Brasileirão, após a derrota para o Santa Cruz por 1 a 0 no estádio Mundão do Arruda.

O legado

Argel, juntamente com a direção, avaliou mal os jogadores. Alguns que tinham potencial para permanecer no grupo, foram descartados. Não sugeriu boas contratações que suprissem as carências do grupo, justamente pela má avaliação, pois pensava que o grupo era suficiente. O treinador perdeu a "mão" do grupo, e assim os jogadores deixaram de confiar em seu trabalho. Argel deixou o Inter desorganizado, desqualificado, e em queda livre na tabela.

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Sobre o autor
Matheus Suminski
Jornalismo, apaixonado pela profissão, por futebol e por tática.