O clima no começo já não era dos melhores. Vindo da segunda ‘’batida na trave’’ seguida na briga pelo acesso à primeira divisão e uma derrota traumática para o Oeste, no último jogo de  2016, o Náutico começava o ano pressionados a voltar a dar alegrias ao seu torcedor. Mas com muitas dificuldades para manter os salários em dia, jogadores insatisfeitos e seis treinadores ao longo da temporada, o desfecho foi o pior possível.

Os Alvirrubros acaba o ano de 2017 ainda sem conseguir passar da primeira fase da Copa do Nordeste desde o retorno da competição em 2013, eliminado do campeonato estadual nas semifinais, mantendo o longo tabu de até então 13 anos sem levantar taças, eliminado da Copa do Brasil na primeira fase e o pior de tudo, rebaixado pela segunda vez para a terceira divisão. Um ano que o torcedor quer esquecer, mas que deixou lições que necessitarão ser lembradas.

Foto: Divulgação / Clube Náutico Capibaribe

Elenco renovado: sangue novo por resultados novos

Objetivos antigos, batalha nova. Com o último troféu tendo sido conquistado em 2004 e fora da elite nacional desde 2013, a diretoria sabia melhor do que ninguém o quanto a torcida iniciava o ano sedenta pelas conquistas e pelo acesso. Para isso, os cartolas Alvirrubros optaram por renovar o elenco, apostando no jovem técnico Dado Cavalcanti e mantendo apenas alguns pilares do ano anterior, como os volantes Rodrigo Souza e Maylson, o experiente meia Marco Antônio e os pratas da casa Joazi, lateral direito, e João Ananias, volante.

Mas no geral, foram caras novas que compuseram o Náutico de 2017. A começar pelo gol, que vinha sendo defendido há dois anos e meio por Júlio César, agora dava vez ao até então rival Tiago Cardoso, marcado pelos títulos e liderança no Santa Cruz. Também ex rival, Ewerton Páscoa, que defendeu o Sport, viria a ser anunciado para a zaga, junto com Nirley e Tiago Alves. Para o setor ofensivo, o clube trouxe nomes como o meia Dudu, os atacantes Anselmo, Giva, Juninho e Alison. Além dos contratados, foram utilizados vários pratas da casa, também como forma de poupar custos.

Os primeiros baques: as eliminações

Apesar de muitas contratações, a mescla com os garotos da base não deslanchou logo de cara e além da falta de entrosamento, natural por ser uma equipe que passara a jogar junto há pouco tempo, o time demonstrava muitas limitações, culimnando no fracasso tanto na Copa do Nordeste, como na Copa do Brasil e também no Campeonato Pernambucano. Na copa nacional, o clube de Rosa e Silva teve uma participação curta, que durou apenas um jogo. Mesmo com a vantagem do empate para avançar à próxima fase, os pernambucanos foram derrotas fora de casa pelo Guarany de Juazeiro por 1x0 e deram adeus ao torneio.

Porém, ainda havia vida na Copa do Nordeste e Campeonato Pernambucano. No entanto, os Alvirrubros também caíram na primeira fase do Nordestão, acabando com insuficientes 10 pontos contra 11 do Campinense e 13 do Santa Cruz. No Pernambucano, onde chegou a ser segundo lugar na primeira fase, superando os dois rivais, acabou esbarrando nas semifinais pelo segundo ano seguido, com nova eliminação em casa. Após uma dolorosa virada sofrida para o Sport, na Ilha do Retiro, por 3x2, a luta no duelo de volta não foi suficiente e o empate em 1x1 selou a despedida da luta pelo 22º estadual.

Foto: Williams Aguiar / Sport Club do Recife

Com salários atrasados, atletas começam a deixar o clube

Além dos problemas técnicos e táticos, o Timbu conviveu, este ano, com um problema que tem sido recorrente na história recente da instituição: os atrasos salariais. Aos poucos os atletas começavam a demonstrar suas insatisfações e pedir saída ainda no primeiro semestre. Foi o caso de nomes importantes como Anselmo, Maylson, Tiago Cardoso e Marco Antônio, até mesmo o técnico Milton Cruz, que assumiu após a demissão de Dado Cavalcanti, explanou a situação financeira em sua saída do comando técnico.

Em agosto, o jovem atacante Erick, melhor jogador alvirrubro em 2017, foi vendido para o Braga de Portugal pelo valor de 2,8 milhões de reais, com o clube recebendo 1,5 milhão à vista e o restante dividido em duas vezes. Ainda com a entrada desse dinheiro, os problemas salariais nem chegaram perto de serem resolvidos.

O péssimo início que cavou a cova Alvirrubra

Não bastassem as frustrações dos primeiros meses, o pior ainda estaria por vir para o lado vermelho e branco de Recife. A briga pelo acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro, que era inicialmente o principal objetivo da temporada, acabou se tornando logo de cara um grande pesadelo. Nos primeiros onze jogos da segundona, apenas dois pontos conquistados e o Náutico se via isolado na lanterna.

Os empates em 0x0 contra o América MG na primeira rodada e 1x1 diante do Oeste na quinta, foram os únicos jogos em que a equipe conseguiu pontuar no início da competição, causando a terceira demissão no comando técnico, com a saída de Waldemar Lemos, na 7ª rodada. A primeira vitória só viria a acontecer já sob o comando de Beto Campos, no 1x0 contra o ABC em Natal que quebrou um tabu de quase três meses sem ganhar.

Foto: Divulgação / Clube Náutico Capibaribe

Eleições no meio do ano e nova reformulação no elenco

Diante de tantos problemas, o conselho do clube aprovou a antecipação das eleições para presidência do clube. Com duas chapas inscritas de início e desistência de uma delas posteriormente, Edno Melo foi aclamado como novo presidente do Clube Náutico Capibaribe em julho. O novo mandatário, mesmo só assumindo de fato em 2018, deu continuidade à função que já exercia, de vice-presidente financeiro.

Com a equipe afundada na zona de rebaixamento e muitos jogadores indo embora, não havia tempo a perder. A segunda renovação de elenco na temporada aconteceu, e vários novos atletas foram contratados. Dentre eles, os atacante William, Rafinha, o meia Bruno Mota e o zagueiro Breno Calixto, que veio a ser um dos destaques do ano. Outro que se sobressaiu positivamente foi o goleiro Jefferson, que assumiu a titularidade após a saída de Tiago Cardoso.

Roberto Fernandes ensaia reação, mas não evita queda

Beto Campos reencontrou o caminho da vitória, mas apenas uma vez. Além do triunfo diante do alvinegro potiguar, o técnico empatou três vezes e perdeu cinco, sendo demitido com um mês e meio de trabalho. Era a quarta e última demissão de treinador no Alvirrubro no ano, até a chegada de Roberto Fernandes, que assumiria o clube em sua quarta passagem.

Roberto sim, esboçou uma reação, chegando a tirar o time de uma lanterna que parecia certa e diminuindo consideravelmente a distância para o 16º colocado, despertando o sonho de uma até então aparente impossível permanência. Mas, não foi suficiente. Com a persistência dos problemas internos e financeiros, o Náutico teve seu segundo rebaixamento para a Série C confirmado na 35ª rodada, após perder em casa para o Londrina por 2x1, e futuramente voltaria a ocupar a lanterna, onde encerrou o campeonato.

Foto: Divulgação / Clube Náutico Capibaribe