A década de 1960 foi mágica para o torcedor palmeirense e esta deveria ser fechada com uma grande conquista. O Palmeiras derrotou o Botafogo por 3 a 1, no Morumbi, e levantou o segundo título do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (o quarto caneco após a unificação do Campeonato Brasileiro).

Foi o último título conquistado pela chamada Primeira Academia de Futebol. Até aquele ano, o Palmeiras já tinha conquistado duas Taças Brasil, em 1960 e 1967, além do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967. Dentro de São Paulo, o alviverde levantou os canecos do Paulistão de 1963 e 1966, comprovando uma década inesquecível para os palmeirenses, e consagrando aquela geração que se encerrava. 

Campanha no Robertão: Palmeiras começa mal, mas sobra no campeonato

Diferente do que acontecia na Taça Brasil, onde o sistema de disputa era eliminatório, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa obedecia a um regulamento que seria posto em prática a partir de 1971, com a criação do Campeonato Nacional de Clubes, hoje, Campeonato Brasileiro de Futebol. 

O Palmeiras entrou no Robertão'69 como um dos favoritos ao título, e disputava esse favoritismo com o Santos de Pelé, o Botafogo de Jairzinho e o Cruzeiro liderado por Tostão. O regulamento oferecia 17 times divididos em dois grupos, um com oito e outro com nove equipes. Todos jogavam contra todos em turno único. Os dois melhores de cada chave se enfrentariam em um quadrangular final, também em um turno só. 

Mesmo com tudo consiprando a favor, o começo alviverde não foi dos mais animadores. O Palmeiras teve quatro derrotas e um empate nos primeiros cinco jogos. Mesmo com um início pouco promissor, conseguiu se classificar em primeiro lugar, com nove vitórias, um empate e seis derrotas em 16 partidas disputadas. O outro time classificado foi o Botafogo, somando um ponto a menos. 

Quadrangular final: Palmeiras disputa ponto a ponto com o Cruzeiro e Corinthians

O quadrangular final teve como participantes Corinthians e Cruzeiro, no grupo A, e Palmeiras e Botafogo, na chave B. O alvinegro carioca tinha como credencial o título da Taça Brasil de 1968. Os mineiros buscavam mais uma taça, já que levantaram o troféu da mesma competição em 1966. Por sua vez, o Timão queria quebrar um jejum de 15 anos sem conquistas. 

Na primeira rodada, o Palmeiras encarou seu arquirrival, o Corinthians, mas os dois times não saíram de um 0 a 0. Na segunda rodada, o time do Palestra Itália teria pela frente o Cruzeiro, que também empatou na abertura da fase. Novo resultado de igualdade para ambos, 1 a 1, no Mineirão. 

Os embates derradeiros aconteceram no dia 7 de dezembro de 1969. O Palmeiras enfrentaria o Botafogo, no Morumbi. No Mineirão, o Cruzeiro receberia o Corinthians. Para o alviverde ser campeão, teria que vencer os cariocas, e torcer por uma derrota do Timão, até então líder do grupo. Os mineiros também tinham chance de ser campeões, por isso, o time de Palestra Itália teria que vencer com um belo saldo de gols. 

Foto: Arquivo/Palmeiras

O Palmeiras fez a parte dele, vencendo o Botafogo por 3 a 1, com dois gols de Ademir da Guia e um de César. Ferretti descontou para os cariocas. No Mineirão, o Cruzeiro derrotou o Corinthians por 2 a 1. Com o resultado em Belo Horizonte (MG), o alviverde comemorou seu quarto título nacional, já que o Timão havia perdido seu jogo. Além disso, palmeirenses e cruzeirenses terminaram com quatro pontos, porém, a equipe paulista teve saldo de gols melhor (2 a 1). 

Curiosidades

Eurico, Leão e Luiz Pereira. Foto: Futebol de Todos os Tempos

O último título da chamada Primeira Academia de Futebol iniciou o processo de formação da Segunda Academia, que conquistou os títulos brasileiros de 1972 e 1973, além dos Paulistões de 1972 e 1974. Jogadores como o goleiro Leão, o lateral-direito Eurico e o zagueiro Luiz Pereira, ídolos na década seguinte, eram titulares em 1969. 

Dudu e Ademir da Guia. Foto: Arquivo/Palmeiras

Além dos três jogadores citados acima, poucos atletas da Primeira Academia seguiram em frente para a Segunda Academia. Ademir da Guia, Dudu, César e Zeca participaram da histórica equipe da metade inicial dos anos 1970. O mais antigo de todos era Ademir. O meia, filho de Domingos da Guia, chegou ao alviverde em 1961 vindo do Bangu-RJ.

César. Foto: Arquivo/Palmeiras

O artilheiro do Palmeiras no Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969 foi César, com 13 gols, um a menos que o goleador do campeonato, Edu, do América-RJ. Nos anos 70, César, nascido César Augusto da Silva Lemos, ganhou o apelido de César Maluco por conta de seu estilo rebelde dentro e fora de campo. Até hoje, ele carrega esta alcunha com orgulho.

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