Uma história de amor e carinho. A relação de jogador e torcida na mais pura essência. A história de Gabriel Jesus com o Palmeiras se encerrou nesta quarta-feira (7) – pelo menos por enquanto. O atacante, xodó da torcida, artilheiro e camisa 33 concedeu sua última entrevista coletiva na Academia de Futebol, para fechar um ciclo de conquistas, que deixará saudades para o palmeirense e para ele próprio.

#PartiuInglaterra: Gabriel Jesus se despede do Palmeiras com título brasileiro

"Levo o Palmeiras inteiro, porque é um clube que me abriu as portas, me deu oportunidade de mostrar meu futebol e ajudá-lo, assim como me ajudou. A lembrança do Palmeiras vai ser eterna. Toda vez que pisar em São Paulo, eu vou vir ao Palmeiras”, declara.

As juras de amor são sinceras. O sorriso tímido de antes, agora dá lugar as risadas. As lágrimas quase aparecem ao lembrar da mãe, que sozinha teve de cuidar de dois filhos e três netos.

"Ela é tudo na minha vida, foi fundamental e está sendo fundamental para minha carreira, para o meu crescimento. Não é fácil uma mãe sozinha criar três filhos e dois netos. Tudo que acontecer na vida dela é pouco, pelo que ela merece", relata com os olhos lacrimejados.

A relação de Gabriel Jesus com o torcedor vai muito além dos gols e da já famosa canção em homenagem ao atacante. O jogador demonstra humildade ao agradecer o apoio e se desculpar por possíveis erros.

"Deixo os agradecimentos por tudo que fizeram por mim. Por cada elogio, por cada crítica, que também é importante. Deixo meus agradecimentos e minhas sinceras desculpas se algum dia fiz algo que não deixou a torcida feliz. Já fui torcedor, você trabalha o mês todo para poder ir ao estádio. Eles sabem que não é fácil fazer as coisas acontecerem. Assim como o Marcos disse, peço que eles não esqueçam de mim, porque eu jamais vou esquecer deles”, disse Jesus, que continuará como sócio-torcedor do clube.

Férias e mudanças

Jesus não enfrentará o Vitória neste domingo (11), pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Ele já está liberado, vai curtir as férias, que segundo ele, não tem há dois anos. Sendo assim, a última lembrança que ficará do camisa 33 em campo não poderia ser melhor: o jogo que deu o título ao Palmeiras.

No começo de janeiro, ele viaja para Manchester, para se apresentar ao City. Se inicia agora uma nova etapa na vida de um garoto.

"Minha vida pode mudar, mas minha pessoa não. Vou continuar esse moleque brincalhão, feliz e chorão. Eu sou essa pessoa. Minha origem é de um garoto do Jardim Peri que está conhecendo o mundo", comenta.

Junto com ele, a mãe, Dona Vera, o irmão Felipe e dois amigos de infância também viajam para a Inglaterra para morar com o atleta.

"Se eu pudesse, eu levava todos que desde o meu crescimento estão comigo. Sou muito conectado a isso, ao meu bairro. Toda vez que estou de folga, eu vou para lá, vejo meus amigos. Se eu pudesse, levava o Jardim Peri inteiro, pra formar um Jardim Peri na Inglaterra”, afirma.

Glória, glória, aleluia

Agora, ele estará ao lado de jogadores como Sérgio Aguero, David Silva e De Bruyne, além disso, será treinado por Pep Guardiola. Na última semana, Gabriel Jesus esteve na Inglaterra, para conhecer as instalações do Manchester City e pode conversar com seus futuros companheiros.

"Tenho que colocar na cabeça que preciso me concentrar muito, porque a adaptação lá vai ser extremamente importante para o meu crescimento. É tudo diferente, país, cultura e clima. Preciso trabalhar muito para demonstrar meu futebol lá. Conversei com o Fernandinho, Fernando, Guardiola. Estou muito contente de poder ter amizade com eles, de eles me passarem tudo, me ajudarem”, afirmou.

E o atleta já levou uma dura do novo treinador, no bom sentido. Pep deu o recado que Jesus está proibido de tomar Cola-Cola, e se existe alguma coisa que o preocupa em seu novo país é o clima. “Estava muito frio lá, estava tremendo. Vou ter que jogar todas as minhas roupas fora e comprar novas”.

Brincadeiras à parte, motivação é o que não vai faltar. Gabriel Jesus mudou de patamar e, agora, as responsabilidades aumentaram.

Subi cedo, lógico, mas com 16 anos ainda jogava várzea. Eu vivi algumas coisas que aprendi muito, sempre vão passar na minha cabeça, porque é uma forma de eu me empenhar mais, porque temos que pegar os exemplos que a gente já viveu. Eu, um garoto do Jardim Peri, consegui realizar meu sonho. Sempre que entrar em campo, tenho que dar meu melhor e me esforçar ao máximo”.

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Sobre o autor
Willian Pereira
Jornalista, apaixonado por futebol e adepto da corneta e do amendoim.