Aconteceu o óbvio. Cinco meses após ser campeão brasileiro, Cuca acertou seu retorno ao Palmeiras - menos de 24h depois do clube anunciar a demissão de Eduardo Baptista. Mistura de alegria e alívio. Retorna o Messias, idolatrado, exaltado, com a responsabilidade de levar o esquadrão alviverde ao título da Libertadores. A euforia por parte da torcida mostra o tamanho da satisfação com o acerto e também os reais motivos para a demissão do antigo treinador.

O rápido acerto com sua eterna sombra entrega o óbvio: Eduardo Baptista não caiu por causa de resultados ruins ou porque seu time jogava feio, caiu porque não é Cuca. Tentar justificar o injustificável é um exercício duro de reflexão. Eduardo já chegou com os dias contados na maior panela de pressão do futebol brasileiro, foi trocado por um nome melhor e que atendia a preferência de todos. Apenas isso, nada mais. Qualquer outro desmerecimento é utopia.

Os números são bons, o contexto é ruim. De um lado, Eduardo deixou o Palmeiras na liderança de seu grupo na Libertadores, precisando apenas de um empate para se classificar. No Paulistão, foi a equipe de melhor campanha na primeira fase. Do outro, não entregou exibições dignas do potencial da equipe, perdeu jogos-chaves e clássicos. Também não teve seu nome aceito pelos torcedores, o que facilitou seu processo de fritura. A questão é: ele caiu por isso? Não.

Basta um exercício simples: Eduardo Baptista cairia se Cuca não estivesse disponível no mercado? Não. O Palmeiras arriscaria algum dos outros nomes disponíveis, todos sem o mesmo peso de Cuca, podendo gerar mais ira de torcedores e conselheiros? Também não. Ou seja, sobram as "desculpas oficiais". "Mas, o time não evoluía, mas o time jogava feio e etc", apenas desculpas. Eduardo não caiu por causa disso (ou só por isso), caiu porque Cuca estava no mercado. 

O trabalho de Eduardo Baptista passava longe de ser exemplar, mas não pode ser considerado um fracasso. E a carreira do jovem treinador não merece ficar marcada negativamente por isso. É preciso entender seus poréns: sua demissão não lhe torna um treinador fracassado e não desmerece seu potencial, apenas mostra como não tinha peso para assumir tal cargo. Peso que, neste momento, nenhum outro treinador têm. E cargo este que só poderia ser ocupado por uma pessoa: Cuca. Foi assim desde janeiro e será assim agora.

Palmeiras não queria a saída de Cuca em dezembro, então acerta pela convicção de recolocar seu homem de sua confiança no comando. A torcida, que não tem nada a ver com isso, comemora a volta de seu Messias. Cuca, volta como herói. Eduardo Baptista, sai como um injusto vilão. Apenas mais um capítulo da dura realidade que é ser treinador no futebol brasileiro.