O Palmeiras de 2017 saiu do céu e foi para o inferno em oito meses, com um grande elenco era esperado títulos, mas foi encontrado apenas eliminações e pouco futebol.

Principal problema foi o planejamento, o qual teve início ainda em 2016, Cuca conquistou o Campeonato Brasileiro após 22 anos  e decidiu sair. Alberto Valentim esperava ser efetivado. Não foi,  pegou o boné e parou no Red Bull Brasil.

A diretoria, com poucas opções no mercado, decidiu escolher Eduardo Baptista para comandar o Palmeiras na Libertadores. O elenco foi reforçado, contrataram jogadores de renome como Guerra, Felipe Melo, Michel Bastos, e o até então, salvador da pátria Alviverde e aclamado pela torcida, Miguel Borja. A explicação da diretoria para o novo "pacotão de reforços"  foi dizendo que  eram jogadores "cascudos” e a eliminação da Libertadores no ano anterior ainda na primeira fase, foi por conta da falta desse tipo de perfil no elenco.

Na partida em que eliminou o Palmeiras  da competição neste ano, dos jogadores citados, apenas Guerra entrou em campo faltando 15 minutos para o final do jogo.  Felipe Melo foi afastado. Michel Bastos e Borja ficaram no banco de reservas.

As laterais do Palmeiras é inconstante desde 2015, pela direita era Lucas, passou a ser Jean, depois Fabiano e agora Mayke. As vezes Tchê Tchê estava por ali. Na esquerda, revezamento entre o interminável Zé Roberto e o inseguro Egídio. Michel Bastos – que assumiu diversas vezes não gostar de jogar na posição - quebra o galho. Em um setor que todos sabiam que era necessário reforços, foi contratado apenas Mayke, no meio da temporada.

O ano começou com o Paulistão, e logo na 5ª rodada o primeiro teste do ano. Corinthians e Palmeiras, na Arena Corinthians. Um elenco com alto investimento e expectativa. Contra um grupo com jogadores sem glamour e um técnico novato e até então era a  “quarta força” do estado de São Paulo. Muito toque de bola do Palmeiras, pouca efetividade. Gol de no último minuto e 1 a 0 para o Corinthians.

Eduardo Baptista nunca foi unanimidade na torcida, a pressão aumentou junto com a sombra de Cuca. Na Libertadores, vimos pouco futebol, muito nervosismo e vitórias emocionantes contra Tucumán e Peñarol. Pelo estadual chegou as quartas de final e venceu sem grandes sustos o Novorizontino. Na semifinal veio a  decepção, na primeira partida, 3 a 0 para a Ponte Preta, ainda no primeiro tempo. Eliminação. Mas calma, a obsessão é a Libertadores.

Voltando ao torneio continental, uma verdadeira batalha campal contra o Peñarol e vitória de virada, mais uma vez emocionante, por 3 a 2. Felipe Melo que  prega ser um homem de palavra, disse em sua apresentação que se fosse necessário daria tapa na cara de Uruguaio, claro, com responsabilidade. Melo cumpriu sua palavra e acertou um cruzado, que renderia alguns pontos no boxe e jogos de suspensão.

Palmeiras achava os resultados, mas não encontrava o bom futebol, atuações fracas, enrustidas por vitórias épicas, com a torcida empurrando o clube. A gota d'água foi na derrota para o Jorge Wilstermann que culminou na demissão de Eduardo Baptista.

Com poucos nomes no mercado, a diretoria contratou Cuca, que havia deixado o clube em 2016 e estava de volta após cinco meses com sua calça vinho.

Cuca chegou como mais um salvador da pátria, já que Borja estava borrando a expectativa do torcedor. Na estreia, a torcida do Verdão lotou o Allianz Parque com calças vinhos. Deu certo, 4 a 0 em cima do Vasco. E a animação estava de volta.

Mas o que vimos nas partidas seguintes era assustador, time  sem nenhum padrão de jogo, sem jogadas, marcação individual a qual apenas gerava buracos na linha defensiva, maiores que das ruas da capital paulista. No meio para frente, sem criatividade, muito toque de bola - isso quando conseguia trocar passes - e pouca agressividade. O  Cucabol de 2016 que ficou marcado pela transição rápida, facilidade de chegar ao gol adversário, jogadas ensaiadas,  foi resumido neste ano com o lateral sendo cobrado na área desesperadamente.

Um mês depois da volta de Cuca, Alberto Valentim voltou ao posto de auxiliar técnico do Palmeiras, mostrando mais uma vez que foi um erro as saídas do treinador e do  auxiliar,  além da chegada de Eduardo Baptista.

O Verdão teve um péssimo começo de Brasileirão,  foi eliminado da Copa do Brasil, mais uma vez, com um primeiro jogo emocionante onde a equipe saiu de um 3 a 0 e foi buscar o empate por 3 a 3. Com emoção. E mais uma vez, devendo muito pelo futebol apresentado.

Então assim como no início do ano, todas as fichas foram apostadas na Libertadores, a obsessão se tornou pressão. Na primeira partida, Palmeiras jogou seguro, não sofreu sustos. Não atacou. Pecou. Gol do Barcelona aos 46 do segundo tempo.

Então a obsessão foi para a segunda partida decisiva, no dia 9. A prova dos nove da temporada Alviverde tinha data, hora, adversário, local e o apoio da apaixonada torcida, que fez sua parte com lindo mosaico. A bola rolou e vimos um Palmeiras ao estilo Cucabol 2017, desorganizado, afobado, exagerando na bola  aérea e com muita luta, jogadores se entregando, ultrapassando limites, porém sem jogar como uma equipe. Faltou jogo coletivo.

mosaico da torcida do Verdão ( Foto: Reprodução / Twitter)
mosaico da torcida do Verdão ( Foto: Reprodução / Twitter)

Assim como faltou armadores na primeira etapa. A escolha de Cuca foi de Dudu no meio de campo, o qual não teve boa atuação. Preferiu deixar seus dois armadores - Moisés e Guerra - no banco de reservas. Não funcionou. Cuca resolveu colocar Moisés no segundo tempo que abriu a defesa adversária e começou a criar jogadas. o Camisa 10 acabou fazendo um golaço, levando a partida para as penalidades.

Bruno Henrique desgastado fisicamente, igual aos outros nove jogadores de linha, bateu mal seu pênalti.  Jailson manteve o Palmeiras vivo ao defender a cobrança de Díaz. Cobranças alternadas, e chegou a vez de Egídio. Sim ele mesmo, Egídio, de longe o  jogador mais criticado pela torcida ( algumas vezes de forma injusta) precisava converter sua cobrança em gol. O camisa 6 converteu sua penalidade em mais cobrança. Acabou sendo o culpado, por ser Egídio. 

Não tinha como dar certo. Não deu. Não se ganha Libertadores ou qualquer outro campeonato na emoção, na sorte, pela camisa, tradição etc. O time precisa jogar um bom futebol. Palmeiras não jogou, apenas participou. Egídio não fez uma partida ruim, longe disso, mas a consequência de um péssimo planejamento da diretoria, más escolhas do treinador, um time desorganizado taticamente caiu em suas costas. Melhor, no seu pé esquerdo, que falhou. Acontece.

Seria leviano dizer que o Palmeiras está de férias, seria irresponsável falar que o Palmeiras não precisa se planejar para 2018. Apesar da longa distância para o líder Corinthians, ainda tem 19 rodadas pela frente. Não é impossível. Mas pelo o que apresenta, é improvável.

Neste momento se faz necessário juntar os cacos, levantar a cabeça e seguir em frente. Até agora o 2017 do Palmeiras que começou com muita empolgação, otimismo, e expectativa, vai terminando de forma melancólica. A obsessão palestrina se transformou em pressão, que virou frustração.

 

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Sobre o autor
Rafael Costa
Estudante de Jornalismo faz muita piada de tiozão, ouve de samba a black metal, gosta de beber cerveja, jogar videogame, assar umas carnes, e assistir todo tipo de esporte, às vezes faz tudo isso ao mesmo tempo.