O São Paulo acumula resultados negativos nos últimos jogos. Neste domingo, diante da Ferroviária, no Morumbi, mais um empate sem gols. Como já vinha acontecendo, o time deixou o campo sob vaias e pedidos pela saída de Dorival Junior.

Assim, o técnico tricolor concedeu coletiva após o duelo, mas com muita espera. Foram algo em torno de 40 minutos no vestiário do estádio trancado com direção e jogadores conversando, acredita-se, sobre a atuação. 

As primeiras palavras de Dorival Júnior foram tensas. O treinador assumiu a culpa pela má fase, afirmou que há trabalho para mudar a situação e se bancou como comandante do Tricolor: "Sou o técnico do São Paulo, sou responsável pelo resultado e pela má fase. Estamos trabalhando muito para mudar essa situação. Vocês estão vendo uma equipe que cria, tem oportunidades, chegou quatro vezes na frente do goleiro."

Dorival fez dura críticas ao tempo de trabalho de um treinador no Brasil, afirmando que para alguns é prazeroso debater a permanência após maus resultados:. 

"Não estou chegando em limite nenhum, temos muito a produzir e extrair. Chegar ao limite tendo jogadores praticamente estreando não bate muito bem. O limite para um treinador, no Brasil, é de três meses, o problema está aí. Temos que mudar esse contexto, porque não tem como avaliar um trabalho com menos de um ano. A pressão é contínua. Parece prazeroso ver mudança de treinador no Brasil. É satisfação de todo mundo, para depois buscar nova vítima. É uma classe muito combatida. Vejo as pessoas falarem em sequência, trabalhos de médio e longo prazo, mas não defendem isso com constância."

Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net

Em seguida, o técnico pediu paciência, afirmando ter capacidade para ir longe com o São Paulom, mas pediu tempo: "Estamos iniciando uma sequência, e não tenho dúvidas de que vamos atingir as metas do clube. Temos que ter paciência. Sei que tenho capacidade para fazer esse time chegar mais longe. Precisamos de tempo de treinamento para isso. Estamos apenas recuperando a equipe, continuo acreditando muito. O caminho do São Paulo será muito bom esse ano."

Dorival Júnior falou sobre as substituições e exaltou as vezes que os seus atletas ficaram cara a cara com o goleiro Tadeu, da Ferroviária: "Estávamos com meio-campo certo, infiltrando. Tanto Petros quanto Hudson faziam um papel importante. Não tinha motivo para mexer ali. Qualquer mudança feita hoje, não acontecendo o resultado, é natural que o treinamento seja criticado. Eu precisava de um pouco mais de lado de campo. Nenê estava mais fresco para isso. Senti o Valdívia um pouco abafado. Continuamos criando. Saímos quatro vezes na cara do goleiro. Foi mais um jogo que jogamos, criamos e não tivemos sucesso", disse. 

Dorival desconversou quanto a qualquer tipo de diálogo entre ele e seus atletas no vestiário do Morumbi após o empate: "Não teve nada. Os jogadores estão jantando dentro do vestiário. Jogaremos na quarta-feira, então já é um processo de recuperação. Não teve reunião nenhuma", concretizou. 

O comandante criticou também o calendário e questionou como tudo desabou após a derrota para o Santos no Morumbi, no último fim de semana: "Depois de só 11 jogos em 33 dias de trabalho. Isso que é duro, o calendário castiga. Quando falo sobre acerto de equipe, mudanças, condições de treinamento, me volto a isso. Quem precisa de tempo é castigado. O futebol está a um palmo de distância entre o céu e o inferno. Há uma semana, as coisas estavam bem tranquilas. Perdemos para o Santos e parecia o fim do mundo. Não analisaram que o Santos foi cirúrgico e fez um gol que desestabilizou a semana do São Paulo."

Por fim, Dorival Jr. reforçou a confiança que tem na diretoria do São Paulo, falou sobre a sequência e disse que, se dependesse das 'tradições' existentes no esporte no Brasil, já teria sido demitido do cargo atual.

"Se dependesse da cultura do futebol brasileiro, eu já teria saído. Uma ou duas derrotas são suficientes para queimar um profissional. Confio na diretoria, independe da atitude que tomem. Desde que cheguei ao São Paulo, as coisas mudaram muito. Hoje temos um time confiável. Os resultados não mostram o potencial que o time tem. Fizemos dois jogos a mais por causa da Copa do Brasil. Seriam duas semanas importantíssimas para mim. Mesmo assim, estamos levando. Estamos em zona de classificação no Paulista e avançando na Copa do Brasil. É uma sequência bem complicada. Quarta-feira, novamente estaremos em campo. Confiaram no nosso trabalho no momento mais difícil", concluiu. 

O São Paulo volta a campo na quarta-feira (28), às 19h30, contra o CRB no Morumbi. O jogo é de ida e válido pela terceira fase da Copa do Brasil. Além de querer avançar, o Tricolor quer espantar a má fase.

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