Quando Brasil e Uruguai entrarem em campo na próxima quinta-feira (23), dois amigos irão se encontrar, mesmo que de lados opostos. Philippe Coutinho e Luis Suárez construíram uma amizade próxima nos 18 meses que jogaram juntos no Liverpool, entre 2013, ano em que o brasileiro chegou e em 2014, ano em que o uruguaio foi para o Barcelona. Ambos foram autores juntos de 36 gols na campanha de 2013/2014 na Premier League, temporada em que o clube quase conquistou o seu 19º título do certame.
Essa amizade, porém, não parou quando Luisito foi formar o trio ofensivo MSN na Catalúnia. Entre outros encontros, a dupla pôde se reunir em novembro do ano passado quando o camisa 9 do Barça viajou à Inglaterra para jogar contra o Manchester City pela Champions League. Segundo Coutinho, no entanto, a ocasião foi iniciada porque três amigos do brasileiro pediram ingressos para o jogo da equipe espanhola. “Ele é um amigo muito próximo e é sempre bom poder encontrar com Luis”, disse o ex-Vasco ao site dos Reds.
No futebol, muitas vezes uma amizade é construída com base no desempenho em campo – mesmo que não primariamente. Ou seja, se dois jogadores se entendem dentro das quatro linhas, eles geralmente se tornam próximos fora dos gramados. Ou vice-versa. Pode-se dizer, com certeza, que essa amizade nasceu de algo parecido, uma vez que a temporada supracitada ficou marcada como a melhor da carreira de Coutinho e Suárez até então. Faltou o título, porém.
Na temporada completa que jogaram juntos, o time então treinado por Brendan Rodgers arrancou rumo ao título inglês de maneira aparentemente imparável por outros. Goleadas sobre Arsenal e Manchester City, concorrentes diretos ao caneco, mostravam a força que a equipe possuía, principalmente com o quarteto ofensivo formado também por Raheem Sterling e Daniel Sturridge em grande fase. Foram 101 gols marcada em 38 jogos, média quase de três gols por partida.
Mas o que é imparável por outros, às vezes é parado por si próprio. O Liverpool começou a ‘tropeçar’ nas próprias pernas e derrotas para reservas do Chelsea em casa, além de empatar com Crystal Palace por 3 a 3 depois de estar ganhando por 3 a 0, ambos na reta final, refletem na possível falta de mentalidade vencedora que o elenco tinha. A falta dessa qualidade importantíssima para um clube que almeja grandes voos pesou no momento da decisão e o Manchester City acabou campeão por dois pontos de diferença – 86 contra 84.
A mentalidade vencedora, porém, pode aparecer com o ‘quase’, e foi o que aconteceu com Suárez. O uruguaio se mudou para Barcelona e lá ganhou todos os títulos possíveis nos três anos que permanece no clube azul-grená. Coutinho permaneceu no Liverpool e, ano passado, chegou à final da Uefa Europa League, perdendo para o Sevilla, o mais próximo de troféu com os Reds até agora. O futuro, no entanto, parece promissor para o clube de Merseyside.
Na atual temporada, Liverpool e Barcelona passam por resultados distintos, porém uma coisa é semelhante: tem sido uma temporada de altos e baixos para os dois lados. No clube inglês, problemas de confiabilidade no começo do ano de renderam apenas duas vitórias ao time de Jürgen Klopp na Premier League durante os três meses iniciais de 2017. Nos espanhóis, incertezas sobre o futuro comando técnico depois de resultados abaixo do esperado na Liga. Contudo, o Barça acabou eliminar heroicamente o PSG pela Champions League, o que pode abafar mais tais questionamentos.
Mas, se pelos seus clubes Coutinho e Suárez não podem se enfrentar, pelas suas seleções isso não acontece. Pelas eliminatórias, eles poderão se rever depois de algum tempo e, quem sabe, podem tirar mais fotos como da vez que se encontraram em dezembro e o uruguaio pôde ver novamente a filhinha do brasileiro, Maria. Em campo, por outro lado, sabemos que eles não têm nada mais o que provar à ninguém, o que dá a certeza de boas atuações dos dois lados.