Na partida entre Brasil e Uruguai, a ser realizada no dia 23 de março no Estádio Centenário, em Montevidéu, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, as atenções estarão voltadas para a dupla Neymar e Luis Suárez, companheiros de Barcelona e agora rivais por suas respectivas seleções. Porém, outro nome merece destaque: Philippe Coutinho.

Destaque do Liverpool, o carioca vem em uma curva ascendente na Amarelinha, com a qual já acumula 23 jogos e seis gols. Apesar de discreto nas redes, o meia brilha na armação de jogadas e na recuperação de bola, tendo postura semelhante à de um maestro nos gramados, característica apresentada desde o começo nas categorias de base.

Início no futsal e Vasco da Gama

Coutinho deu seus primeiros passos nas quadras de futsal cariocas, após a dica da avó de um amigo. Após uma passagem rápida no Clube dos Sargentos do Rio de Janeiro, Philippe foi chamado para jogar pelo time da Mangueira, onde conquistou a Liga de Futsal do Estado do Rio de Janeiro de 1999, sendo o artilheiro da competição. No mesmo ano, foi convidado a defender a camisa do Vasco da Gama.

Pelo cruz-maltino, conquistou o bicampeonato estadual e chamou a atenção dos dirigentes da equipe, com sua técnica e habilidade acima da média, que insistiram em um teste nos gramados. Rapidamente, o sucesso nas quadras levou Coutinho para o futebol de campo, onde conquistou uma sucessão de títulos, entre estaduais e nacionais.

Em 2009, com a chegada de Renato Gaúcho na equipe principal, foi integrado aos profissionais. Foi destaque na Série B daquele ano, atuando em 12 partidas, auxiliando a equipe no retorno à elite do futebol brasileiro. No ano seguinte, marcou seus primeiros gols como profissional, na goleada de 6 a 0 contra o Botafogo. Ao longo do ano, marcaria mais três, antes de ser transferido para a Itália.

“O futuro” e a realidade na Internazionale

Coutinho foi negociado em julho de 2008, com a Internazionale de Milão. Os olheiros italianos, impressionados com o jovem, correram em garantir o jogador em suas linhas, por quatro milhões de euros. Porém, a mudança foi efetivada apenas em julho de 2010, após Philippe completar 18 anos. A contratação foi comemorada pelo presidente do clube, Massimo Moratti, que afirmou à imprensa que “Coutinho era o futuro da Inter”.

A estreia do carioca com a camisa nerazzuri foi em 27 de agosto de 2010, na derrota para o Atlético de Madrid por 2 a 0, pela Supercopa europeia, onde entrou como substituto de Wesley Sneijder. Porém, o primeiro gol do meia só viria no fim da temporada, após cobrança de falta contra a Fiorentina, no dia 8 de maio.

Com dificuldades para se manter como titular na equipe de Benitez, foi emprestado para o Espanyol, de Barcelona, no inverno de 2012. Pelos pericos, marcou cinco gols. Mas a boa passagem pela Espanha não foi suficiente para manter o brasileiro na Itália. Após três temporadas, o meia foi vendido no mercado de inverno de 2013, para o Liverpool.

Liverpool e a ascensão

Contratado por 8,5 milhões de euros, Coutinho foi apresentado com a camisa 10 dos Reds, a pedido de Brendan Rodgers. O meia estreou no novo clube em 11 de fevereiro, na derrota da equipe por 2 a 0 diante do West Bromwich Albion. O primeiro gol veio no jogo seguinte, contra o Swansea City. A visão de jogo e a precisão dos passes do carioca o tornou, rapidamente, um dos jogadores favoritos da torcida.

Nas temporadas seguintes, Philippe passou a desfrutar de maior liberdade de criação no meio-campo, além de se tornar um jogador de meio mais combativo. As grandes performances do brasileiro renderam grandes campanhas na Premier League, incluindo um vice-campeonato, na temporada 13-14. As boas atuações e a crescente influência de Coutinho no estilo de jogo do Liverpool o tornou um dos jogadores mais importantes da equipe, o que o catapultou para a seleção brasileira.

Seleção e futuro

O brasileiro iniciou sua trajetória com a seleção ainda nas categorias de base, sendo um jogador chave para a conquista do Sul-Americana Sub-17, em 2009. A atuação chamou a atenção do treinador Mano Menezes, que promoveu a estreia do jogador como profissional em outubro de 2010, em um amistoso contra o Irã. Porém, a atuação não chamou a atenção e o meia foi ignorado nas convocações seguintes, sendo descartado da convocação final para a Copa do Mundo de 2014 por Luiz Felipe Scolari.

O retorno de Coutinho foi promovido por Dunga, quase quatro anos depois de sua primeira convocatória, e permaneceu como figurinha carimbada nas listas seguintes. Seu primeiro gol com a camisa verde-amarela foi no dia 7 de junho, contra o México. A primeira competição profissional que disputou foi a Copa América de 2015, mas não marcou nenhum gol. No ano seguinte, participou da Copa América Centenário, em que marcou três gols, mas viu o Brasil ser eliminado ainda na fase de grupos.

O futuro de Coutinho é promissor. Após quatro anos no Liverpool, o meia renovou seu contrato até 2022. Peça chave na equipe de Jürgen Klopp, sua importância vem crescendo a cada dia mais, sendo o grande diferencial ofensivo do time. Coutinho foi desenganado por muitos após um início de carreira longe dos holofotes. Mas, hoje, Tite tem nas mãos uma das peças fundamentais para o desenrolar das Eliminatórias; e, quem sabe, para a caminhada rumo ao tão sonhado Hexa na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.