O Campeonato Carioca vai se afunilando à medida que as rodadas finais vão chegando. E como é de costume, ano após ano, os grandes clubes do Rio de Janeiro costumam repetir duelos marcados pelos anos. Com Vasco e Fluminense não é diferente. Apelidado em votação popular de “Clássico dos Gigantes”, em 2006, quando um grande jornal esportivo promoveu uma enquete online, tricolores e cruzmaltinos ganharam então uma razão adicional para a rivalidade entre as duas instituições.

Centenários, os clubes, divididos por pesos sociais, tem histórias significantes no cenário nacional, sendo o Vasco, bicampeão sul-americano, fato ainda perseguido pelo tricolor das Laranjeiras.

A resposta histórica e o Fluminense na Segunda Guerra Mundial

Fora das quatro linhas, Vasco e Fluminense também não fazem feio. O clube de São Januário, em atitude pioneira e histórica, abriu mão de disputar o campeonato do Rio de Janeiro em 1924, após ter sido campeão no ano anterior, mas obrigado a se desfazer de negros e operários, que compunham o time na época. Pressionando a federação, o Gigante da Colina retornou em 1925, mas ameaçado de deixar de competir novamente, agora, por não ter um estádio próprio. Com a ajuda da torcida, comporta em grande parte por membros da Colônia Portuguesa, presentes no Brasil, o clube ergueu São Januário, estádio que completa 90 anos em 2017.

Quase vinte anos depois, em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o tricolor era quem enchia o peito do brasileiro de orgulho. Após o ataque de submarinos alemães a embarcações brasileiras, o Governo Nacional, aliado ao Fluminense Football Club, lançou uma campanha de arrecadação, que alavancada pelos sócios do clube, levantou um montante suficiente para a compra de um monomotor, que serviu à Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Dentro de campo, vantagem vascaína

Disputado desde 1923, quando o Vasco venceu por 3 a 2, o Clássico dos Gigantes tem notoriedade nacional, mas com vantagem do clube de São Januário, que venceu 106 dos 297 confrontos, tendo o tricolor das Laranjeiras levado a melhor em 100, sobrando ainda, 91 empates.

O Tricolor já começou mal na disputa contra o rival, quando só conseguiu triunfar no quinto jogo da história, em 1925, pelo expressivo placar de 5 a 1, em jogo realizado nas Laranjeiras, para quase 30 mil pessoas, segundo relatos do “O Globo”.

O primeiro empate entre as equipes ocorreu na estreia do estádio vascaíno de São Januário. Com o placar de 2 a 2 e para também cerca de 30 mil pessoas, começava então a se consolidar uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro.

Campeões da Copa Rio na década de 1950, período de nascimento do maior palco do futebol brasileiro, o Maracanã, onde o clássico, já repleto de histórias, ganharia contornos de maior glamour, e que teve o Fluminense como primeiro vencedor, em 1 de outubro de 1950, pelo placar de 2 a 1, para um público de cerca de 40 mil pessoas.

Como maiores séries invictas de cada clube, o Fluminense leva vantagem, com uma sequência de 13 jogos sem derrota, sendo 8 vitórias e cinco empates. Pelo lado vascaíno, são 10 jogos sem tropeços diante do rival, em série composta por sete vitórias e três empates. Maiores sequências de vitórias ininterruptas tem também vantagem tricolor, com seis contra cinco, diante do rival.

Em maiores goleadas, a vantagem é do Gigante da Colina, com um 6 a 0 em novembro de 1930. Pelo lado tricolor, um 6 a 2 em maio de 1941, ano em que o time foi bicampeão carioca diminui a diferença. O que de fato equilibra é o jogo de maior quantidade de gols marcados da história, entre as duas equipes. Em 6 de abril de 1947, Fluminense e Vasco marcaram nove vezes, no confronto entre as equipes na Rua Bariri, em Olaria. Na ocasião, o tricolor se saiu melhor, com o placar de 5 a 4.

Na atual temporada

Após vencer o rival na estreia do Estadual de 2017, pelo placar de 3 a 0, em atuação espetacular da equipe, o tricolor tentará repetir o feito, ou pelo menos empatar, já que o resultado de igualdade lhe garante na grande decisão do Campeonato Carioca. Do outro lado, mordidos pela derrota de dois meses atrás e munidos de novas concepções táticas com a chegada de Milton Mendes, o Vasco tentará dar o troco e devolver a vitória, empatando a série entre as equipes no ano. Fora da Copa do Brasil, resta ao Vasco apenas o Estadual e o Brasileirão. Já ao Fluminense, além das duas competições, a equipe ainda tenta classificação na Sul-Americana.

O certo é que o passado mostra, sem dúvidas, o quão brilhante deverá ser o futuro do duelo entre as equipes. Repleto de rivalidade, gols, torcidas apaixonadas e, acima de tudo, muito futebol. Essa é a prova de que o futebol carioca não só ainda respira, mas vive!

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