Recém contratado pelo São Paulo, o zagueiro Anderson Martins concedeu entrevista exclusiva ao globoesporte.com e disse que sua saída - que pegou de surpresa a torcida vascaína - havia sido avisada desde antes das férias de fim de ano; o ex-zagueiro cruzmaltino revelou que já existia um acordo verbal que o liberaria do Vasco.

"Resolvi sair diante de todo esse cenário político. Quando vim pensei em dias melhores. Falaram que as coisas iam se ajeitar. Mas caso isso não acontecesse eu estava livre. Agora ele (Eurico) só me liberou por conta dessa parte política. Quando ele viu que as coisas estavam complicadas (em continuar na presidência) me liberou. Quando viu que não tinha mais possibilidade de vencer (a eleição). Tanto que só saiu a decisão hoje (terça), logo depois do retorno do recesso do judiciário e que a tentativa na Justiça não serviu", disse o zagueiro.

Com a rescisão, Anderson Martins, que recebeu apenas por dois meses e meio de trabalho, abriu mão do restante da dívida para que pudesse sair do Cruz-Maltino e rumar para o Tricolor paulista. O zagueiro contou também que preferiu não acionar a Justiça pela dívida.

"Não vou receber o que tinha direito. Abri mão de tudo para sair. Estou perdendo dinheiro e com a imagem ruim. Mas tenho meus objetivos profissionais. Falaram antes que iam reformular as coisas e eu disse: 'se isso acontecer vou terminar minha carreira no Vasco'. Mas as coisas não aconteceram. Recebi dois meses e meio de salários até dezembro. Agora que eles pagaram mais uma parte. Joguei de julho até dezembro recebendo dois meses e meio de salários. Tinha direito de ir na Justiça, mas não queria fazer isso", revelou Anderson.

(Foto: Paulo Fernandes/Vasco.com.br)

O jogador chegou ao Vasco em julho do ano passado com a missão de melhorar o sistema defensivo do então técnico Milton Mendes. Sobre sua chegada, o zagueiro disse "não ter sido enganado" sobre a questão política e salarial e demonstrou incômodo em ser chamado de "mercenário" por parte da torcida cruzmaltina.

"Jogador se fala. Eu sabia de salários atrasados, de política, sabia de tudo. Vivi isso em 2011. Vim no pior momento para o Vasco. O time estava mal na tabela, era candidato ao rebaixamento e ajudei da melhor forma. Entendo que o torcedor é apaixonado, mas acho injusto me chamarem de mercenário. Estou saindo ganhando menos do que no Vasco. É triste falar, mas estou indo para um clube que vai dar me dar condição, perspectiva na carreira. Jamais menosprezando o Vasco, porque é triste falar, por que sou vascaíno, mas, mesmo fora da Libertadores, o São Paulo vai me dar perspectiva profissional melhor do que o Vasco", desabafou Anderson Martins.

Anderson Martins também falou da relação com o candidato à presidência Julio Brant e disse ter sido procurado por ambas as partes, tanto a situação quanto a oposição. O jogador revelou que até Felipe, ex-jogador, o procurou para conversar.

"Tenho bom relacionamento com o Felipe. Nós conversamos e expliquei para ele o que estava acontecendo. Acho injusto eu pagar por problema politico. Não só eu como todos. E é pior ainda para a instituição. Infelizmente as coisas estão acontecendo e a gente não sabe o que pode vir. Tinha esperança de melhora, mas vivendo o dia a dia a gente sabe a situação do clube. Há funcionários e jogadores que fazem queixas, mas não tem como fazer como estou fazendo por "n" questões. É triste. O Vasco não merece isso", contou o defensor.

(Foto: Pedro Vilela / Getty Images)