Volta para a primeira divisão garantida. O Vitória havia com méritos alcançado o acesso para a elite do futebol nacional em 2015 com o vice-campeonato, atrás apenas do Botafogo depois de primeiro semestre ruim. Em 2016, sem participar da Copa do Nordeste, principal competição do primeiro semestre, o time participou apenas do Campeonato Baiano, além da Copa do Brasil e da Série A.

Após superar o Bahia no estadual e levantar a taça pela 28° vez, o time precocemente foi eliminado da Copa do Brasil pelo Cruzeiro. Restando o Brasileirão, o time conviver por algumas rodadas dentro da zona de rebaixamento. Depois de trocar o comando técnico, a esperança foi renovada e graças ao crescimento de talentos individuais e com o apoio da torcida, o time chegou a 16° posição na competição e cumpriu o objetivo traçado no planejamento inicial.

Vitória levou a melhor no BaVi e voltou a faturar o estadual que não vinha há 3 anos

2014 e 2015 em branco. O Vitória entrou para o Campeonato Baiano com novidades e na tentativa de esquecer a vergonha de não chegar às semifinais do torneio estadual em 2015, que resultou na ausência do rubro negro no Nordestão desse ano. Vágner Mancini teve algumas dificuldades mas logo encaixou uma base. Victor Ramos já era titular na zaga e o time ia com três atacantes (Marinho, Kieza e Vander) e Leandro Domingues armando as jogadas.

A final da competição foi contra o maior rival e tendo que fazer o segundo jogo na Arena Fonte Nova. Nos dois jogos, o time não pode contar com Fernando Miguel. Com isso, Caíque, de 18 anos, assumiu a titularidade e fez defesas importantes no primeiro jogo da decisão, quando o Vitória venceu o Bahia por 2 a 0, com gols de Diego Renan e Amaral. Apesar da derrota na Fonte Nova, o Vitória conseguiu levantar o único caneco que tinha favoritismo na temporada, o 28° certame estadual do Leão.

Único título do Vitória em 2016. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)
Único título do Vitória em 2016. (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)

Sequência sem Marinho assustou torcedor leonino;

Foram altos e baixos em 2016. De acordo com o que conquistou e o que produziu, o time passou mais tempo tentando se recuperar dos momentos complicados. No Brasileirão, foram 17 derrotas nas 38 partidas. Quase um turno inteiro sem sair das partidas com pontos. Quando Marinho esteve fora, em onze partidas, o time somou apenas onze pontos e venceu três duelos. A sensação era de que, se o atacante ficasse mais tempo longe dos gramados, a queda seria inevitável

O aproveitamento de 33,3% sem o atacante acarretaria em rebaixamento (Internacional em 17° terminou com 37%). Com o camisa 7, a situação foi diferente. O time anotou aproximadamente 44% de aproveitamento (13° colocado). Foram 27 jogos, nove vitórias, três empates e onze derrotas, com 42 gols anotados. Marinho saiu lesioando na primeira etapa na derrota para o Vitória sobre o Grêmio na Arena Fonte Nova. Uma lesão na coxa tirou o atacante dos duelos contra Ponte Preta, Sport e Cruzeiro. O Vitória saiu derrotado em ambos. O jogador voltou na 33° rodada e marcou gol de empate contra o Fluminense no Maracanã.

Principais mudanças

O foco foi o principal. Se em 2015 tinha Copa do Nordeste e Série B com chances reais de título, em 2016 a situação era diferente. O nível, conhecido pelos dirigentes do Vitória, era inevitavelmente maior e a busca, no Brasileirão, era de manter regularidade e não cair de volta logo no ano seguinte.

No ataque, caras novas. O setor ofensivo foi totalmente alterado em 2016 com relação ao ano passado. Rogério, Robert, Neto Baiano, Rhayner e Élton saíram. Chegaram Marinho, Alípio, Kieza, Ramallo e Zé Love. K9, como é chamado, Kieza veio após um período sem adaptação no São Paulo e terminou a temporada como titular da equipe. O time, apesar das dificuldades na Série A, manteve a boa média de gols marcados. Mesmo terminando em 16°, o time marcou 51 gols, quinta melhor marca do Brasileirão, atrás apenas de Palmeiras, Santos, Flamengo e Atlético-MG

Marinho, Marinho e Marinho

No dia 25 de janeiro o Vitória anunciou a chegada de Marinho por empréstimo vindo do Cruzeiro. Em 19 de junho após boa sequência veio a contratação em definitivo. Com passagem sem brilho no clube mineiro, o time baiano esperava o bom futebol apresentado por Marinho nas passagens por Náutico e Ceará. O resultado foi melhor que a encomenda. Com segundo semestre de encher os olhos, o camisa 7 baiano foi o principal responsável pela manutenção do time soteropolitano na primeira divisão. Em 43 jogos, foram 21 gols marcados (12 no brasileiro) além de seis assistências e para muitos é considerado o melhor atacante do Brasileirão.

Uma semana antes (12 de janeiro) da chegada de Marinho, o Vitória também anunciou outro jogador vindo de empréstimo do Cruzeiro. o volante Willian Farias estava encostado no clube celeste e conviveu com lesões desde que chegou ao time mineiro em 2014. Na Bahia, Willian logo ganhou reconhecimento por demonstrar tranquilidade e espírito de liderança, recebendo até a faixa de capitão. Farias foi um dos poucos jogadores além de Marinho que a torcida elogiaram durante toda a temporada Foram 44 jogos no ano inteiro e apenas dois gols marcados. Porém, o capitão deverá voltar ao time mineiro, já que tem contrato com o clube até dezembro de 2017.

Marinho foi o nome do Vitória em 2016. Foto: Francisco Galvão
Marinho foi o nome do Vitória em 2016. Foto: Francisco Galvão

Veteranos com passagem apagada em 2016

Apesar de acertos no elenco para 2016, como a contratação em definitivo de Marinho, chegada de Willian Farias, Fernando Miguel, Kanú, entre outros, o Vitória sofreu com desempenhos abaixo do esperado de alguns atletas. Alguns deles com muita experiência no futebol brasileiro e outros que estiveram bem em 2015 mas pouco contribuíram no ano seguinte.

O principal nome da lista é do atacante Dagoberto. Com passagem apagada pelo Vasco em 2015, o atacante ex-São Paulo, Inter e Cruzeiro chegou como aposta da diretoria, mesmo em declínio a carreira. Antes de ser dispensado na metade do ano, o atleta atuou pelo time em 18 oportunidades, um jogo apenas no Brasileirão e sem nenhum gol marcado. Foi a decepção para o torcedor baiano em 2016.

Outro jogador apagado em 2016 foi o meia Leandro Domingues. O atleta voltou ao clube que o lançou para o profissional após dois anos no Japão. Em maio, teve o vínculo estendido depois de regularidade no Baiano. Porém, Leandro voltou a conviver com lesões e desfalcou o time por diversas rodadas. Fez apenas 16 jogos no ano e anotou apenas um gol.

O zagueiro Guilherme Mattis foi um dos nomes de destaque do time no acesso para a Série A em 2015. Mas em 2016, conviveu mais no departamento médico do que nos campos do CT Manoel Pontes Tanajura. Foi relacionado para o Brasileirão em apenas três oportunidades e fez um jogo durante todo ano.

Dagoberto chegou com respaldo mas não deixou saudades. Foto: Francisco Galvão/Vitória
Dagoberto chegou com respaldo mas não deixou saudades. Foto: Francisco Galvão/Vitória

Para Mancini faltou engrenar; com Argel, sobrou coração

Após chegada em junho de 2015, Vágner Mancini conseguiu o acesso do Vitória para a Série A naquele ano. Com objetivo alcançado, o treinador ficou para 2016. O treinador conseguiu o título do Campeonato Baiano e tinha como principal objetivo manter a equipe na elite para 2017. Incomum para o futebol nacional, Mancini chegou a completar um ano inteiro no comando da equipe, apesar de taticamente o time ainda não ter encontrado seu padrão de jogo totalmente. Porém, a escassez de vitórias e um sequência de partidas sem evolução levaram a queda do treinador em setembro.

Para seu lugar, a direção do Vitória apostou em Argel Fucks, com contrato até o fim de 2016. A escolha era duvidosa, devido a demissão do comandante por duas equipes da Série A (Internacional e Figueirense). No entanto, como característica sua, Argel tomou o elenco para si e, se devia tecnicamente durante os jogos, o time demosntrava coração e nunca vendia as derrotas de forma barata e as vitórias eram sempre com boas apresentações. Fucks tornou o time ainda mais ofensivo e conseguiu o objetivo traçado pela direção ainda com Mancini no cargo.

Argel cumpriu seu papel no Leão em 2016. Foto: Francisco Galvão/Vitória
Argel cumpriu seu papel no Leão em 2016. Foto: Francisco Galvão/Vitória

O que esperar para 2017?

O Vitória poderá ou não fazer uma repaginada para 2017. Na próxima quinta-feira (15) ocorrerá a eleição para presidente do clube. Raimundo Viana, atual cartola, tentará a reeleição para o cargo contra outros dois candidatos: Ricardo David e Ivã de Almeida. O time voltará a participar da Copa do Nordeste e também atuará na Copa do Brasil.

No elenco e comissão técnia, há indefinições. Como declarado na semana passada, Argel Fucks ainda não sabe se ficará no cargo para 2017. Marinho teve um ano espetacular e já é alvo de clubes com calendários mais vastos e outros atletas também não deverão ficar (Victor Ramos e Willian Farias). No campeonato brasileiro, o time provavelmente brigará na parte intermediária da tabela, mas tem totais chances de título no Nordestão.