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Anderson Silva, Fedor, Minotauro, Wanderlei Silva, Vitor Belfort, Daniel Cormier, Rampage, Ricardo Arona, Shogun, Lyoto Machida... Um lutador precisa ter muita coragem para enfrentar uma lista de adversários como essa. Também precisa ter capacidade, que pode ser traduzida em um poder de nocaute fenomenal e um queixo duro como pedra, por exemplo.

E precisa ainda superar o tempo para se manter na ativa passando por várias gerações. Resumindo, precisa ser um verdadeiro "casca-grossa". Este lutador é Dan Henderson, que, aos 46 anos, fará sua despedida do MMA em uma disputa de cinturão do UFC na noite deste sábado. Para muita gente, trata-se do maior casca-grossa da história das artes marciais mistas.

- Fico honrado que as pessoas pensem isso de mim. Espero poder justificar isso neste sábado - disse Hendo, que vai enfrentar Michael Bisping na luta principal do UFC 204, em Manchester.

Dan Henderson já flertou com a aposentadoria antes, mas desta vez ele garante: será sua última luta, independentemente do resultado. Ou seja, caso ele derrote Bisping, o cinturão dos médios (até 84kg) logo ficará vago. O título do UFC é também o que lhe falta, uma vez que já foi campeão do Pride e do Strikeforce, além de eventos menores. É a chance de encerrar a carreira no auge e de forma brilhante.

- Acho que esta luta será de longe a mais especial da minha carreira, pois vou me aposentar no topo. O apoio que tenho recebido dos fãs pelo mundo é inacreditável - afirmou

Henderson e Bisping farão uma revanche. Eles se enfrentaram há sete anos, no UFC 100, e Hendo na ocasião conquistou um dos maiores nocautes da história, que deixou o inglês traumatizado. Tanto é que o atual campeão sempre mostrou interesse pela revanche. Provocador, Bisping tem dito que Hendo está velho e não é mais o mesmo lutador que já foi, mas ainda assim mostra respeito pela famosa "Bomba H", a mão direita do americano. 

- Esse cara é capaz de me nocautear, claro. Sei disso, já sofri um nocaute dele. Precisei de uma hora só para entender onde eu estava e quem eu era. Tive que ir ao hospital. É uma luta perigosa, mas quero enfrentá-lo de novo para "tirar" aquela derrota, arrumar meu cartel.

Para Henderson, no entanto, o nocaute no UFC 100 não foi o mais importante de sua carreira, tão grandiosa que ela é. Ele vê duas vitórias mais especiais do que aquela.

- Acho que aquele nocaute foi o que os fãs mais gostaram. Mas não senti que foi um grande feito, como senti em outras lutas. Foi um feito, mas não tão grande como nocautear Wanderlei Silva ou Fedor. Michael conquistou mais coisas, e derrotá-lo agora será um feito maior - afirmou o veterano, que em seguida seu jogo.

- Meu plano é socá-lo o mais forte possível, e quanto mais vezes for possível, até terminar o trabalho. Se levar os cinco rounds, estarei feliz, contanto que eu ganhe cada round.

Dan Henderson tem um cartel vitorioso de 32 triunfos e 14 derrotas, mas não vem de bons resultados. Nas últimas nove lutas, venceu apenas três e perdeu as outras seis. É apenas o número 13 no ranking oficial da categoria. Mas vários fatores influenciaram para que ele fosse escolhido para disputar o cinturão: a esperada revanche com Bisping, o fato de ser a última luta da carreira, e o nocaute sensacional sobre Hector Lombard no último combate. Hendo admite que furou a fila, o que deixou outros atletas revoltados, principalmente Ronaldo Jacaré, número 3 e que esperava ser o adversário na primeira defesa de cinturão de Bisping.

- Acho que ele (Jacaré) provavelmente disse mais do que deveria (nas reclamações), mas eu entendo. Também ficaria frustrado se estivesse no lugar dele ou de outros caras da divisão. Mas quando muitos fãs pedem uma luta, você não deve reclamar tanto. Sei que agora ele terá de vencer o Luke Rockhold para ter uma disputa de cinturão. Mas, quando você é o campeão, tem que derrotar todo mundo de qualquer forma. Então, ele tem que ser capaz de vencer o Luke. Peço desculpas por ter furado a fila, mas vou me aposentar.

Dois brasileiros participam intensamente da rotina de Dan Henderson. Ricardo "Pantcho" Feliciano é seu treinador de jiu-jítsu, e Gustavo Pugliese é seu técnico de boxe. Até eles, que o conhecem bem, ainda ficam impressionados com a dureza do veterano.

O Renzo Gracie uma vez falou: "Ele é um paraíba. É um pedreiro que cai do andaime como se nada tivesse acontecido". Realmente ele tem tudo da essência de lutador. O instinto dele de guerreiro e de brigador não tem igual - disse Pugliese.

- Acho que ele é muito casca-grossa, um dos maiores. Só teve pedreira desde o início da carreira. Não teve essa de fazer cartel, de crescer por fora até chegar nas lutas duras - completou Pantcho.

Os técnicos contam que, da primeira luta contra Bisping até aqui, a principal mudança que ocorreu para Hendo foi nos treinos. Por causa da idade, ele passou a treinar menos. Uma vez por dia, em vez de duas. Quando está muito cansado, folga. Tudo para facilitar a recuperação do corpo. Mas a mente, segundo Gustavo e Ricardo, segue forte como sempre, e hoje a experiência é maior. Após muito estudo de Bisping, a confiança em uma nova vitória sobre o inglês é grande.

- Vamos dizer 88%? É muita chance. Foi estudado, e é o instinto do Dan, o que ele gosta de fazer. A mão dele entra sem ele nem saber que está entrando. O tempo dele é muito bom, por isso sempre surpreende os adversários. Acho que o Bisping não mudou muito de lá para cá, e a possibilidade de acontecer de novo (o nocaute) é muito grande - garantiu Pantcho.