O handebol brasileiro é esperança de medalha nos Jogos Olímpicos Rio 2016. A seleção feminina possui conquistas recentes e lutará por lugar ao pódio e, quem sabe, o inédito ouro em Olimpíadas. Recentemente, a seleção comandada pelo dinamarquês Morten Soubak venceu o Mundial de 2013 e os Jogos Pan-Americanos em 2015. Para as mãos chegarem às medalhas douradas, muitas jogadas passam por Duda Amorim, a catarinense que atua como armadora esquerda.

Duda Amorim possui diversas conquistas individuais e por clubes durante a carreira. Aos 29 anos, a trajetória brilhante da atleta inclui as premiações de melhor jogadora do Mundial 2013, melhor jogadora do mundo em 2014 e melhor defensora da liga europeia na temporada 2015/16.

Nascida em Blumenau, Eduarda iniciou no handebol longe de casa. Logo aos 15 anos, na região do ABC paulista, atuou pelo São Bernardo e pelo São Caetano, quando foi campeã paulista junior e jogava simultaneamente na equipe de base e entre as profissionais. A transferência para o exterior também ocorreu muito cedo, aos 19.

No leste europeu, terra de grandes conquistas do handebol, Duda chegou ao Kometal Skopje, da Macedônia. Ela precisou superar as diferenças culturais entre o Brasil e o novo país, além de se adaptar ao grupo de jogadoras na condição de estrangeira. A ajuda da irmã, Ana Amorim, que já atuava na Europa, foi fundamental para o desenvolvimento de Eduarda.

Ela escancarou as diferenças do tratamento da modalidade do handebol no Velho Continente e no Brasil. No exterior, as jogadoras conseguem sobreviver do esporte como verdadeiro emprego, possuem um calendário anual, em alto nível de competitividade. A forma como a mídia e a sociedade encaram também elevam o grau de importância do handebol europeu.

Duda Amorim com a camisa do Győri ETO KC (Reprodução / Facebook)

Após quatro temporadas vencedoras na Macedônia através do Kometal Skopje, com quatro títulos do Campeonato da Macedônia e quatro títulos da Copa da Macedônia, Duda Amorim se transferiu para Hungria. Desde então, atua no multicampeão Győri ETO KC, equipe verde e branca da cidade homônima de Győr.

Uma curiosidade é que Győr possui população menor do que a cidade-natal de Duda, Blumenau, em Santa Catarina. Apesar da população de pouco mais de 128 mil habitantes, Győr é a cidade mais importante do noroeste da Hungria e a sexta mais populosa do país. No handebol, a tradição construída pelo clube é gigantesca.

O Győri ETO KC é 11 vezes campeão húngaro, sendo vencedor por todas vezes entre as temporadas 2006-07 e 2013-14. Foi exatamente no fim de 2014 que Eduarda passou por uma cirurgia no joelho esquerdo e precisou se afastar das quadras por seis meses, em recuperação. Mesmo assim, não foi problema retornar ao jogo entre as melhores do mundo, em mais uma prova de que é difícil parar a catarinense.

Este ano, Duda Amorim já soma a oportunidade de mais um título húngaro e também do europeu. Na EHF Champions League, a jogadora foi campeã em 2013 e 2014 e dessa vez disputa a final contra o CSM Bucuresti, uma chance de troco nas romenas.

No último Mundial, o de 2015 na Dinamarca, o Brasil parou nas oitavas de final, em derrota para Romênia. A chance do tricampeonato europeu da armadora brasileira é um feito a mais antes da disputa pela medalha de ouro no Rio de Janeiro.

Nas Olimpíadas do Rio, o Brasil terá pela frente a Noruega, a Espanha, a Angola, Montenegro e novamente a Romênia na primeira fase. Em tabela feita pela Federação Internacional de Handebol, os jogos das brasileiras serão pela manhã, com apenas o enfrentamento com as romenas à tarde.

Duda comentou a expectativa às Olimpíadas ao Correio 24 Horas, da Bahia. "A ansiedade sempre vai existir. É um grande evento e de extrema importância pra mim e pra seleção. Estou me preparando da melhor maneira possível.

"Vejo a Olimpíada como uma nova chance de ganhar um título. Na minha opinião, aumentou a pressão, pois não usamos bem o Mundial para treinar à Olimpíada. Mas faz parte perder e também serviu de aprendizado para nós. Estamos trabalhando dobrado agora para conseguir uma medalha em agosto", afirmou a armadora do Győri.

(Foto: Reprodução / Facebook Eduarda Amorim)
(Foto: Reprodução / Facebook Eduarda Amorim)

Com toda uma carreira vitoriosa no Brasil e na Europa em mais de uma década no handebol de alto nível, a catarinense admite que a medalha olímpica é a grande meta para ainda ser batalhada. "É um sonho para todo atleta, a principal competição esportiva do mundo, os melhores atletas em disputa, uma grande festa do esporte. Seria uma enorme realização profissional e pessoal, ainda mais por ser no meu país", completou Duda Amorim.

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Sobre o autor
Henrique König
Escritor, interessado em Jornalismo e nas mudanças sociais que dele partem; poeta de gaveta.