Uma mania que todos temos é de indicar favoritos antes do começo de grandes competições mundiais. É assim com torneios de futebol, as grandes disputas nos esportes pelo mundo e também em modalidades olímpicas. Para o Brasil, vôlei, futebol, natação, judô são sempre esportes com expectativas de medalhas. 

Mas em 2012, em Londres, algo quebrou o paradigma e trouxe uma mudança bem vinda. A ginástica era pouco lembrada e uma modalidade dentro dela chocou os brasileiros. Um paulista do ABC colocou São Caetano do Sul no mapa dos ouros das olimpíadas. Arthur Zanetti, um jovem ainda, tímido, sem grandes holofotes, no meio de vários ginastas, cresceu em meio aos seus 1.56m e escreveu seu nome como primeiro latino-americano a ter um ouro na ginástica.

Foi nas argolas. Foi na raça, na técnica e na superação. O esporte que deixa tenso quem assiste, viu os tensos músculos de Arthur rasgarem papéis e brilharem na cor dourada quando apareceu no painél sua primeira colocação. É do Brasil!

Trajetória

Quem viu apenas no momento, se sentiu surpreendido. Quem era aquele brasileiro emocionado com a medalha de ouro? Mas poucos sabiam que Zanetti não estava ali por acaso. Tudo foi planejado para sua conquista.

Isso porque foram anos de trabalho forte e superando desafios que o Brasil cria com seus atletas olímpicos. Com pouca estrutura e suporte, o garoto começou a brilhar um ano antes, na China, na sua participação na Universíada. Essa conquista começou o ciclo vitorioso que paira até hoje.

Ainda em 2011, seu primeiro mundial, mas dessa vez, superado pelo rival chinês Chen Yibing. Sempre no topo da modalidade, suas façanhas eram poucas vistas no Brasil. Mas ele seguiu firme e conquistou duas medalhas no Pan do mesmo ano. Um ouro por equipes e uma prata nas argolas.

A preparação seguia para o grande momento. Em Londres, o ápice de sua carreira até aqui. Superando a desconfiança e o desconhecido do público brasileiro, quebrou barreiras e se tornou o primeiro latino-americano a ter um ouro na ginástica artística, nas argolas.

A final

Arthur era um dos favoritos. Seu rival era novamente o chinês Chen Yibing, mas agora com disputas contra o russo Aleksandr Balandin e o italiano Matteo Morandi. Além deles, outros quatro ginastas completaram a final: o outro russo Denis Ablyazin, o argentino Federico Molinari, o porto-riquenho Tommy Ramos, além de Jordan Jovtchev, da Bulgária.

Zanetti e outros três ginastas partiram com suas notas de saídas com 6.800, aumentando a responsabilidade e a pressão contra si. Durante a fase de classificação, o brasileiro foi apenas o quarto, atrás de Chen, Mateo e Balandin. Com 15.616, a situação precisava ser mais arriscada.

Na grande disputa, apenas 0.100 de diferença de Arthur para Chen. Ambos saíram com a mesma nota de saída, mas o brasileiro teve 9.100, contra 9.000 do chinês, carimbando o ouro num total de 15.900, contra 15.800 de Chen e 15.733 de Matteo, o medalhista de bronze da competição.

O baixinho de mais de um metro e meio se tornava um gigante. Um gigante que peitou a federação, brigou por melhores condições para sua modalidade e estrutura ideal de treinos para esse Rio-2016 e conseguiu.

Zanetti certamente será um dos finalistas. O ginasta agora é conhecido do grande público e terá apoio total da torcida para brilhar e crescer ainda mais.