É a primeira vez que Diego recebe uma medalha olímpica, e não teve a menor necessidade que fosse o ouro para que a emoção tomasse conta de qualquer coração que pulsa em solo verde e amarelo. 

Diego vem de um caminho doloroso para um atleta. Tudo ia bem na prova de solo na Olimpíada de Pequim, em 2008. Ele realizou todos os saltos com perfeição, boas aterrissagens, sem muitos erros. Mas caiu. Diego levantou, mas chorou. Os olhos do mundo estavam nele naquele instante, e ele não conseguiu. 

Acontece, nós sabemos. Mas nós também conseguimos imaginar quão frustrante deve ser caminhar tanto e perder no final. Nadar e morrer na praia. Treinar por anos e cometer um deslize que derruba todo o sonho Olímpico. 

O Diego de tantos ouros em Jogos Panamericanos e Mundiais de Ginástica não chegou perto do pódio em Pequim. 

Tudo bem. O tempo passa e leva as dores. Londres 2012 estava aí. Diego tentaria de novo, porque é isso que nós fazemos: levantamos e tentamos novamente. 

E, novamente, ele tentou. Novamente caiu. Diego continuou a prova, mas nas imagens pode-se ver sua expressão abalada. Aquela queda havia o desclassificado, ele sabia. 

Começava mas um período difícil na vida do atleta. Superar quedas e decepções não é fácil. Veio a depressão, e isso derruba mais do que a gravidade no solo. Apesar disso, não pensou em desistir. Em 2013 participou do Campeonato Mundial de Ginástica Artística. Alcançou o quinto lugar no solo e o sexto na mesa. Em 2014 subiu no pódio com o bronze no mesmo campeonato e disse que estava decidido a ganhar uma medalha em 2016, no Rio. 

2015 deu a Diego duas pratas em Copas do Mundo, em São Paulo e em Doha. 

O tempo passa e leva as dores. A Olimpíada do Rio começou, e chegou o dia da competição individual no solo. Não é fácil encarar fantasmas, colocar-se cara a cara com um passado ruim. Diego se concentrou, dava pra ver a forma como olhava para o solo antes de cada salto. E ele executou todos os movimentos com perfeição, sem cometer nenhum erro grave. 

Sob os gritos da torcida, sob as palmas, ouviu sua nota: 15,533. E a apreensão aumentava a cada apresentação de seus adversários. As ovações ficavam ainda mais altas a cada nota inferior a sua que eles recebiam. O britânico Max Whitlock foi insuperável, como todos esperávamos. Mas, depois dele, ninguém mais superou Diego. 

A Arena Olímpica do Rio ficou pequena para o tanto de emoção que nosso brasileiro provocou, e para o tanto de amor que a torcida devolveu a ele. 

Diego Hypolito superou anos de lutas e dores e quedas, e agora carrega no peito a primeira medalha em Jogos Olímpicos. Agora, carrega na memória essa tarde de domingo, quando subiu ao pódio de uma Olimpíada em sua casa e mostrou ao mundo um tipo de poder de superação que só existe no esporte. 

Hoje olhamos para o quadro de medalhas e não podemos nos comparar aos outros países, é verdade. Porém, hoje, eles podem ter muitas medalhas, mas nós temos o Diego. E um orgulho imenso desse Diego, que mereceu essa vitória mais do que qualquer um, e todos os aplausos do mundo.