Em evento fechado à imprensa nesta terça (15), no Rio de Janeiro, Cris Cyborg falou aos jornalistas sobre os mais diversos tópicos. Mulheres no UFC, Ronda Rousey, as ofensas recebidas de Dana White e Joe Rogan... Não faltou assunto à brasileira, que recentemente conquistou seu primeiro cinturão no UFC contra a americana Tonya Evinger.

Para a brasileira, a conquista do cinturão no UFC 124 veio no momento certo de sua carreira; segundo Cris, o triunfo é fruto de um grande desenvolvimento pessoal, tanto dentro quanto fora do octógono.

"Eu era campeã, então foi mais um cinturão na minha carreira que faltava pra completar. As pessoas estavam muito mais ansiosas que eu. Estou muito feliz com o resultado, porque é mais um cinturão em mais uma organização. Foi difícil, foi duro, mas com todo esse desenvolvimento na minha carreira, evoluí como atleta e como pessoa. Acho que aconteceu no momento certo", afirmou.

Cris Cyborg marcou presença em media day do UFc nesta terça (Foto: Buda Mendes/Getty Images)
Cris Cyborg marcou presença em media day do UFc nesta terça (Foto: Buda Mendes/Getty Images)

Cris também falou sobre a dificuldade de enfrentar mulheres de sua categoria, peso-pena (até 65,7 kg), no UFC. Segundo Cyborg, Holly Holm seria uma boa adversária para uma luta - apesar de ser peso-galo, a americana já lutou anteriormente na categoria de Cris. O plano ideal, no entanto, seria assinar com lutadoras específicas da categoria peso-pena para o UFC.

"Me incomoda (não ter mulheres peso-pena), gostaria que o UFC assinasse com meninas da minha categoria. Eu falo da Holly (Holm) porque ela já lutou nessa categoria com a De Randamie e acho que ela poderia aceitar fazer essa luta, mas eu queria lutar com meninas da minha categoria. Acredito que existem mais meninas, mas elas estão assinadas com outra organização. Com eles (UFC) dando mais oportunidades, com certeza elas vão querer migrar. O UFC é um grande evento", completou.

Cyborg 'cutuca' Ronda Rousey e afirma que uma possível luta sempre esteve em seus planos

Apesar de todas as expectativas do público, a esperada luta Cris Cyborg x Ronda Rousey jamais aconteceu - mas isso não impediu a lutadora brasileira de provocar a americana por sua recente derrota.

"Eu gostaria que ela viesse de vitória (para uma luta). Queria lutar com aquela Ronda que se achava invencível, e não agora que já ganharam dela. Gostaria que ela fizesse umas lutas, ganhasse, ficasse forte novamente... Que colocasse isso na cabeça e que a gente fizesse uma grande luta”, afirmou a campeã do UFC.

Ronda Rousey é uma das adversárias nos planos de Cris Cyborg (Foto: Brandon Magnus/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)
Ronda Rousey é uma das adversárias nos planos de Cris Cyborg (Foto: Brandon Magnus/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

Cris também falou que uma luta contra Rousey era seu principal foco; no entanto, com a derrota da americana para Holly Holm, a luta tornou-se inviável. A brasileira ainda declarou que um possível embate com Ronda foi um dos principais motivos por trás da assinatura de seu contrato com o UFC.

“O foco principal antes de fazer a luta casada era lutar com a Ronda. Se ela tivesse ganhado da Holly [Holm], talvez fosse a minha oportunidade de lutar com ela. Foi por isso que eu aceitei assinar com o UFC. Meu foco era abaixar para a categoria dela, mas para mim estava muito difícil. A opção de 140 libras foi uma das opções que eu tinha para lutar com ela, não com outras meninas. O foco era ela mesmo”

Cris Cyborg fala sobre ofensas vindas de Dana White e Joe Rogan

Durante a entrevista, Cris não pôde deixar de falar sobre as ofensas que recebeu de Dana White Joe Rogan. No passado, o presidente do UFC chegou a afirmar que a lutadora era "irrelevante" para o MMA; Rogan, por sua vez, insinuou que Cris teria um órgão genital masculino.

A resposta da lutadora veio de dentro do octógono: ao vencer o UFC 124, a brasileira conquistou o desejado cinturão peso-pena feminino. Após a luta, Cris dividiu seu espaço na arena com White e Rogan, mas preferiu não emitir quaisquer declarações. Para ela, seu cinturão já falava mais alto que suas palavras. 

"Ali você pensa 'ah, vou falar', mas vendo bem, aquele já era o meu momento. Ver ele (Rogan) me entrevistando e o Dana White botando o cinturão em mim já era uma resposta. Acho que eu não precisava falar mais nada, eles já refletiram ali. Eu não precisava estragar um momento especial para mim", afirmou.

Cyborg recebe o cinturão do UFC 124 das mãos de Dana White (Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)
Cyborg recebe o cinturão do UFC 124 das mãos de Dana White (Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC/Zuffa LLC via Getty Images)

Cris também fez questão de mostrar que não guarda rancores de White; para a lutadora, admitir seu erro foi uma grande atitude do presidente do UFC. Para Cyborg, o mais importante é o respeito mútuo para que os dois sigam trabalhando juntos no futuro.

"Ele já me desbloqueou das redes sociais (risos). Acredito que aconteceu muita coisa entre mim e o Dana, e ele mesmo já falou que errou muito com a Cris Cyborg. Só de a pessoa admitir que errou já abre as portas pra poder melhorar, porque muitas pessoas erram e não falam. Isso já me tocou, então eu pensei 'ah, vamos tentar trabalhar juntos'. Eu gosto de lutar, gosto de fazer o meu papel ali. Se eles aceitarem trabalhar junto comigo, com certeza sai todo mundo feliz", finalizou. 

Confira outros trechos da coletiva abaixo:

- Troca de farpas com Bethe Correa nas redes sociais: "Nunca foi do meu interesse lutar com a Bethe. Eu nunca tinha visto as lutas dela e (não sabia) que essa dança era a marca dela, aí eu julguei. Acabei vendo depois disso que essa é a personalidade dela. É uma menina simples, que gosta de brincar. Eu até falei que tinha pegado pesado, me falaram isso, mas em momento algum eu quis lutar com ela. Pra mim, foi diferente. Era uma coisa com que eu não concordei, mas deveria ter guardado pra mim. (...) Acho que ela está fazendo bastante pro esporte e é uma de nós."

- Possível luta com Amanda Nunes: "Eu lutaria com a Amanda, mas não tenho esse interesse. Nós somos as duas brasileiras com cinturão. Querendo ou não, uma brasileira (lutar) com outra brasileira 'mata' uma brasileira. Para que eu vou querer 'matar' uma que representa o mesmo país? Se puder, a gente pode lutar contra o mundo. Se essa luta for interessante para os fãs, a gente pode fazer, do mesmo jeito que a Claudinha (Gadelha) vai lutar com a Jéssica (Andrade). Eu não acho bacana essa luta porque somos duas brasileiras. Eu lutaria, mas se puder, evitaria porque acho que Brasil contra Brasil não é bacana. Os fãs ficariam divididos."

Mayweather é a aposta de Cris Cyborg na luta contra McGregor (Foto: Joel Angel Juarez/Anadolu Agency/Getty Images)
Mayweather é a aposta de Cris Cyborg na luta contra McGregor (Foto: Joel Angel Juarez/Anadolu Agency/Getty Images)

- Mayweather x McGregor"Quando você treina com alguém que vem do boxe, é diferente. Ele (MayWeather) vai dar um jab diferente, vai se esquivar diferente, então ele tem mais surpresas. Acho que essa luta é do Mayweather, com certeza. Ele é uma lenda do boxe, não tem nem o que falar."

- Valorização do MMA: "Acho que, a cada evento, a gente está vendo que as mulheres estão se desenvolvendo e fazendo melhores lutas. (...) Eu não gosto de ser o rosto do MMA, acho que é muita coisa pra uma pessoa só. A Ronda fez muito pelo MMA, mas quando ela perdeu e resolveu abandonar a modalidade, acabou? Não. Tem outras meninas. Não estou aqui para desvalorizar as outras meninas, e sim para fazer crescer o esporte -  juntas. A gente luta uma contra a outra, mas está junta no rumo de crescer o esporte.”