Cumprindo as previsões do skate, o Brasil já tem uma medalha na estreia do esporte em Jogos Olímpicos! Kelvin Hoefler ganhou a primeira medalha do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio 2020 e reforçou a expectativa nacional em torno do esporte. Nas previsões mais otimistas, a delegação brasileira ainda almeja mais algumas medalhas para o quadro. Então, para ficar registrado, a prata da prova de street começou a ser disputada na noite de sábado (24) e terminou na madrugada de domingo (25).

Na final, Kelvin obteve a nota 36,15. Só ficou atrás do japonês Yuto Horigome, com 37,18, que levou o ouro da prova. O estadunidense Jagger Eaton, com 35,35, fechou o pódio com a medalha de bronze. Os outros brasileiros na disputa foram Felipe Gustavo e Giovanni Vianna, que não conseguiram avançar à final.

Um pouco da história de Kelvin Hoefler

Foto: Divulgação / COB
Foto: Divulgação / COB

Hexacampeão mundial, Hoefler mora em Los Angeles, na Califórnia, porém cresceu em Vicente de Carvalho, bairro da periferia do Guarujá, litoral paulista. Ele começou a praticar o skate aos 9 anos de idade na cozinha da casa dele. Observando o prazer do filho e também a habilidade, o pai passou a incluir alguns obstáculos no trajeto até a garagem, fazendo um tour pela sala, e o menino foi desenvolvendo ainda mais suas competências.

Aos 13 anos, Kelvin já ganhava prêmios relevantes para um adolescente em algumas competições — moto, carro, dinheiro... Foi aí então que seu pai começou a conversar sobre o futuro do garoto. Apoiou seu filho na decisão em viver do skate, mas já mostrou que ele precisaria ser competitivo para ter sucesso. A partir dessa decisão, o pai de Kelvin saiu da polícia militar e se dedicou a abrir os caminhos para o filho.

Em 2014, Kelvin se mudou para Los Angeles, onde teria muito mais facilidade para treinar por causa da abundância de boas pistas de skate. "Vi que lá era o lugar ideal, com ruas lisas e a cada esquina tinha um skatepark perfeito. Sabia que era um local para eu evoluir na modalidade e chegar ao patamar dos americanos", disse Kelvin em entrevista ao Estadão.

Nos Estados Unidos, onde tem o principal mercado do skate no mundo, o jovem brasileiro começou a se enturmar e teve ajuda de uma galera para desenvolver habilidades. Alugou uma cozinha na casa de uma amiga, onde morou até juntar o dinheiro suficiente através de premiações em campeonatos para conseguir comprar sua própria casa e se estabilizar independentemente.

Valeu a pena

Depois de todo o esforço, Kelvin Hoefler ainda teve a felicidade de ver que o skate sendo acrescentado na lista de esportes olímpicos. Então, foi o seu momento de esbanjar seu talento sob farda brasileira em busca de uma medalha. E na madrugada deste domingo (25) pôs no peito a primeira medalha brasileira conquistada no skate, com prata pura.