Faltam poucos dias para que todos os holofotes do mundo dos esportes estejam focados para o Rio de Janeiro. As Olímpiadas do Rio 2016 está chegando com algumas baixas, como as ausências confirmadas de Stephen Curry, César Cielo, Lionel Messi dentre outros. Contudo, outras lendas do esporte já se preparam para fazer o "check-in" na cidade maravilhosa.

Usain Bolt, o relâmpago jamaicano, o homem mais rápido de todos os tempos tem presença confirmada, e irá se despedir do esporte justamente no evento que irá ocorrer no Brasil. Detentor de diversos recordes mundiais e olímpicos, Bolt buscará pela terceira vez consecutiva o ouro nas modalidades: 100m, 200m e 4x100m.

Trajetória olímpica

Bolt chegou à Pequim para disputar a seu primeiro Jogos Olímpicos como um dos principais favoritos da imprensa, mesmo tendo apenas 21 anos de idade. Respondendo todas as enormes expectativas, o jovem jamaicano realmente demonstrou que a falta de experiência não seria problema. Na final dos 100m, Bolt quebrou o recorde mundial atingindo uma marca de 9.69, se tornando o primeiro homem na história a ultrapassar a linha de chegada abaixo de 9.7.

Medalhista em sua primeira prova, Bolt já não era mais uma promessa, mas sim, uma realidade. Ambicioso, o atleta mirou desde então a conquista do ouro na prova seguinte: a dos 200m. A disputa na grande decisão não foi tranquila como a dos 100m, quando Bolt chegou muito, mas muito mesmo a frente de seus adversários. Porém, o resultado seria o mesmo. Um dia antes de seu aniversário de 22 anos, Usain Bolt quebrou novamente o recorde mundial chegando a uma marca de 19.30, se tornando assim o primeiro velocista da história a conquistar o lugar mais alto do pódio nos 100m e 200m em uma mesma olímpiada.

Em sua despedida de Pequim, Bolt disputia a final do revezamento 4x100. E adivinhem só, pela terceira prova consecutiva o jamaicano conquistaria não somente o ouro, mas também mas um recorde mundial. Junto com Asafa Powell, Nesta Carter e Michael Frater, Usain Bolt terminou a prova em um tempo de 37.10. 

Quatro anos depois em Londres, muitos apostavam que Bolt não se superaria, e não quebraria seus próprios recordes. Para o azar de muitos, e para a sorte dos fãs de esporte, eles estavam errados.

O recorde mundial dos 100m já estava quebrado, já que Bolt havia se superado no mundial realizado em Berlim, um ano após os Jogos Olímpicos de Pequim, atingindo 9.58. Mas em Londres, Bolt teria um "antigo conhecido como adversário". Yoham Blake chegou a Inglaterra qual expectativas semelhantes a de Bolt em 2008. O garoto também tinha 21 anos, como Bolt em Pequim. E havia deixado a lenda jamaicana para trás nas seletivas pré-olímpiadas.

Entretanto, tanto nas disputas de 100m como na dos 200m Bolt se consagraria novamente, deixando cada vez mais claro que era o maior velocista de todos os tempos. Primeiro atingiu 9.63, e depois 19.32, deixando o jovem compatriota para trás em ambas as provas.

Em seguida, mais uma vez Bolt se despediria de uma competição olímpica na disputa dos 4x100. A equipe tinha Blake na vaga de Powell, mas mesmo assim, o resultado foi o mesmo do torneio anterior. 36.84 foi a marca atingida, quebrando mais uma vez o recorde mundial. Conquistas suficientes para Bolt declarar "humildemente": "Eu sou uma lenda, e hoje sou o maior atleta vivo".

Bolt durante sua última arrancada em Londres nos 4x100m (Foto: Stu Forster/ Getty Images) 

Grandes feitos e títulos

Além das conquistas olímpicas já citadas acima, Bolt se consagrou o primeiro homem depois de outra lenda, Carl Lewis, a vencer os 100m em dois Jogos Olímpicos de maneira consecutiva. Nos 200m, outro grande feito, o primeiro a vencer também de maneira consecutiva em duas competições seguidas.

As grandes conquistas de Usain Bolt iniciaram bem precocemente. Nas competições júnior, o jamaicano foi o primeiro a vencer a prova dos 200m em menos de 20s. 

Nos campeonatos mundiais, Bolt é tão vencedor quanto nas competições olímpicas. Foram seis competições mundiais em que o jamaicano esteve presente, e onze medalhas de ouro conquistadas, se tornando o maior nome da história do atletismo mundial.

Entre 2008 e 2009, Bolt conseguiu outra façanha simplesmente fantástica. O "raio", como é conhecido, quebrou o "recorde dos recordes". Pela primeira vez em toda a história do atletismo, Bolt quebrou três recordes de maneira consecutiva. Primeiro em Nova Yorque, no Reebok Grand Prix, atingindo uma marca nos 100m de 9.72.

Em seguida, veio a conquista em Pequim, já detalhada acima. E por último, a melhor marca de toda a sua carreira nos 100m do mundial de Berlim, atingindo incrivelmente a marca de 9.58.

Qual o legado de Usain Bolt?

Talvez seja complicado medir a importância e a contribuição de um atleta para o esporte. Para a Jamaica, Bolt certamente pode ser considerado o maior esportista da história do país africano. Para o atletismo, a quebra de recordes e de medalhas tanto em olímpiadas quanto em mundiais também demonstra que será difícil superar o raio jamaicano nas próximas décadas.

E para o mundo? Não apenas do esporte, para o mundo mesmo, em geral. O que dizer de um atleta que possui sua própria fundação para ajudar em causas sociais? Algo que muitos atletas de alto nível não faz. É possível não amar alguém que doa R$ 5 milhões para sua antiga escola na Jamaica ou que envia US$ 50 mil as vítimas do terremoto de Sichuan? Acredito que não. 

Nos resta apenas agradecer por estarmos no país em que Bolt dará seus últimos passos em uma pista de atletismo, onde ele se tornou mais do que um velocista, mais do que um homem, mais do que uma lenda, mas sim, o "lightning Bolt".

O Brasil te espera (mais uma vez) de braços abertos BolT (Buda Mendes/ Getty Images)