Foi em Atenas, Grécia que a 23ª Olimpíada entrava para a história. Especialmente para um velejador brasileiro que quando criança se balançava em um pequeno barco nas represas de Guarapiranga, São Paulo. Naquele ano de 2004, as provas de vela iniciaram no dia 14 de agosto e tiveram algumas alterações, como, a classe Soling que foi substituída pela classe Yngling feminina e a classe Star passou a ser disputada apenas por homens.

O Centro Olímpico de Regata Agios Kosmas sediou os onze eventos veleiros e foi palco das duas medalhas conquistadas por brasileiros na vela. O 16º lugar no quadro geral configurou a melhor participação do Brasil em Olimpíadas até então, foram ganhas cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze.

Uma conquista dourada

Um grande nome responsável por uma bela lembrança olímpica é velejador Robert Scheidt. O paulista acabou com a espera de oito anos que o Brasil não conquistava uma medalha dourada, inclusive o último tento foi dele, em Atlanta, 1996. O velejador da classe Laser conquistou o bicampeonato olímpico e se tornou o segundo brasileiro a alcançar este feito. O primeiro bicampeão da história do Brasil em Jogos Olímpicos foi o atleta Adhemar Ferreira da Silva na prova de salto trilho nos anos de 1896 e 1956, Helsinque e Melbouine, respectivamente.

O heptacampeão mundial em 2004, Robert Scheidt vinha fazendo um ano perfeito. Conseguiu conquistar todos os dez títulos disputados da classe Laser até a Olimpíada. Para os Jogos, estava confiante na regularidade dos resultados das regatas para subir ao pódio. E a projeção de seu planejamento surtiu efeito.

O velejador paulista chegou em apenas uma regata na primeira colocação, mas conseguiu ter um equilíbrio nas outras demais dez provas, liderando toda a competição. O brasileiro acumulou poucos erros e somou 55 pontos. Na classe Laser não conseguiu encontrar um adversário ao mesmo nível, o campeão em Sydney, Ainslie havia mudado de categoria e o  austríaco Andreas Geritzer tentou ameaçar com a conquista de duas regatas, mas não manteve o desempenho.

A prova final

Para a décima primeira regata, cuja prova iria consagrar o campeão olímpico de 2004, o brasileiro Robert Scheidt precisava chegar em nono, independente de outro resultado e assim aclamar-se bicampeão olímpico. Uma conquista dessas requer emoção e assim foi. A prova foi atrasada em quase uma hora e meia por falta de vento, após a espera foi iniciada, porém interrompida antes das embarcações alcançarem a primeira boia e mais um período de espera foi marcado.

Foto: Getty Images
Foto: Getty Images

Com a última regata retomada, o futuro bicampeão Robert Scheidt conduzia tranquilamente seu barco até cruzar a linha de chegada em sexto lugar. Com esta posição e os pontos acumulados, o brasileiro colocou no peito a medalha dourada e pode ouvir pela segunda vez em Olimpíada o hino nacional brasileiro.

Além do Brasil no lugar mais alto do pódio na classe Laser, a Áustria ficou em segundo com Geritzer (68 pontos) e Zbagar da Eslovênia com a medalha de bronze (76 pontos). O outro ouro da Vela em Atenas foi conquistado por Torben Grael e Marcelo Ferreira na classe Star. Os brasileiros Ricardo Winicki (mistral), João Signorini (Finn), Alexandre Paradeda e Bernardo Arndt (470), André Fonseca e Rodrigo Duarte (49er), Mauricio Santa Cruz e João Carlos Jordão (tornado) e Carolina Borges (mistral) e Fernanda Oliveira e Adriana Kostiw (470) formaram da delegação de Vela de 2004.