Tóquio, 1964; naquela cidade e naquele ano, ocorreria um renascimento. Pela primeira vez na história os Jogos da Paz aconteceriam no continente asiático, há exatos 19 anos após os acidentes causados pelas bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial.

O esporte tentou chegar duas vezes ao Japão, em 1940 a cidade de Tóquio havia sido escolhida para sediar os Jogos Olímpicos, porém desistiu devido a proporção que a Guerra tomava. Em 1959, foi eleita novamente e dessa vez mostrou toda a reconstrução de um país, habitantes e de um novo mundo.

Tudo começou com uma singela homenagem, o atleta Yoshinori Sakai, nascido em 6 de agosto de 1945, dia da explosão atômica em Hiroshima, foi o responsável por acender a pira olímpica e selar a paz entre aqueles 93 países participantes que enviaram mais de cinco mil esportistas.

Agora juntos

Para a construção dos complexos esportivos foram gastos em torno de US$ 3 bilhões. Destaque para o Estádio do Judô, nova modalidade em Olimpíadas e o Estádio Olímpico que remetia a estrutura dos clássicos templos japoneses. Os custos dos Jogos foram pagos com ajuda dos Estados Unidos, devido as dívidas de guerra. Assim, o Japão reconstruiu um país, se reinseriu à comunidade internacional e melhorou as condições de seus quase dez milhões de habitantes alicerceado na celebração da Olimpíada.

Enquanto o país sede dos Jogos se apresentava como uma nova potência do esporte mundial, os Estados Unidos se afirmou com o primeiro lugar no ranking de medalhas geral, foram 36 ouros em 90 medalhas conquistadas.

Merecedores de destaque

Pela primeira vez uma Olimpíada ganhou um prêmio Fair Play. Os velejadores suecos Lars Gunnar Kall e Stig Lennart Kall desistiram da prova de vela para socorrer os adversários que tiveram a embarcação afundada.

A ginasta da União Soviética, Larisa Latynina participou de sua última edição de Jogos Olímpicos. Em Tóquio, a atleta conquistou seis medalhas e assim encerrou sua carreia olímpica aos 29 anos e 18 medalhas, sendo nove de ouro. Dois estadunidenses também marcaram a história no ano de 1964, o boxeador Joe Frazier foi o primeiro atleta dos Estados Unidos que conseguiu conquistar o campeonato mundial e o olímpico na categoria pesado. O outro, a marcar seu nome foi o jovem nadador Donald Schollander que foi o primeiro atleta a conquistar quatro medalhas de ouro em uma única edição.

A ginasta Larisa Latynina entra para a história com 18 medalhas olímpicas (Foto: olympic.org)
A ginasta Larisa Latynina entra para a história com 18 medalhas olímpicas (Foto: olympic.org)

Um professor de Matemática também será lembrado sempre na história olímpica. O velocista Michael Larrabee venceu os 400m rasos e se tornou o primeiro homem branco a ganhar esta prova. Outro velocista, Abebe Bikila é detentor de superações em Jogos Olímpicos. Na edição de Tóquio bateu o recorde mundial e se tornou o primeiro atleta bicampeão da maratona após ter feito uma cirurgia de apêndice alguns dias antes da competição.

A brasileira Aída dos Santos era a única mulher em nossa delegação de 68 atletas. A representante do salto em altura foi sem treinador e mesmo assim conseguiu se classificar para a final, bateu a marca de 1,74m e conquistou um quarto lugar com prestígio de ouro. Nestes Jogos, o Brasil conquistou a medalha de bronze com o basquete masculino e ficou na 39ª posição do quadro geral.

Para frente, para crescer

O terceiro lugar geral, com 16 medalhas de ouro, cinco de prata e oito de bronze foram apenas a capa de todo um crescimento por trás das disputas esportivas para o Japão. Em 1964, o mundo se desenvolvia e expandia as tecnologias dominadas, foi a primeira vez que aconteceu uma transmissão quase que daqueles praticamente 20 esportes da lista de competições da 18ª edição dos Jogos. A inovação de câmeras, rádios, temporizadores, pistas de atletismo sintéticas sistemas e eletrônicos invadiram o país e se fixaram no mundo.

O Japão conseguiu encadear um crescimento econômico para o país, agora é o terceiro país mais influente mundialmente, de acordo com seu Produto Interno Bruto (PIB) nominal. Seu sistema de transporte ferroviário se tornou o mais eficiente do mundo, a infraestrutura para seus cidadãos é exemplo e os valores dos esportes se refletem na sociedade.

Foi assim que como grande modelo o Japão se reergueu e no ano de 2020 celebrará novamente a alegria e oportunidades que a Olímpiada pode trazer para uma cidade, um país e o mundo.