CRÍTICA: Stranger Things é clichê, mas usa a nostalgia pra agradar seu público-alvo
(FOTO: Divulgação/Netflix)

Depois de oito episódios, chegou a hora de analisar a primeira temporada de Stranger Things, a mais nova aposta no gênero terror da Netflix.

Primeiramente, temos que ressaltar que a série tem um público-alvo. Os fãs de terror dos anos 80 certamente vão adorar a série, ela é um belíssimo presente para quem gosta do gênero, se mantendo fiel e entregando muitas referências. Por outro lado, quem espera uma série inovadora e um roteiro bem construído pode se decepcionar um pouco, pois ela permanece dentro de sua zona de conforto e não se arrisca a entregar coisas novas.

Vamos começar falando da direção de arte, que de longe, é o ponto mais forte de Stranger Things. A retratação de início dos anos 80 é muito bem feita. Penteados, maquiagem, figurino e ambientação não deixam a desejar em nada. Transporta bem o espectador para esse universo.

A trilha sonora também não fica devendo. Músicas clássicas como Should I Stay or Should I Go da banda The Clash, e uma trilha original bem minimalista proporcionando um clima de tensão. A fotografia é boa, mas não é espetacular. Há umas cenas muito boas de câmera na mão, mas falta um jogo de câmera mais intimidador. A série tem uma atmosfera de terror com alguns bons momentos, mas na maioria dos casos acaba sendo expositiva demais, mostrando mais do que deveria.

Como foi dito anteriormente, a série não traz nada de novo em seu enredo. Stranger Things abusa dos clichês, mas compensa com um enorme poder de nostalgia. Fica claro que os irmãos Duffer buscaram homenagear alguns clássicos com cenas claramente inspiradas em filmes como Poltergeist - O Fenômeno, Super 8, Evil Dead, dentre outros. Os personagens, entretanto, acabaram ficando estereotipados demais, como por exemplo o grupinho de crianças que sabe mais informações que a polícia sobre um desaparecimento, os valentões da escola que praticam bullying com os nerds, ou até mesmo a menininha estudiosa que se envolve com o garanhão da escola. Essas e outras coisas que a gente tá cansado de ver em outras histórias.

As atuações, em geral, são bem razoáveis, mas duas atrizes merecem destaque: a Millie Bobby Brown, que faz a Eleven, uma personagem que tem poderes psíquicos e é usada pelo governo pra ser estudada e consegue fugir. A atriz entrega muito bem uma personagem cheia de mistério, de força contida e com medo das pessoas, por não ter boas referências de onde ela vem, uma ótima surpresa. Mas quem dá um show aqui é a Winona Ryder, que interpreta a Joyce, mãe do Will, o menino desaparecido. Todo o sofrimento da personagem pra manter contato com o filho e toda a insanidade de como ela lida com a situação foram entregues com perfeição. É cedo pra dizer, mas não me surpreenderia com uma possível indicação dela ao Globo de Ouro.

Stranger Things é uma série que tem seus problemas, principalmente com seus personagens de modo geral, mas a nostalgia que ela causa prevalece e seu público-alvo vai sair contente com o resultado.

NOTA: 7.3

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