VAVEL entrevista: Raphael Montes, escritor e roteirista
(Fotos: Alana Kalb Rodriges - Arte: Hugo Alves)

Raphael Montes participou da 31º Feira do Livro, na cidade de Passo Fundo no Rio Grande do Sul. Além do ofício de escritor apresenta um programa sobre literatura na Tv Brasil, é roteirista do canal de televisão Rede Globo, e iniciou a produção de um novo livro. Em seu bate-papo com os leitores, leu seu primeiro conto de assassinato escrito na infância, além de dar dicas para novos escritores como a importância de ler muito para tornar-se escritor e nunca ter pressa em terminar suas histórias. E entrevista para o VAVEL Brasil o carica traça um cenário da literatura no país e fala do seu processo de criação e referências literárias. 

VAVEL: Qual suas inspirações envolvendo grande escritores tanto de terror como de ficção?

Raphael Montes: Então, eu costumo dizer que sou inspirado por tudo que me rodeia , não só literatura como também cinema, televisão, teatro, pessoas, conversas. Na literatura quem me fez me apaixonar foi as escritoras policiais Agatha Christie, Patricia Highsmith, minhas duas autoras favoritas, então sem dúvida, se eu tiver que falar duas inspirações da literatura suspense policial são elas duas. 

Além disso, gosto do Stephen King, gosto muito do Lovecraft, do Edgar Allan Poe, Raymond Chandler, Dashiell Hammett, e dos contemporâneos tem um francesa chamada Fred Vargas que eu adoro, também Jeffery Deaver, Scott Turow, Dennis Lehane,
Entre os brasileiros, Rubem Fonseca, Patrícia Mello, Luiz Alfredo Garcia Roza, Machado de Assis para mim é o maior autor brasileiro, então eu gosto de muita coisa, isso na literatura, mas no cinema por exemplo eu gosto de Tarantino, Alfred Hitchcock, Michael Haneke, dos irmãos Coin, são vários cineastas que eu percebo, no meu trabalho, faz muita referência á eles.

VAVEL: Como você vê o cenário atual da literatura brasileira?

Raphael Montes : Olha eu acho que qualidade literária não tem muito haver com repercussão de vendas, ou seja, não necessariamente o autor que escreve bem vende muito, então há os que escrevem mal e vendem muito e os que escrevem bem e vendem pouco, Infelizmente. Mas, o mercado tem sua própria lógica, ou seja, os livros de Youtubers, sem querer desmerecer, são livros voltados para um público mais amplo e menos complexo, são livros mais simples que as pessoas compram mais pela pessoa do YouTube e  não pela história ou pela qualidade literária, então ao meu ver não tem muito haver com literatura, mas são essenciais porque primeiro alimentam o mercado, fazem dinheiro para que as editoras tenham dinheiro para publicar os outros livros e também fazem com que as pessoas apareçam na livraria para ver o que chegou de novo. Então eles cumprem um papel importantíssimo ao meu ver, não tenho nada contra. Agora, é verdade que o leitor brasileiro ainda precisa ser conquistado principalmente na literatura brasileira, eu conheço muita gente que leem Harlan Coben, James Patterson,  Dan Brown, e quando escutam falar dos meus livros ou dos livros de alguns colegas meus escritores do gênero policial acham que é ruim porque é brasileiro, muita gente acredita nisso infelizmente. Mas depois vem dizer - há eu li achando que ia ser ruim mas gostei, então a gente ainda precisa conquistar esse público, não só no policial como na fantasia no terror no romance romântico, no romance histórico em tudo.

O Vilarejo e Jantar Secreto: Dois títulos com histórias distintas mostram versatilidade do autor. (Foto: Divulgação)
O Vilarejo e Jantar Secreto: Dois títulos com histórias distintas mostram versatilidade do autor. (Foto: Divulgação)

VAVEL: Qual o segredo de tanto sucesso com o público jovem?

Raphael Montes: O segredo é fazer uma história que você acredite , eu sou uma cara de 27 anos que gosta de coisas que são pop, os filmes do Tarantino são pop e fazem sucesso, os livros eu gosto policiais são livros de sucesso, gosto de Stieg Larsson que escreveu a trilogia Millennium, que é um Best-Seller mundial e também gosto dos livros do Dan Brown, por exemplo, então eu acho que só de eu fazer o que eu gosto, o meu gosto como eu percebi, é um gosto razoavelmente popular, eu não me preocupo muito em agradar o jovem ou em agradar um público em especifico, eu procuro me agradar. Eu sei que ao me agradar, felizmente, eu agrado outras pessoas , e vejo que sim, os jovens leem muitos meus livros, comentam, indicam, e eu adoro manter contato com meus leitores nas redes sociais.

VAVEL: Você tem algum ritual de escrita?

Raphael Montes:  Eu tento escrever todo o dia um pouco, eu em geral antes de começar escrever um livro eu sei como ele começa como ele termina e o que acontece no meio eu tenho uma noção, em geral eu releio o que eu escrevi nos dias anteriores para pegar o ritmo, e então escrevo por horas seguidas com uma água do lado (risos).

VAVEL: O seu livro, "Jantar Secreto", tem alguma inspiração em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, do Tim Burton ou nas histórias de Hannibal ?

Raphael Montes: De inspiração de coisas ligadas ao canibalismo, sem dúvida do que eu mais gosto é Hannibal, eu confesso que eu não gosto do Sweeney Todd, na verdade eu tenho certas ressalvas ao trabalho do Tim Burton, como gosto pessoal, sem dúvida é um grande artista mas eu mesmo não sou tão fã. Sou muito fã do Hannibal, dos livros, filmes, da série, então acho que sem dúvida o Hannibal é minha influência. Mas, é engraçado como a ideia do canibalismo no meu livro veio como consequência, não era a ideia original, eu criei uma história de jovens que precisavam de dinheiro e que buscassem uma maneira de obtê-lo, daí tive a ideia dos jantares que eu vi que estavam na moda na época , fiquei pensando, imagina se fosse de carne humana e se a carne humana for a mais gostosa, então você vai crescendo na história. Dessa maneira, não consigo ver uma influência tão direta de algum livro ou de algum personagem na ideia de "Jantar secreto".

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