O clima da Mercedes azedou. É a impressão que fica após o GP de Mônaco. Se Lewis Hamilton vinha mostrando uma performance que, aparentemente, o mostrava como candidato único ao título da Fórmula 1 de 2014, o desempenho de Nico Rosberg nas charmosas ruas de Mônaco foi um balde de água gelada. Apesar do 'erro' que cometeu na classificação do último sábado (24), o alemão venceu neste domingo (25) sem sobressaltos. 

Foi a segunda vitória consecutiva do alemão em Mônaco. Lewis Hamilton, por sua vez, passou a corrida quase inteira perseguindo Nico. Contudo, nos momentos finais da prova, o inglês sofreu com problemas de visão, e sofreu grande pressão do australiano Daniel Ricciardo, mas conseguiu manter a segunda colocação, fazendo a quinta dobradinha consecutiva da Mercedes no ano. Depois da corrida, um contrariadíssimo Hamilton disparou o seguinte sobre seu companheiro de equipe: "Não somos amigos, apenas colegas".

Um repeteco em potencial da guerra Senna x Prost em 1989, é o que podemos estar vendo na temporada 2014 da Fórmula 1. De posse dos melhores carros da temporada e dominando o ano como poucas vezes se viu na categoria, os dois pilotos da Mercedes dividiram entre si as vitórias até agora. Hamilton venceu quatro: Malásia, Bahrein, China e Espanha, enquanto Rosberg colecionou apenas duas - Austrália e Mônaco. E a atitude de Hamilton, ao deixar claro que a relação azedou, só pode significar uma coisa: vem uma guerra psicológica aí. E das grandes.

Teoricamente, o inglês leva vantagem: Tem vantagem no número de vitórias, está mais acostumado a elas - pelo seu nada modesto currículo - e já tem um título mundial. Para Rosberg, será mais difícil, pois sabe que o companheiro é um piloto indiscutivelmente velocíssimo, reconhecidamente um dos melhores da atualidade. Uma coisa é certa: O amor acabou. Resta-nos ver a guerra.

Finalizados os comentários sobre a corrida da Mercedes, vamos agora aos comentários da corrida de Fórmula 1. Daniel Ricciardo fez mais uma corrida exemplar, mostrando que se adaptou melhor ao estilo de pilotagem exigido pelo RB10, e terminou na terceira colocação. O seu companheiro de equipe, Sebastian Vettel, sequer pôde completar a prova: abandonou na volta 9, mais uma vez com problemas na unidade de potência do seu carro. O ano não está nada fácil para o tetracampeão que, além da má sorte com o equipamento, também está rendendo menos que o companheiro de equipe, por não conseguir domar tão bem seu RB10.

Fernando Alonso, da Ferrari, foi o quarto colocado e, mais uma vez, terminou à frente de seu companheiro de equipe, Kimi Raikkonen, dessa vez de forma muito fácil. Mais de uma volta atrás Nico Hulkenberg fez uma excelente quinta colocação para a Force India, enquanto Sergio Pérez abandonou ainda na quinta volta, depois de bater na curva Mirabeau.

A McLaren finalmente fez uma boa corrida, melhor do que as últimas. Jenson Button, com seu irretocável estilo de condução, anotou a sexta colocação na tabela de classificação hoje, enquanto o dinamarquês Kevin Magnussen terminou em décimo, após uma atribulada corrida, que teve até entrevero com Raikkonen nos 180º da Loews nas voltas finais. Felipe Massa fez uma ótima corrida pela Williams, terminando numa gratificante sétima colocação, após largar em décimo sexto. Já Bottas não teve oportunidade de sequer terminar a corrida: seu motor estourou na volta 57.

Romain Grosjean mais uma vez tocou a Lotus em direção aos pontos. A equipe inglesa, que passou as primeiras corridas sem qualquer perspectiva de andar entre os primeiros, parece ter achado, de uma forma surpreendentemente rápida, o caminho de volta. Pastor Maldonado, por sua vez, segue numa maré de azar. Sequer largou. Até agora, está provando que sua decisão de trocar de equipe foi a pior possível.

Na nona colocação, uma Marussia. O francês Jules Bianchi conseguiu a proeza de pontuar com o sofrível carro da Marussia pela primeira vez em 82 GPs de existência da equipe. Um grande resultado, sem dúvida. O inglês Max Chilton, por sua vez, completou mais uma corrida, embora a três voltas do líder. E, vejam vocês, por pouco não vimos a Caterham também conquistar seus primeiros pontos.

Marcus Ericsson terminou na décima primeira colocação. Nos boxes, a Marussia comemorou como se tivesse ganho a corrida, principalmente porque esses pontos podem fazer a diferença no final do campeonato, quando as equipes dividirem os prêmios do mundial de construtores.

Uma corrida razoável, mas, sem dúvida, fora da via de regra das corridas em Mônaco que, geralmente, deixam a desejar. O sentimento que fica é que agora o campeonato pegará fogo entre Hamilton e Rosberg, dado o fato de que abriram-se as cortinas de uma guerra psicológica entre os dois.