Michael Schumacher e Jean Todt são dois personagens emblemáticos dos últimos anos da Fórmula 1. O primeiro dominou a categoria nas últimas duas décadas, tornando-se heptacampeão do mundo, e conquistou cinco desses sete títulos pela Ferrari, com o último como seu chefe de equipe. Porém ambos, grandes amigos desde os primeiros anos de Scuderia, encontram-se hoje em situações completamente opostas.

Todt atualmente é o presidente da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), órgão que comanda a Fórmula 1; já Schumacher está em uma situação delicadíssima. Após um acidente de esqui na França, em 29 de dezembro de 2013, o maior vencedor da história da F1 passou seis meses em coma no Hospital de Grenoblé, próximo ao local em que sofreu o acidente, e desde então é atendido em casa, na Suíça.

Nesta sexta-feira (15), na Sid Watkins Lecture, palestra anual da FIA sobre segurança no automobilismo, Todt falou sobre a situação de Schumacher. Segundo o francês, é um momento bastante difícil, já que o heptacampeão é quase uma pessoa da família, mas é importante estar com ele até o fim. Perguntado sobre alguma relação entre o caso do alemão e do francês Jules Bianchi, que sofreu um grave acidente no GP do Japão de 2014 e morreu nove meses depois, o presidente da FIA preferiu não comentar.

Não vou compará-los. Conheci Jules através do meu filho, que era seu empresário, é terrível perder alguém em um acidente. O caso do Michael é diferente, pois ele é quase da família. Quando você vê algum familiar ,ou muito próximo, nessa situação é doloroso e precisamos estar com ele”, disse Todt, lembrando que o empresário de Bianchi era seu filho, Nicolas Todt. Ele também é empresário de Felipe Massa e Pastor Maldonado na F1, James Calado no WEC, Charles Leclerc na F3 Europeia e José María López no WTCC.

Pouco antes da palestra, na última quinta-feira (14), o ex-chefe da Ferrari esteve no Vaticano, e reuniu-se com o Papa Francisco. Apesar de o foco principal do encontro ter sido a segurança nas estradas, os dois fizeram uma oração para Schumacher. Em uma entrevista à Rádio do Vaticano, Todt voltou a ressaltar que Schumacher faz parte de sua família, e lembrou com carinho do momento, caracterizando-o como uma “coisa extraordinária”.

Eu pedi a ele (Papa Francisco) para fazermos uma oração para o Schumacher, e ele aceitou prontamente. Foi um bom dia, principalmente porque viemos aqui para falar sobre a segurança nas estradas, e pude notar o tom positivo do encontro. Elevei um pouco o debate para as pessoas nas quais estou interessado, e obviamente, Schumacher está no meu coração, como no de todos. Ele é da minha família. Na vida sempre há uma oportunidade, e essa era uma. Hoje fizemos uma coisa extraordinária”, declarou.

Michael Schumacher e Jean Todt começaram a trabalhar juntos em 1996, quando os dois se transferiram para a Ferrari. Em dez anos de parceria foram: 57 pole-positions; 73 vitórias; cinco títulos de pilotos seguidos (2000 a 2004) e seis campeonatos de construtores, também em sequência (1999 a 2004).

Jean Todt e o Papa Francisco rezaram por Michael Schumacher (Foto: L'Osservatore Romano)
Jean Todt e o Papa Francisco rezaram por Michael Schumacher (Foto: L'Osservatore Romano)