Em 2016, a Fórmula 1 decidiu mudar radicalmente o formato de seus treinos classificatórios, criando um sistema de eliminação em ambas as partes da sessão. A novidade causou divergências e criou uma grande polêmica em sua estreia, no GP da Austrália, quando nenhum piloto decidiu fazer voltas rápidas nos últimos 5min do Q3, a parte final, para poupar pneus e equipamento. Porém, apesar das reclamações, a categoria decidiu manter o sistema, pelo menos por mais uma corrida.

Segundo a revista britânica 'Autosport', o treino que define a ordem do grid de largada continuará igual na próxima etapa do campeonato, o Grande Prêmio do Bahrein, em Sakhir, no dia 3 de abril. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (24) pela Comissão da Fórmula 1. Ela é formada por 26 membros, que englobam responsáveis pelas equipes, patrocinadores, promotores das corridas, FIA (Federação Internacional do Automobilismo) e FOM (Formula One Management, que controla os direitos comerciais do certame).

A ideia é de dar uma "segunda chance" ao sistema, para que ele possa ser observado de uma maneira melhor. Em entrevista à Autosport, o chefe comercial da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, ratificou a posição. "Eles farão o que eu sugeri, deixar as coisas como estão para esta corrida (Bahrein). Depois disso, daremos uma boa olhada e decidiremos se o que fizemos foi a coisa certa, ou errada, se precisa de modificações, ou se deve acabar. Primeiramente isso foi uma ideia da FIA, então eu os disse que apoiaremos o que eles acharem que é a coisa certa. Mas, como ninguém sabe exatamente o que é certo a se fazer, dissemos que vamos manter o que temos e analisar após a corrida. Aí sim, com duas corridas, teremos visto se foi certo ou errado. Nem as equipes entenderam o que estavam fazendo, o que não ajudou muito", disse Bernie.

Além disso, foi sugerida uma modificação no sistema, que manteria o Q1 e o Q2 com o sistema de eliminação, mas traria o Q3 para o formato anterior, que esteve em vigor entre 2006 e 2015. A opção foi colocada em espera, e poderá ser considerada caso o Q3 seja como foi na Austrália: pouco movimentado, e com o resultado definido precocemente.

A classificação em Melbourne gerou uma grande polêmica, após um Q3 pouco ativo. Antes da corrida do último domingo (20), os chefes das equipes votaram em uma mudança imediata ao sistema antigo para o resto da temporada de 2016. Eles mostraram-se aptos a mudanças, mas apenas a partir de 2017.

As opiniões divergiram, mas a maioria dos pilotos que se pronunciaram fizeram duras críticas ao sistema, que foi a gota d'água para a GPDA (Associação dos Pilotos de Grandes Prêmios) soltar uma carta aberta nesta quarta-feira (23), pedindo mudanças em todo o comando da categoria. Segundo a carta, assinada em nome dos pilotos pelo presidente da GPDA, o ex-F1 Alexander Wurz, e por Sebastian Vettel, da Ferrari, e Jenson Button, da McLaren, o sistema de tomada de decisões da F1 é "obsoleto e doentiamente estruturado".

Lewis Hamilton fez a pole-position na Austrália com o sistema de eliminação, que será mantido para o Bahrein (Foto: Getty Images)
Lewis Hamilton fez a pole-position na Austrália com o sistema de eliminação, que será mantido para o Bahrein (Foto: Getty Images)