O principal marco esportivo da semana que se passou foi o fim das Olimpíadas Rio 2016 no último domingo (21), deixando uma sensação de saudade estampada em todos os fãs de esportes pelo mundo. Porém, para os aficionados por automobilismo, o fim dos Jogos Olímpicos traz uma boa notícia: depois de quatro longas semanas, a Fórmula 1 finalmente está de volta!

Neste fim de semana (26, 27 e 28 de agosto), a F1 volta com o Grande Prêmio da Bélgica, 13ª de 21 etapas do campeonato, no icônico circuito de Spa-Francorchamps. E, mesmo com toda a primeira metade da temporada já tendo passado, muitas coisas ainda estão em jogo – que são importantes não só para o mundial desse ano, mas também para as próximas temporadas.

Confira abaixo alguns destaques que estarão em evidência durante a segunda metade do mundial de Fórmula 1 em 2016:

A disputa pelo título na Mercedes

Hamilton liderou Rosberg na primeira metade do ano, e agora o alemão tenta virar o jogo (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Hamilton liderou Rosberg na primeira metade do ano, e agora o alemão tenta virar o jogo (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Obviamente, o grande holofote em um campeonato de Fórmula 1 está na disputa pelo título, que anda bastante acirrada em 2016. Pela terceira temporada seguida, a Mercedes polariza a briga com seus dois pilotos: o inglês Lewis Hamilton, tricampeão mundial, e o alemão Nico Rosberg, que ainda busca sua primeira taça. E o confronto passa da disputa apenas nas pistas, englobando também o ambiente interno pesado e a briga de egos entre os dois, outrora melhores amigos.

Rosberg começou o campeonato com tudo, vencendo as quatro primeiras corridas (Austrália, Bahrein, China e Rússia). Porém, veio o divisor de águas na já extremamente conturbada relação: o acidente que tirou a dupla do GP da Espanha logo na primeira volta. Desde então, Hamilton voltou mais fortalecido e venceu seis das últimas sete corridas, com a exceção sendo justamente Rosberg, no GP da Europa. Com isso, toda a desvantagem foi tirada, e agora o inglês lidera o certame com 217 pontos, contra 198 do alemão.

Depois do acidente com Rosberg na Espanha, Hamilton é só sorrisos (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Depois do acidente com Rosberg na Espanha, Hamilton é só sorrisos (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Agora a disputa começa a ganhar contornos ainda mais tensos com a proximidade de seu fim. Hamilton quer ser tetracamepão e tornar-se apenas o quarto em quase 70 anos de categoria a ser tricampeão seguido (apenas Juan Manuel Fangio, Michael Schumacher e Sebastian Vettel conseguiram o feito). Já Rosberg, que se mostrou até certo ponto perdido com a aproximação feroz de seu rival, quer mostrar que as férias de verão o ajudaram a voltar mais forte para eliminar toda a diferença, poder comemorar um título inédito (desde Vettel, em 2010, a F1 não vê um piloto ganhar um título pela primeira vez) e se livrar da pecha de “amarelão”, após perder dois campeonatos em série para o seu companheiro de escuderia.

A briga pela segunda colocação entre os construtores: Red Bull ou Ferrari?

Sozinha, a Ferrari rumava pela segunda colocação, mas não esperava a chegada da Red Bull (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Sozinha, a Ferrari rumava pela segunda colocação, mas não esperava a chegada da Red Bull (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

A Ferrari começou o ano como grande candidata a ameaçar o domínio da Mercedes. Depois de ser a única equipe além do time alemão a vencer em 2015 (Sebastian Vettel triunfou na Malásia, na Hungria e em Cingapura), a Scuderia traçou uma meta ambiciosa para 2016: superar o número de vitórias que conseguiu em 2015. Porém, os italianos não esperavam a ameaça que estava logo ao lado.

Eis que a Red Bull, que havia feito um ano ruim em 2015 (quarto lugar entre os construtores), ressurge das cinzas para não só incomodar, mas rivalizar com a Ferrari. A equipe austríaca começou o ano com Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat entre os seus pilotos, mas este último foi o pivô de uma das grandes polêmicas do ano: após tirar justamente Vettel na primeira volta do GP da Rússia, sua corrida da casa, Kvyat foi rebaixado para a Toro Rosso, equipe irmã da Red Bull, para o lugar de Max Verstappen, promovido ao time principal.

O holandês de 18 anos chegou com muitas dúvidas e críticas, mas logo fez história: na sua primeira corrida pela nova equipe, o GP da Espanha, aproveitou o entrevero entre as Mercedes, superou a outra Ferrari, do finlandês Kimi Räikkönen, e se tornou o mais jovem vencedor em todos os tempos na categoria, superando uma marca que era justamente de um piloto de Maranello (Sebastian Vettel era o mais jovem vencedor até então, conseguindo o feito no GP da Itália de 2008, na época com a Toro Rosso). Desde então, os bons resultados dele e de Ricciardo acirraram a briga pelo posto de segunda melhor equipe da Fórmula 1.

O único não-Mercedes a vencer em 2016 foi Verstappen, em Barcelona (Foto: Divulgação/Max Verstappen)
O único não-Mercedes a vencer em 2016 foi Verstappen, em Barcelona (Foto: Divulgação/Max Verstappen)

E a disputa apresenta um resultado que era inimaginável no começo do ano: até agora a Red Bull está na frente com 256 pontos, contra 242 da Ferrari. Os italianos, que traçaram a grande meta de vitórias citada anteriormente, chegam à segunda metade do campeonato sem nenhum triunfo (em 2015, foram dois na primeira parte), e passaram todo o período de férias buscando o problema que fez com que o desempenho do ano passado não aparecesse. A briga entre as duas escuderias promete continuar de forma mais intensa e ser um grande atrativo para a segunda parte de 2016.

Force India ameaçando a Williams pelo quarto lugar

A Williams vem cada vez mais sendo ameaçada pela Force India (Foto: Dan Istitene/Getty Images)
A Williams vem cada vez mais sendo ameaçada pela Force India (Foto: Dan Istitene/Getty Images)

A Williams é, desde 2014, a terceira força do grid da F1. Começou a temporada com grandes expectativas, de tentar superar até mesmo a Ferrari e buscar ser a segunda força da categoria. Porém, em vez de se aproximar dos rivais, a equipe de Valtteri Bottas e Felipe Massa começa a olhar no retrovisor e enxergar uma ameaça real: a Force India.

Contrastando com uma piora significativa de desempenho da rival, a equipe indiana fez uma excepcional primeira metade de temporada, superando várias expectativas. O grande destaque do time é o mexicano Sergio Pérez, que conseguiu os dois pódios da Force India no ano (terceiro em Mônaco e na Europa), contra um da Williams (terceiro lugar de Bottas no Canadá). Com isso, a distância vem se encurtando cada vez mais: na tabela atual, a Williams é a quarta colocada entre os construtores, com 96 pontos, contra 81 da Force India, que vem logo atrás. E a tendência é que, a princípio, isso possa diminuir, já que a equipe de Pérez e de Nico Hülkenberg possui tradição de carros que funcionam bem em pistas de baixa pressão aerodinâmica, casos das duas próximas corridas (Bélgica e Itália).

Especialmente com Sergio Pérez, a Force India é uma surpresa positiva no ano (Foto: Dan Istitene/Getty Images)
Especialmente com Sergio Pérez, a Force India é uma surpresa positiva no ano (Foto: Dan Istitene/Getty Images)

A Williams também detém um bólido que normalmente funciona melhor nessas condições, mas nem assim vem conseguindo desempenhos satisfatórios, o que fez os engenheiros e mecânicos da equipe inglesa quebrarem a cabeça durante as férias em Grove para ver o que está errado. Se isso dará resultado ou não, veremos nos próximos capítulos.

Daniil Kvyat em busca da redenção

A fase do russo está longe de ser minimamente boa (Foto: Alex Caparros/Getty Images)
A fase do russo está longe de ser minimamente boa (Foto: Alex Caparros/Getty Images)

O russo Daniil Kvyat está em um inferno astral do tamanho de seu país na temporada de 2016. Curiosamente, ele começou de forma bastante positiva na Red Bull, conseguindo inclusive seu primeiro pódio no ano, com o terceiro lugar no GP da China. Porém, o que se viu após esse momento de glória foi uma queda brutal em sua carreira.

Na corrida seguinte, o GP da Rússia, na frente de sua torcida, Kvyat bateu duas vezes na Ferrari de Sebastian Vettel ainda durante a largada, e tirou o alemão da prova na segunda curva, o deixando furioso. A atitude, que foi criticada por toda a comunidade da Fórmula 1, provocou uma decisão drástica da Red Bull: trocá-lo de forma imediata com Max Verstappen, que corria pela Toro Rosso, equipe base da Red Bull, de onde Kvyat saiu em 2014. Enquanto Verstappen já chegou logo de cara vencendo e se estabeleceu como um dos principais pilotos do certame atual, Kvyat vem enfrentando cada vez mais problemas, com vários incidentes em treinos ou corridas e um desempenho abaixo do ideal.

O pódio na China, ainda pela Red Bull, foi o último bom momento de Kvyat no ano (Foto: Dan Istitene/Getty Images)
O pódio na China, ainda pela Red Bull, foi o último bom momento de Kvyat no ano (Foto: Dan Istitene/Getty Images)

Porém, a própria percepção do piloto de 22 anos sobre o futuro tem mudado. Após a troca, ele dizia abertamente que havia perdido a empolgação e a vontade anterior que tinha de continuar correndo na F1. Depois, passou a afirmar que aprendeu bastante com o ocorrido, e chegou a dizer que seria uma opção “fantástica” poder continuar na Toro Rosso, que já sinalizou que o futuro dele ainda não está definido. Agora, Daniil espera colocar a cabeça no lugar, imprimir um bom desempenho nas nove corridas finais e ainda manter as esperanças de ter um carro no próximo ano.

O mercado de pilotos para 2017

Jenson Button é um dos principais nomes envolvidos em tantos rumores de troca de equipes (Foto: Charles Coates/Getty Images)
Jenson Button é um dos principais nomes envolvidos em tantos rumores de troca de equipes (Foto: Charles Coates/Getty Images)

E não é só o Kvyat que tem o futuro indefinido. A silly season (expressão usada para classificar o período de especulações dos pilotos) ataca com força total em 2016, com muitos rumores de várias trocas para a próxima temporada - essa é talvez a variável mais imprevisível para a segunda metade do ano. Uma dessas trocas já aconteceu: Esteban Ocon assume, a partir do GP da Bélgica, o lugar de Rio Haryanto na Manor.

Nas outras equipes, as especulações não param. Pilotos como Felipe Massa, Jenson Button e Sergio Pérez, por exemplo, seja por fim de contrato ou por bons desempenhos na atual temporada, estão extremamente valorizados e com chances de trocarem de assentos no próximo ano. Os brasileiros estão envolvidos em vários rumores: enquanto Massa parece estar cada vez mais longe de continuar na Williams e é bastante ventilado na Renault, para possivelmente substituir Jolyon Palmer, Felipe Nasr ainda não sabe se permanecerá na Sauber. As chances eram muito grandes de saída até a equipe suíça ser comprada por um grupo de investimentos do país, o que renovou as chances de sobrevivência do time e da permanência de Nasr, que carrega consigo um grande e importante patrocínio do Banco do Brasil.

Das onze equipes do mundial, apenas três (Mercedes, Red Bull e Ferrari) possuem duplas confirmadas para 2017. Nas outras escuderias, apenas Fernando Alonso está confirmado como piloto da McLaren, enquanto todos os outros ainda estão com o futuro incerto. Com certeza, a silly season ainda trará muitas novidades e surpresas para os fãs do automobilismo até o fim do ano.

Esteban Ocon, uma das novidades para a segunda metade da temporada; o francês é o novo piloto da Manor (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Esteban Ocon, uma das novidades para a segunda metade da temporada; o francês é o novo piloto da Manor (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Esses são apenas alguns dos atrativos que certamente irão aquecer a Fórmula 1 a partir de agora, com a segunda metade da temporada chegando. Agora é gora de sentar na frente da TV e apreciar a volta do show de máquinas e pilotos da principal categoria do automobilismo mundial. Apertem o cintos e vamos à pista!