Felipe Fraga é o mais novo milionário da Stock Car. Ele se junta a Thiago Camilo (2011, 2012 e 2015), Ricardo Maurício (2010), Ricardo Zonta (2013), a Rubens Barrichello (2014) e a Valdeno Brito (2008) como vencedor da Corrida do Milhão. O tocantinense da Cimed Racing teve a companhia de Barrichello, segundo, e Brito, terceiro, no pódio da sétima etapa, realizada na manhã deste domingo (11) em São Paulo, no Autódromo de Interlagos.

Com arquibancadas cheias, a expectativa era de uma corrida extremamente movimentada. O que acabou confirmado. Rubens Barrichello, largando da pole position, esperava repetir o feito de 2014, quando saiu na frente e faturou a corrida. No entanto, ele não contava com a estratégia do oponente de 20 anos.

Na quarta volta da prova Fraga, que largada da quarta posição e havia se beneficiado com os abandonos de Ricardo Maurício (segundo no grid) e Marcos Gomes (terceiro) - ambos se tocaram ainda na primeira volta, causando a exclusão do piloto da Eurofarma pelos comissários desportivos -, ultrapassou Rubens Barrichello na Curva do Lago. O campeão de 2014 ainda resistiu conseguindo passar de novo, mas era do piloto da Cimed a preferência para a curva seguinte, no Laranjinha.

"A equipe passou a noite pensando na melhor estratégia para o uso do push to pass. Feito isso, usei o push no Laranjinha, onde não se ganhava nada, mas na volta seguinte eu conseguia usar na reta, já que não dava para acionar, na mesma volta, o botão na reta dos boxes e na oposta", explicou Fraga. "Fiz isso, o Barrichello caiu na nossa armadilha e consegui a ultrapassagem. Depois ele até usou a mesma artimanha, mas não conseguiu me passar", lembrou.

O botão de ultrapassagem tinha um funcionamento diferenciado na Corrida do Milhão. Os intervalos entre os acionamentos eram de 60 segundos, com um delay de 12 entre apertar o botão e o funcionamento do sistema, que entregava potência extra durante 45 segundos.

Dali em diante, Fraga manteve o controle sobre a situação, administrando a vantagem sobre o piloto da Medley-Full Time, que variava entre 0s6 e 1s2. Barrichello tentou investir no final, mas o líder do campeonato não permitiu a tentativa derradeira. "No começo da prova eu não quis brigar, porque a gente viu que o (Júlio) Campos e o (Ricardo) Zonta estavam chegando, então não adiantava. Tínhamos que criar um espaço para depois atacar na frente. Por um certo tempo eu achei que não ia ter jeito de pega-lo, mas fui ali economizando, comendo pelas beiradas - guiando agressivo, ao limite, mas deixando os pneus intactos. Faltando cinco voltas, quando cheguei no Fraga, já estava tudo no limite - tanto para mim como para ele. O Felipe tinha um ‘tequinho’ mais de reta, e quanto eu usei o push eu só consegui colocar de lado, bloqueei as rodas querendo entrar e surpreender. Mas ele guiou direitinho, como um campeão que merece o milhão", elogiou. 

Felipe Fraga lembrou que mesmo depois da bandeirada ele ainda não acreditava no que havia acabado de fazer. "Ainda não caiu a ficha. Essa corrida é muito legal, é especial. Quando cruzei a linha de chegada eu já vinha no rádio desde a chicane do Café falando para a equipe que eu ainda não acreditava que isso estava acontecendo na minha vida. Ganhar a corrida, um milhão de reais, toda a exposição que essa prova traz, tanta gente que assiste, e abrir ainda mais no campeonato. Estou muito feliz", concluiu.

Fraga abriu de 21 para 33 pontos a sua vantagem na liderança. Mais do que isso, viu seu companheiro de equipe e adversário na disputa, Marcos Gomes, sair da corrida sem nenhum ponto. Assim, o atual campeão caiu do segundo para o sexto lugar. Max Wilson, quarto colocado na corrida, é o novo vice-líder, tendo Rubens Barrichello em terceiro, Valdeno Brito em quarto e Allam Khodair em quinto.


Primeiro vencedor da história da Corrida do Milhão, Valdeno Brito também foi um dos destaques da prova. Largando da 11ª posição, o piloto da TMG Racing foi ganhando postos - alguns na marra - para cruzar a linha de chegada em terceiro, formando um pódio composto somente por vencedores da etapa milionária. "Foi, literalmente, uma conquista suada. Durante todo o fim de semana eu tive um carro um pouco dianteiro, mas que isso para a corrida poderia acabar em vantagem, já que os pneus traseiros se desgastam mais. Eu e a equipe conversamos muito, e acertamos na veia com o carro. Uma largada e um ritmo muito bom a corrida inteira, o que ajudou a chegar neste terceiro lugar. Então sem dúvida é um pódio com gosto de vitória", disse o paraibano.

Diego Nunes, Júlio Campos, Daniel Serra, Gabriel Casagrande e Vitor Genz fecharam os dez primeiros da Corrida do Milhão. A Stock Car volta a se reunir dentro de suas semanas, no dia 25 de setembro, para a oitava etapa, retomando o sistema de rodada dupla que marca o retorno da principal categoria do automobilismo brasileiro ao Autódromo Ayrton Senna em Londrina (PR).

Felipe Lapenna e Raphael Abbate terminam entre os 10 primeiros

Hot Car entre os Top 10. (Foto: FGCOM)
Hot Car entre os Top 10. (Foto: FGCOM)

Na equipe Hot Car Competições (Bardahl), Felipe Lapenna e Raphael Abbate também conseguiram marcar bons pontos e terminaram em 11º e 12º, respectivamente. Os dois contaram mais uma vez com a torcida ilustre do medalhista olímpico Arthur Zanetti (ouro em Londres 2012 e prata no Rio 2016), que assistiu à prova dos boxes da equipe e deu a bandeirada ao final da corrida. Ele já havia acompanhado os treinos no sábado (10) e adorou a experiência.

Lapenna, que largou em 22º, ficou feliz com a conquista de 11 posições durante a prova. "Não estamos acertando na tomada de tempos, mas sabemos que nosso carro para a corrida sempre tem um ritmo legal. Eu procurei fazer uma largada agressiva, e fugir dos incidentes das primeiras voltas. Depois a corrida começou a entrar em um ritmo normal. Meu carro estava bom e entre o décimo e 15º estava todo mundo no mesmo ritmo. Comecei a pensar a fazer o uso corretamente dos pushes (botão de ultrapassagem). E fui pra cima. No final, fiz uma disputa muito limpa com o Vitor Genz. Uma volta ele me trancou, depois ficamos lado a lado no Laranjinha e, na última volta, nós cruzamos praticamente juntos. Quase deu para chegar entre os dez. O Abbate também foi bem, chegou em 12º e conquistamos juntos 25 pontos para a equipe, o que é muito bom", analisou o paulista do Stock #110.

Abbate também deixou a pista satisfeito e ressaltou o trabalho em equipe com Lapenna. "A largada foi bastante intensa. Cheguei até a ficar em último, mas consegui me posicionar bem no miolo e passei vários carros ainda na primeira volta. Depois vim administrando e funcionou muito bem o trabalho de equipe. Eu e o Felipe viemos nos ajudando, dando vácuo, puxando. No final deu certo. Foi um ótimo resultado para a equipe somar vários pontos para o campeonato e trazer os carros inteiros. Estou muito feliz", comemorou o piloto do Stock #26.

O paulista de 24 anos também comentou sobre o sucesso do envelopamento dos carros em dourado para a Corrida do Milhão, feito pela Avery Dennison. "Acho que o carro deu sorte, apareceu bastante, todo mundo gostou. Quem sabe não mantemos para o resto da temporada", declarou Abbate.

Lapenna também concordou. "O carro ficou maravilhoso, não teve uma pessoa que veio falar comigo que não comentasse, que não elogiasse. O carro dourado é uma novidade e por isso causa esse impacto. O carro ficou lindo, mas o amarelo também é bonito. Vamos ver como vão decidir", concluiu.

Amadeu Rodrigues, chefe da equipe, também avaliou de forma positiva a performance do time na Corrida do Milhão. "Foi uma corrida bastante disputada. Pela posição de largada, até recuperamos várias colocações, mas por ser uma corrida mais curta, não deu pra vir mais pra frente e brigar entre os ponteiros", avaliou.

O comandante da Hot Car também elogiou o carro envelopado, não só pela sua beleza. "O carro envelopado se mostrou até mais prático. Depois da corrida, vi que estragou bem menos a parte da frente. Vamos estudar pra ver se conseguimos manter até o final da temporada", finalizou.

Cavaleiro Sports tem dia difícil na Corrida do Milhão, mas segue pontuando

Popó Bueno não completou a prova  (Vanderley Soares)
Popó Bueno não completou a prova (Vanderley Soares)

Na Cavaleiro, Sérgio Jimenez tinha tudo para estar entre os 10 primeiros, mas foi obrigado a abandonar com uma quebra, provavelmente em virtude da batida sofrida no sábado (10) no treino classificatório. Mesmo assim, ficou em 19º e marcou pontos. Já Popó Bueno estava fora da zona de pontos e preferiu poupar o carro, após o alarme de temperatura ser acionado.

Jimenez, que largou em 17º, estava esperançoso. "Tínhamos chances de terminar entre os 10 primeiros. Apesar de tudo, da batida de ontem, terminar em décimo seria uma vitória. Claro que não é o que a gente quer, mas numa corrida única e sem safety car, não seria tão ruim. Pena que faltando duas voltas o carro quebrou. Agora é fazer o trabalho na oficina e tentar buscar melhores resultados nas próximas", lamentou o piloto que está em 16º lugar na classificação e tem quatro Top-10 em 2016.

O chefe do time, Beto Cavaleiro, avaliou os resultados da sua dupla. "Faltando 10 voltas para o final, o carro do Popó começou a dar alarme de temperatura, então preferimos poupar o carro e ele recolheu. No carro do Jimenez, a equipe trabalhou duro para consertar a batida de ontem e ele ficou perfeito. Mas, na última volta, uma fadiga em virtude da batida causou a quebra da homocinética. Uma pena. Mas o importante é que os carros estão inteiros e vamos pra Londrina sem muito trabalho, só precisando fazer os ajustes finos para deixar tudo Ok", completou.



CORRIDA DO MILHÃO - Resultado*:
1-) 88 Felipe Fraga (Cimed Racing) - 28 voltas em 47min16s057 (média de 153,3 km/h)
2-) 111 Rubens Barrichello (Full Time Sports) - 0s411
3-) 77 Valdeno Brito (TMG Racing) - 5s180
4-) 65 Max Wilson (Eurofarma RC) Racing) - 24s367
5-) 18 Allam Khodair (Full Time Sports) - 11s732
6-) 70 Diego Nunes (União Química Racing) - 14s078
7-) 4 Julio Campos (C2 Axalta Racing) - 18s585
8-) 29 Daniel Serra (Red Bull Racing) - 22s508
9-) 83 Gabriel Casagrande (C2 Axalta g Team) - 38s496
10-) 46 Vitor Genz (Eisenbahn Racing Team) - 10s972
11-) 110 Felipe Lapenna (Hot Car Competições) - 38s542
12-) 26 Raphael Abbate (Hot Car Competições) - 43s129
13-) 3 Bia Figueiredo (União Química Racing) - 44s248
14-) 28 Galid Osman (Ipiranga-RCM) - 50s220
15-) 56 Danilo Dirani (RZ Motorsport) - 51s136
16-) 63 Nestor Girolami (Eisenbahn Racing Team) - 53s831
17-) 21 Thiago Camilo (Ipiranga-RCM) - a 1 volta
18-) 0 Cacá Bueno (Red Bull Racing) - a 2 voltas
19-) 73 Sergio Jimenez (Cavaleiro Sports) - a 2 voltas
20-) 51 Átila Abreu (Shell Racing) - a 2 voltas
21-) 11 Cesar Ramos (RZ Motorsport) - a 5 voltas
22-) 10 Ricardo Zonta (Shell Racing) - a 6 voltas
23-) 74 Popó Bueno (Cavaleiro Sports) - a 6 voltas
NÃO COMPLETARAM
24-) 8 Rafael Suzuki (Vogel Motorsport) - a 16 voltas
25-) 9 Guga Lima (TMG Racing) - a 24 voltas
26-) 12 Lucas Foresti (Full Time-ProGP) - a 24 voltas
27-) 5 Denis Navarro (Vogel Motorsport) - a 25 voltas
28-) 80 Marcos Gomes (Cimed Racing) - a 27 voltas
29-) 90 Ricardo Mauricio (Eurofarma RC) - excluído
MELHOR VOLTA: Julio Campos, 1min40s066 (155,2 km/h)
*Resultados sujeitos a verificações técnicas e desportivas

CLASSIFICAÇÃO DO CAMPEONATO APÓS 7 ETAPAS:
1-) Felipe Fraga - 163 pontos
2-) Max Wilson - 130
3-) Rubens Barrichello - 124
4-) Valdeno Brito - 122
5-) Daniel Serra - 117
6-) Marcos Gomes - 112
7-) Diego Nunes - 108
8-) Cacá Bueno - 105
9-) Vitor Genz - 98
10-) Allam Khodair - 92
11-) Ricardo Zonta - 88
12-) Átila Abreu - 86
13-) Ricardo Maurício - 81
14-) Julio Campos - 72
15-) Galid Osman - 70
16-) Sérgio Jimenez - 68
17-) Thiago Camilo - 64
18-) Gabriel Casagrande - 61
19-) Rafael Suzuki - 61
20-) Felipe Guimarães - 51
21-) Denis Navarro - 48
22-) Guga Lima - 42
23-) Bia Figueiredo - 41
24-) Felipe Lapenna - 36 
25-) Raphael Abbate - 35
26-) Lucas Foresti - 34
27-) Popó Bueno - 34
28-) Nestor Girolami - 26 
29-) Danilo Dirani - 19
30-) Luciano Burti - 11
31-) Fábio Carbone - 2
32-) Alceu Feldmann - 0
33-) Cezar Ramos - 0
34-) Thiago Marques - 0
35-) Beto Cavaleiro - 0