Em setembro de 2016, foi confirmada a venda da Fórmula 1 para o grupo americano Liberty Media. Quatro meses depois, em janeiro deste ano, a transação foi concretizada e a categoria passou a ter um novo dono: Chase Carey substituiu o então 'chefão' Bernie Ecclestone, que comandou o certame por mais de quatro décadas. Mesmo com pouco tempo em um cargo tão importante, este último não demorou para identificar problemas e fazer críticas à gestão de seu antecessor.

Em entrevista à Press Association nesta quinta-feira (4), Carey afirmou que a F1 poderia ter explorado ainda mais o seu potencial de crescimento nos últimos anos, mas não o fez por um único motivo: uma gestão ruim de Ecclestone. O americano não escondeu que o britânico merece ser reconhecido por transformar o esporte em algo gigante, mas ressaltou que era necessário fazer mais no presente.

Qual o sentido de apresentar algo se a resposta para tudo é ‘não’? Isso só gera frustração. Há uma série de coisas que não foram feitas e precisam acontecer. Sentimos que o esporte não foi gerenciado em todo o seu potencial para aproveitar as oportunidades nos últimos anos. Todos cometemos erros, ninguém é perfeito. Bernie assumiu o negócio há algumas décadas e o vendeu por 8 bilhões de dólares. Merece todo o crédito pelo que fez, mas no mundo atual você precisa promover e rentabilizar o esporte. Isso não vem sendo feito”, afirmou Carey.

Junto com Carey (esq.), Ecclestone (dir.) foi convidado pelo presidente russo, Vladmir Putin (centro), a estar no último GP da Rússia (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Junto com Carey (esq.), Ecclestone (dir.) foi convidado pelo presidente russo, Vladmir Putin (centro), a estar no último GP da Rússia (Foto: Clive Mason/Getty Images)

O novo CEO da Fórmula 1 criticou também a visão de planos a curto prazo de Ecclestone, destacando que a atual gestão busca sempre soluções a longo prazo para os problemas da categoria. Por fim, ao trazer como exemplo a mudança recente nos motores (dos V8 aspirado para os V6 turbo), o americano afirmou que é necessário tomar cuidado na hora de decidir novos aspectos do esporte, e não apenas jogar ideias para a mídia em busca de repercussão.

Passaram-se três meses de gestão, e já temos claro que uma das coisas que não ajudam o esporte é o foco em soluções a curto prazo. Nós nos preocupamos mais com o que será da F1 daqui a três anos do que daqui a três meses. Bernie sempre focava no curto prazo, mas o nosso foco é a longo prazo”, destacou.

Algumas decisões tomadas precisavam de um processo mais cuidadoso. O motor atual, por exemplo, se tornou bem complicado e caro, perdendo até parte do som característico do esporte. Faremos coisas, e algumas levarão tempo – você não verá um novo motor em dois meses, se você tenta fazer isso é mais prejudicial, não traz benefícios. Queremos garantir que temos as ferramentas necessárias para gerir o negócio, em vez de só jogar ideias por aí e montar histórias para a mídia”, complementou Chase.

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Sobre o autor
Eduardo Costa
Fã de quase todos os esportes, e sofrendo com todos os seus times neles. Dissertando um pouco sobre Fórmula 1, futebol inglês e futebol alemão.