Uma das maiores críticas na atual Fórmula 1 é quanto à distribuição do dinheiro. Considerada extremamente desigual, ela premia as principais equipes com cifras altíssimas enquanto as menores sofrem para manterem uma estrutura razoável na categoria. E o Liberty Media, grupo dos novos donos da categoria, já ressaltou que deseja mudar esse cenário após o fim do Pacto de Concórdia em 2020.

A decisão é apoiada por grande parte dos donos de equipes médias e pequenas, que veem na atitude uma possibilidade de melhorarem suas condições na categoria. Mas mesmo fora da condição de escuderias dominantes, nem todos estão 100% de acordo. Nesta terça-feira (30), Gene Haas, dono da Haas, afirmou que entende o objetivo da mudança que o Liberty quer promover, mas defende que os times maiores devam receber melhores verbas. Para o americano, a F1 não pode pender para uma “estrutura socialista”.

Eu entendo que os novos donos irão fazer o que novos donos fazem, sair para aumentar os lucros e cortar custos. E isso é exatamente o que eles farão, e como nós estamos no lado dos custos, o que eles têm em mente é um pouco perturbador. Por outro lado, a F1 é uma espécie de joia da coroa, então talvez eles irão andar levemente e tudo irá funcionar”, disse Haas.

Como somos recém-chegados nesse negócio, nosso fluxo de receitas na Fórmula 1 é nada, então tudo o que conseguirmos será muito bem apreciado. Mas eu acho que precisamos ser muito cuidadosos em como redistribuir as verbas porque algumas equipes no topo estão há 50 anos fazendo isso, então elas conseguiram algum direito em ver como esses custos são divididos. Não estou dizendo que os times menores não merecem mais, mas digo que os times de cima merecem mais. Você não pode simplesmente redistribuir de forma arbitrária porque, sinceramente, vencer corridas deve gerar recompensas, e não pode ser um tipo de estrutura socialista”, acrescentou o chefe da equipe que está na F1 desde 2016.

A Haas é oitava colocada no atual campeonato de construtores (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
A Haas é a oitava colocada no atual campeonato de construtores (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Haas complementou falando que hoje em dia é muito mais difícil de conseguir grandes patrocinadores que possam suprir as necessidades das equipes. Ele utilizou o exemplo da NASCAR, onde é co-proprietário da Stewart-Haas Racing ao lado do tricampeão da divisão principal da categoria, Tony Stewart.

Os donos de equipe normalmente estão nos menores níveis do fluxo de renda e sofrem – com a audiência diminuindo, os patrocinadores também diminuem. Está sendo muito difícil na NASCAR, e acho até certo ponto que as equipes que dependem de patrocínio estão percebendo que é muito difícil achar um grande patrocinador. Um patrocinador de US$ 25 milhões é algo muito grande. Hoje isso é praticamente inexistente. A maioria dos patrocinadores, pelo menos até onde eu sei na NASCAR, estão na casa dos US$ 5 a 10 milhões, e você tem que conseguir múltiplos patrocinadores em seus carros para diferentes corridas”, afirmou.

Há uma certa adaptação a isso, mas ao mesmo tempo há uma grande demanda da mídia, então a forma como esse dinheiro é redistribuído parece ser a questão. Mas infelizmente as equipes não possuem uma posição realmente forte para falar sobre isso, porque nós não mandamos na Fórmula 1”, complementou Haas.

A Haas foi a oitava colocada do seu campeonato de estreia, em 2016, e em 2017 também é a oitava entre os construtores, com 14 pontos – nove do francês Romain Grosjean e cinco do dinamarquês Kevin Magnussen.