A temporada não poderia ter começado melhor para Sebastian Vettel. Depois de vencer a abertura da temporada de 2018 da Fórmula 1, na Austrália, o alemão levou neste domingo (8) o Grande Prêmio do Bahrein, em Sakhir. Com isso, o piloto da Ferrari agora tem duas vitórias em duas corridas no ano e anima os torcedores em busca de uma disputa pelo título neste ano.

Mas quem pensa que a vitória dele, na sua 200ª corrida, foi fácil, se engana. O alemão fez apenas uma parada, segurou os pneus macios por muito tempo e teve uma belíssima briga com Valtteri Bottas no final. O finlandês da Mercedes colou no rival e por muito pouco não conseguiu a ultrapassagem, chegando até a última volta muito próximo, mas teve que se contentar com o segundo lugar em um final que travou a respiração dos fãs.

Bottas (fundo) tentou até o fim, mas Vettel (frente) segurou a vitória (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Bottas (fundo) tentou até o fim, mas Vettel (frente) segurou a vitória (Foto: Clive Mason/Getty Images)

Logo atrás veio Lewis Hamilton. Após ter trocado o câmbio, perdido cinco posições e largado em nono, o inglês da Mercedes fez uma bela corrida de recuperação e chegou no pódio, em terceiro. Ele, assim como Bottas, colocou os pneus macios no meio da corrida e tentou ir até o final atacando Vettel, mas estava muito longe e não conseguiu a aproximação.

Em quarto veio um dos destaques da corrida: o francês Pierre Gasly, da Toro Rosso, que fez uma grande prova e se aproveitou dos abandonos de pilotos da frente (as Red Bulls de Daniel Ricciardo e Max Verstappen e a Ferrari de Kimi Räikkönen deixaram a corrida mais cedo) para conseguir um resultado gigante. Em quinto veio outra grata surpresa: Kevin Magnussen. O dinamarquês da Haas superou as dificuldades que a equipe teve na primeira corrida e conseguiu um belíssimo top-5.

O alemão Nico Hülkenberg, com a Renault, e o espanhol Fernando Alonso, da McLaren, vieram logo atrás (este último largou em 14º e conseguiu se recuperar muito bem). Em seguida veio a outra McLaren, do belga Stoffel Vandoorne, em oitavo. O sueco Marcus Ericsson foi outro que se superou, conseguindo um incrível nono lugar com a Sauber. E Esteban Ocon, da Force India, fechou o grupo dos pontuáveis em 10º.

A corrida também teve um momento triste: na 36ª volta, durante uma de suas paradas, Kimi Räikkönen foi liberado antes da troca ser completa pela Ferrari e passou por cima da perna de um mecânico com o pneu traseiro esquerdo. O mecânico sofreu uma fratura exposta e foi levado ao hospital, enquanto o finlandês teve que abandonar a prova.

Gasly (frente) e Magnussen (fundo) foram muito bem e terminaram no top-5 (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Gasly (frente) e Magnussen (fundo) foram muito bem e terminaram no top-5 (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

A corrida

Na largada, Vettel manteve a ponta, enquanto Bottas foi bem e tomou a segunda posição de Räikkönen. Ricciardo e Gasly brigaram diretamente pelo quarto lugar, mas o australiano seguiu na frente do francês. Magnussen era o sexto, Esteban Ocon o sétimo e Hülkenberg o oitavo. Alonso largou bem e pulou para nono, com Hamilton caindo para décimo. Quem também largou bem foi Verstappen, que pulou de 15º para 11º. Mais atrás, na confusão do meio do grid, Sérgio Pérez foi tocado e rodou, caindo para o fim do pelotão com sua Force India.

Mas logo a corrida da Red Bull virou um desastre. Ainda na segunda volta, Ricciardo teve problemas e precisou abandonar. Enquanto isso, mais atrás, Verstappen forçou uma ultrapassagem sobre Hamilton e, quando os dois se tocaram, o pneu traseiro esquerdo do holandês estourou, forçando uma troca do #33, que caiu para o último lugar. Os incidentes provocaram a entrada do safety-car virtual (VSC) para retirada dos detritos e do carro quebrado de Ricciardo.

Verstappen teve um pneu estourado e logo depois abandonou (Foto: Reprodução/F1)
Verstappen teve um pneu estourado e logo depois abandonou (Foto: Reprodução/F1)

E a situação ainda ficou pior: na quinta volta, já com bandeira verde, foi Verstappen quem teve problemas e precisou encostar mais cedo. Com apenas cinco voltas, em três incidentes diferentes, toda a corrida da Red Bull foi completamente comprometida. Quem veio abrindo caminho com força foi Hamilton. O inglês, que era o nono após o VSC, em quatro voltas ultrapassou Alonso, Ocon, Hülkenberg – estes em uma ultrapassagem tripla na curva 1 –, Magnussen e Gasly para já assumir o quarto lugar.

Na frente, Vettel liderava com facilidade. Após dez voltas, o alemão já tinha 2s8 de vantagem para Bottas, que levava 3s0 para Räikkönen e 11s para o companheiro Hamilton – este último era o mais rápido dos quatro. Mais atrás, a primeira punição do dia veio para Brendon Hartley, da Toro Rosso, que recebeu 10s adicionais em seu tempo de prova.

Com Sergio Pérez, Stoffel Vandoorne e Lance Stroll, as paradas começaram já a partir da décima volta. Os primeiros pilotos do top-10 a pararem foram Hülkenberg, Alonso (que arriscou colocando os pneus médios), Ocon e Sainz. Na volta 18, o líder Vettel foi quem entrou nos pits para colocar os pneus macios. Um giro depois, foi a vez de Räikkönen seguir o mesmo processo com a outra Ferrari.

Hamilton tentou a recuperação após largar em nono, mas chegou em terceiro (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Hamilton tentou a recuperação após largar em nono, mas chegou em terceiro (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Na volta 20, Bottas também decidiu arriscar na estratégia e parou colocando os pneus médios, para tentar ir até o fim sem mais parar. O finlandês aproveitou e surpreendeu com os novos compostos, começando a fazer as voltas mais rápidas da pista. A Mercedes decidiu segurar Hamilton mais tempo na pista e logo Vettel chegou, fazendo a ultrapassagem para retomar a ponta no início da 26ª volta. A equipe alemã, com isso, decidiu repetir a estratégia bem-sucedida de Bottas e colocou os pneus médios em Hamilton na volta 27, também pensando em ir até o fim.

Durante algumas voltas, Hamilton continuou sendo o mais rápido da pista e ia se aproximando cada vez mais dos líderes. O objetivo da estratégia era superar Räikkönen e Bottas na pista, para então tentar ultrapassar Vettel quando o alemão fosse aos boxes. Na volta 36, Räikkönen foi chamado pela Ferrari para ter sua parada adiantada, mas não esperava por um incidente feio: o finlandês foi liberado antes da troca ser completa e acabou acertando a perna de um dos mecânicos, que estava na frente da roda. O mecânico sofreu uma fratura exposta na perna e foi levado ao hospital, enquanto Räikkönen foi ordenado imediatamente a parar o carro após a saída e teve que abandonar a disputa.

Em incidente nos boxes, Räikkönen abandonou e um mecânico da Ferrari quebrou a perna (Foto: Reprodução/F1)
Em incidente nos boxes, Räikkönen abandonou e um mecânico da Ferrari quebrou a perna (Foto: Reprodução/F1)

A corrida seguiu normalmente, e a briga pela estratégia envolvia diretamente o líder Vettel e o terceiro colocado Hamilton. O inglês conseguia tirar parte da diferença (com dez voltas para o fim, ela chegou à casa dos 16s), mas ainda assim estava longe da ponta, enquanto a Ferrari tentava manter Vettel na pista até o fim com os pneus macios da primeira parada, que se desgastavam cada vez mais.

Nas últimas voltas, enquanto Vettel seguia com os pneus macios completamente gastos e Hamilton continuava longe com os médios, o vice-líder Bottas ameaçou tirar a diferença e tentou chegar para a vitória. Nas últimas dez voltas, o finlandês – também de médios – andava bem mais rápido colou de vez Vettel com três voltas para o fim, apimentando de vez a disputa pela liderança no Bahrein.

Os dois duelaram de forma ferrenha e Bottas chegou a tentar a ultrapassagem na última volta, mas Vettel, praticamente sem pneus, segurou de maneia magistral e venceu a corrida. Foi a 49ª vitória de Vettel na carreira, quarta no Bahrein (agora maior vencedor da história da pista) e segunda no ano, chegando agora a 50 pontos de 50 possíveis em 2018.

Sob os fogos em Sakhir, Vettel comemorou muito o triunfo (Foto: Reprodução/F1)
Sob os fogos em Sakhir, Vettel comemorou muito o triunfo (Foto: Reprodução/F1)