Quem acordou na madrugada brasileira deste domingo (15) para ver o Grande Prêmio da China, terceira etapa da temporada de 2018 da Fórmula 1, não se arrependeu. Foi uma grande corrida em Shanghai, cheia de ultrapassagens, disputas de estratégias e emoção até as últimas voltas. E a vitória foi de um piloto inesperado: Daniel Ricciardo ganhou pela primeira vez no ano. O australiano da Red Bull largou em sexto, mas se aproveitou da ótima estratégia da sua equipe após um safety-car, voou na pista e conquistou a sexta vitória da carreira.

A dupla finlandesa veio logo em seguida no pódio. Em segundo lugar ficou Valtteri Bottas, da Mercedes, enquanto Kimi Räikkönen chegou em terceiro com a Ferrari. Bottas liderou a prova após tomar a posição nas primeiras paradas, mas não conseguiu segurar a pressão de Ricciardo e teve que se contentar – assim como no Bahrein – com o segundo lugar. Já Räikkönen acabou perdendo muito tempo após ter uma estratégia prejudicada na primeira parada, mas se recuperou e fechou o pódio.

Assim como no Bahrein, Bottas acabou ficando com o 2º lugar no fim (Foto: Lars Baron/Getty Images)
Assim como no Bahrein, Bottas acabou ficando com o 2º lugar no fim (Foto: Lars Baron/Getty Images)

A corrida mudou de vez quando um acidente entre Pierre Gasly e Brendon Hartley, companheiros de Toro Rosso, bateram na 31ª volta e trouxeram o safety-car. Com isso, a Red Bull colocou rapidamente os pneus macios em seus dois pilotos, que voaram na pista. Mas enquanto Ricciardo venceu, Max Verstappen causou um acidente com Sebastian Vettel na 43ª volta, prejudicando o rival e sendo foi punido com 10s em seu tempo de corrida. Com isso, o holandês caiu de quarto para sexto na classificação final.

Assim, o quarto foi Lewis Hamilton (o inglês não fez uma corrida excepcional e não conseguiu fazer sua Mercedes render como normalmente, sem brigar pela vitória) e o quinto foi Nico Hülkenberg, em uma grande prova com a Renault. Depois deles, veio em sétimo o espanhol Fernando Alonso, da McLaren, que fez uma ótima corrida e novamente pontuou bem.

Mas o grande prejudicado da corrida foi Sebastian Vettel. O alemão da Ferrari, que largou na pole-position, perdeu a liderança após as primeiras paradas para Bottas e foi tocado por Verstappen na parte final da prova, rodando e perdendo posições na briga pela vitória. Perdendo ritmo após o acidente, ele foi caindo e chegou em oitavo, ainda quase perdendo o nono lugar para o espanhol Carlos Sainz, com a Renault, na última volta. O décimo colocado foi o dinamarquês Kevin Magnussen, da Haas.

Vettel largou na pole, mas teve uma corrida atribulada e chegou em oitavo (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Vettel largou na pole, mas teve uma corrida atribulada e chegou em oitavo (Foto: Clive Mason/Getty Images)

A corrida

Na largada, Vettel conseguiu manter a ponta, enquanto Bottas largou bem e tomou a segunda posição de Räikkönen. Verstappen foi outro que largou bem e pulou de quinto para terceiro. Räikkönen caiu de segundo para quarto e Hamilton, que largou em quarto, caiu para quinto. Ricciardo, Hülkenberg, Sainz, Romain Grosjean e Magnussen formavam o top-10. Quem ganhou mais posições no grid foi Lance Stroll – o canadense da Williams pulou de 18º para 12º.

Nas voltas iniciais, com todos os seis primeiros usando os pneus macios (exceto a dupla da Red Bull, de ultramacios), Vettel começou a acelerar e abriu mais de 2s na liderança, evitando que Bottas pudesse utilizar a asa traseira móvel (DRS). Uma das polêmicas da corrida veio já na oitava volta: no meio do grid, a Haas ordenou a troca de posições entre os companheiros Magnussen e Grosjean pelo nono lugar, o que gerou muitas reclamações do francês.

Räikkönen teve problemas na estratégia, mas fechou o pódio em terceiro (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Räikkönen teve problemas na estratégia, mas fechou o pódio em terceiro (Foto: Clive Mason/Getty Images)

Na frente, a situação não mudou muito durante o primeiro terço da corrida. Vettel seguia com uma boa vantagem para Bottas, que também trazia um tempo confortável para Verstappen. Räikkönen vinha logo atrás em quarto, enquanto Hamilton tentava pressionar o finlandês e Ricciardo apertava sobre o inglês.

O primeiro pit-stop da corrida foi de Brendon Hartley, que trocou os pneus macios pelos médios da sua Toro Rosso na 11ª volta. A estratégia começou a ser seguida por outros pilotos, e a primeira das principais equipes a parar foi a Red Bull, com a mesma tática: Verstappen e Ricciardo, os únicos do top-6 que largaram de ultramacios, trocaram os pneus roxos pelos médios praticamente ao mesmo tempo na volta 18.

No giro seguinte, Hamilton, que não conseguia sair do quarto lugar, foi chamado para os boxes e trocou os macios pelos médios. Uma volta depois, foi a vez da outra Mercedes seguir a estratégia, com Bottas calçando os médios. Na 21ª volta, o líder Vettel foi chamado pela Ferrari para colocar os médios, e a diferença dessa volta a mais na pista gerou o undercut: o finlandês conseguiu tirar a diferença e ultrapassar quando o alemão voltava dos boxes.

Momento em que Bottas tomou a posição de Vettel nas paradas para assumir a ponta (Foto: Reprodução/F1)
Momento em que Bottas tomou a posição de Vettel nas paradas para assumir a ponta (Foto: Reprodução/F1)

Apenas Räikkönen não havia parado no pelotão principal, mas a Ferrari decidiu manter o #7 na pista por mais tempo. Com isso, Bottas começou a se aproximar, e Vettel também chegava cada vez mais perto da dupla finlandesa. Na 27ª volta, os três já estavam próximos com o DRS, e Bottas colocou a faca nos dentes: forçou por fora nas curvas 1 e 2 para fazer uma belíssima ultrapassagem e assumir a ponta. Vettel veio logo atrás com Räikkönen – que parou na volta seguinte – cedendo a posição, e os dois começaram a disputar a ponta para valer na pista.

Na volta 31, um incidente doméstico mudou a cara da prova: Pierre Gasly tentou ultrapassar o companheiro de Toro Rosso, Brendon Hartley, e os dois bateram na curva 14 após o retão. Nenhum abandonou, mas os destroços que ficaram na curva forçaram a entrada do safety-car (depois, Gasly foi punido com 10s em seu tempo de corrida). Assim que o carro de segurança foi acionado, a Red Bull foi esperta reagiu rapidamente, chamando Verstappen e Ricciardo para os boxes e calçando pneus macios novos em seus dois pilotos.

Acidente entre Hartley e Gasly mudou a prova (Foto: Reprodução/F1)
Acidente entre Hartley e Gasly mudou a prova (Foto: Reprodução/F1)

Na 36ª volta, a corrida recomeçou. Enquanto a disputa por posições no meio do grid entre pilotos como Fernando Alonso, Carlos Sainz, Stoffel Vandoorne, Sergio Pérez, Esteban Ocon e Romain Grosjean pegava fogo, lá na frente Bottas abria vantagem. Um pouco mais atrás, Ricciardo fez valer os novos pneus e tomou a quinta posição de Räikkönen.

Na 39ª volta, Verstappen vinha mais rápido que Hamilton e buscava a ultrapassagem. O holandês foi para cima com tudo, mas acabou forçando por fora na curva 7 e saiu da pista, perdendo a posição para o companheiro Ricciardo. Este último começou a acelerar e, duas voltas depois, contou com a ajuda do DRS para ultrapassar Hamilton e tomar também a terceira posição, gerando festa na Red Bull e preocupação na Mercedes.

O ritmo da Red Bull era claramente mais forte. Na volta 42, Verstappen se recuperou de vez do erro anterior e dessa vez fez o certo, conseguindo ultrapassar Hamilton e assumindo o quarto lugar. Mais na frente, Ricciardo colou de vez em Vettel, usou novamente o DRS e tomou a segunda posição.

Verstappen tentou a ultrapassagem em Vettel, mas bateu e os dois ficaram ao contrário (Foto: Reprodução/F1)
Verstappen tentou a ultrapassagem em Vettel, mas bateu e os dois ficaram ao contrário (Foto: Reprodução/F1)

Era questão de tempo para Verstappen se aproximar de Vettel, mas cometeu um erro ainda maior que o primeiro: o holandês forçou a ultrapassagem na curva 14 e os dois acabaram rodando. Com isso, o jovem da Red Bull caiu para quinto, enquanto o alemão da Ferrari caiu para sétimo. Bottas seguia liderando sobre Ricciardo, e Räikkönen aproveitou a confusão para tomar o terceiro lugar de Hamilton. Depois de Verstappen vinha Hülkenberg, e só depois Vettel em sétimo.

Enquanto um piloto da Red Bull causava um acidente, na volta seguinte o outro assumiu a ponta. Depois de tanto pressionar, Ricciardo foi para cima de Bottas. E mesmo com o finlandês fechando bem a porta, o australiano partiu com tudo na curva 6 e enfim completou a escalada pelo grid, assumindo a liderança. O #3 começou a voar, fazendo voltas mais rápidas e abrindo rapidamente uma grande vantagem.

Verstappen, mais atrás, novamente começou a partir para cima de Hamilton. Mas como a direção de prova aplicou 10s de punição ao tempo de corrida do #33 pelo acidente com Vettel, o tetracampeão não ofereceu resistência e cedeu a ultrapassagem.

Hamilton não foi bem: largou em quarto e chegou em quinto (Foto: Mark Thompson/Getty Images)
Hamilton não foi bem: largou em quarto e chegou em quinto (Foto: Mark Thompson/Getty Images)

Nas últimas cinco voltas, Räikkönen e Verstappen chegaram de vez em Bottas. Os dois buscaram a ultrapassagem, mas o piloto da Mercedes conseguiu manter o segundo lugar. Mais atrás, com o carro prejudicado pela batida com Verstappen, Vettel perdeu ritmo e acabou sendo ultrapassado por Alonso, em uma ultrapassagem arrojada na penúltima volta, caindo para o oitavo lugar. O alemão ainda tomou pressão de Sainz na última volta, mas não perdeu mais posições.

Fim de uma grande vitória na China, com um triunfo sensacional de Daniel Ricciardo. Valtteri Bottas segurou a pressão e foi o segundo, com Kimi Räikkönen em terceiro. Max Verstappen foi o quarto, mas com a punição caiu para sexto, ficando atrás de Lewis Hamilton e Nico Hülkenberg. Fernando Alonso foi o sétimo, Sebastian Vettel o oitavo, Carlos Sainz o nono e Kevin Magnussen o décimo.

Mesmo com o resultado ruim, Vettel mantém a liderança do campeonato com 54 pontos, mas agora com apenas nove de frente para Hamilton, que tem 45. Bottas é o terceiro com 40, Ricciardo é o quarto com 37, e Räikkönen fecha o top-5 do campeonato com 30 pontos. Alonso (22), Hülkenberg (22), Verstappen (18), Gasly (12) e Magnussen (11) completam os dez primeiros da temporada após três corridas. A próxima etapa é o Grande Prêmio do Azerbaijão, nas ruas de Baku, daqui a duas semanas (dia 29 de abril).

Momento em que Ricciardo recebe a bandeirada para vencer na China (Foto: Lars Baron/Getty Images)
Momento em que Ricciardo recebe a bandeirada para vencer na China (Foto: Lars Baron/Getty Images)

A classificação final do Grande Prêmio da China de Fórmula 1 em 2018:

(Foto: Reprodução/F1)
(Foto: Reprodução/F1)