As 24 horas de Le Mans sempre é a prova que, além de ser considerada a melhor do planeta, é mais imprevisível. e quanta imprevisibilidade todos tiveram durante a 85ª edição da prova. Apenas dois LMP1 chegando ao fim, LMP2 quase vencendo no geral e zebras na GTE, tanto GTE-PRO quanto GTE-AM.

De fato, o início da temporada para a Toyota foi excepcional, e todos tinham quase certeza que o jejum da montadora japonesa teria fim nesta edição. Afinal, o TS050 nunca esteve tão perfeito e bem acertado quanto esse ano. Era um êxito que todos esperavam depois da quase vitória em 2016. Já a Porsche, preparou-se exclusivamente para as 24 horas desde o início do ano. Por isso que a preparação do pacote de baixa pressão aerodinâmica começou já mesmo em Silverstone, primeira etapa do WEC, e não em Spa-Francorchamps, a qual é tradicionalmente usada como preparação para Le Mans.

E essa lógica seguiu até as primeiras horas de Le Mans. A Toyota dominava a corrida de forma sólida e tranquila, com o #7, seguido pelo Porsche #1 e pelo outro Toyota, o #8. No entanto, a atmosfera mudou quando o #8 apresentou problema no motor elétrico dianteiro, algo semelhante ao que aconteceu com o Porsche #2 no início da corrida, o qual teve que trocar praticamente todo o eixo dianteiro. Só que, no caso dos japoneses, o prejuízo foi bem maior e, assim, eis o primeiro TS050 fora de combate. e quase uma hora depois os outros dois LMP1 da Toyota abandonaram. O #7 com problemas na embreagem, e o #9 após ser tocado pelo Dallara P217 da Cetilar Villorba Corse.

 Le Mans infelizmente é cruel, sim. Os fortes ou fracos em Sarthe são selecionados ao acaso, por fatores que não estão no controle de ninguém. Prova disso é que o Porsche #1 depois do desastre japonês liderava com 14 voltas de vantagem quando apresentou problemas com pressão do óleo quando andava com ritmo 10 segundos mais lento que o normal, no intuito de poupar o equipamento. E de nada adiantou. O #1 abandonou.

Enquanto isso, um LMP2, mais precisamente o Oreca 07 #38 da Jachie Chan DC Racing liderava a corrida... até o instante em que o Porsche #2, que se recuperava do problema do eixo dianteiro o qual o colocou na 57ª posição. o ultrapassou. Realmente não havia como um LMP2 segurar a força de um LMP1.

Foi assim que a luta pela vitória geral em Le Mans se resumiu. Mas, os resultados em sí nunca terão o mesmo valor, comparado aos fatos acontecidos durante a prova. Le Mans tornou-se muito mais do que um evento. É um mundo mágico movido por velocidade, belos carros, disputas em pista e valores humanos como a superação, respeito. Um foco de energia muito intensa. É uma meditação. É a prova de que o automobilismo pode ser visto com outros olhos. 

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