Paulista, 30 anos, ascendência lituana e um nome complicado que dificilmente alguém não precisará repetir diversas vezes se quiser realmente memorizá-lo. Estas são apenas algumas das facetas de Witold Ramasauskas, o piloto da RM Competições que surpreendeu o mundo da velocidade – e a ele próprio – ao conquistar a vitória na segunda bateria da Copa Truck neste domingo em Tarumã. Se Danilo Dirani, o ganhador da primeira, já é uma figurinha carimbada no automobilismo, inclusive das corridas de caminhões, Witold era desconhecido até por parte dos colegas antes de estrear em Caruaru na abertura da Copa Nordeste.

Witold viveu um sonho em Viamão e preferia nem acordar mais. “Queria que o dia não terminasse mais. Comemorei com a equipe e todos se emocionaram. Muita gente até chorou. Mesmo o Roberval Andrade me disse que torceu por mim quando percebeu que não poderia acompanhar meu ritmo na prova”, afirmou. Depois do jantar com o próprio Roberval e Jaidson Zini, Witold foi para o hotel em Porto Alegre e praticamente dormiu com o troféu conquistado em Tarumã. “Só não o coloquei na cama, mas o deixei bem à minha frente para poder vê-lo”.

Foram centenas de mensagens recebidas pela vitória – Instagram, Watsapp, Facebook -, tanto de amigos como de pessoas que jamais viu na vida. “Fiquei acordado até às 5 da madruga para responder àqueles que me escreveram. Assim, pude atender a todos”, continuou o descendente de bisavó paterno nascido na Lituânia, mas que não guarda qualquer semelhança com os representantes da colônia deste país báltico, concentrada majoritariamente na Vila Zelina, zona leste da capital paulista. “São uns branquelos altos, com quase dois metros. Tudo o que não sou”, brincou.

Oriundo da classe média, Witold se diz um ponto fora da curva numa atividade em que os cifrões quase sempre estiveram atrelados aos seus personagens. Vive do automobilismo com os patrocínios que arrebata, das aulas que ministra na escola de pilotagem mantida por Roberto Manzini, pelo trabalho como “coach” de pilotos e a participação em eventos de montadoras. “Sou exceção à regra. Talvez por isso, também faço palestras para ressaltar a importância da perseverança.”

Sem qualquer relação com as competições no ambiente doméstico, Witold descobriu o automobilismo sozinho. “Comecei vendo a Fórmula 1 e depois me apaixonei pela Stock Car. Era rato de autódromo e adorava o Ingo Hoffmann. Ele é meu grande ídolo até hoje. Cresci o vendo guiar. Fiquei contente quando ele fez uma menção a mim no livro que escreveu. Sempre quis correr na Stock Car, mas depois me encantei com os caminhões. Via o Renato Martins, o Jorge Fleck, o Osvaldo Drugovich... Hoje, mal acredito que estou andando junto com gente como o Roberval”, continuou.

Witold começou no kart, ganhou torneios com motor de quatro tempos, foi duas vezes campeão paulista de marcas e até se aventurou em quatro corridas nos Estados Unidos na Formula & Automobile Racing Association – FARA, onde venceu a etapa de Daytona no ano passado na série de turismo. Agora na Copa Truck, depois de encerrar o jejum de pódios logo com a vitória de Tarumã, espera ir bem mais longe. “Estou me sentindo completamente à vontade com o ambiente, porque todos já me conhecem. Quando cheguei a Caruaru, o David Muffato, o Roberval e alguns outros nem sabiam quem eu era. O Felipe Giaffone só me conhecia de vista pelas corridas de kart na Granja Viana. Mas ainda tenho muito o que aprender. É minha primeira temporada com os trucks e os pilotos com menos experiência já andam há pelo menos dois anos. Ainda bem que a equipe vem me dando grande apoio, o que é fundamental não apenas por minha milhagem ainda pequena como também porque não conheço todas as pistas”, agradeceu.

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Sobre o autor
Fernando Rhenius
Blogueiro nas horas vagas, piloto virtual de final de semana além de ser coordenador de automobilismo do Vavel Brasil!